terça-feira, 29 de março de 2011

Maria, Maria... Estamos vencendo o preconceito?

"É um dom, uma certa magia
Uma força que nos alerta
Uma mulher que merece viver e amar,
Como outra qualquer no planeta..."

("Maria, Maria", de Milton Nascimento)


Sim, o ex vice-presidente José de Alencar acaba de falecer, a situação no Japão continua péssima, finalmente foi dado por Luiz Fux o voto de desempate referente à "Lei da Ficha Limpa", o preço do barril de petróleo está disparando no mercado internacional, e eu estou aqui para falar de quê? Da grande final do BBB 11, claro! Sem o menor receio de parecer fútil, até porque não estou aqui para falar apenas da minha favorita para ganhar o prêmio, mas também para analisar o comportamento do povo brasileiro frente aos personagens desta edição do reality show. Filosofia de boteco? Desculpa para assistir a vida dos outros? Que seja! Pensem e digam o que quiserem, mas o fato é que quem tem capacidade de absorver conhecimento, cultura e valores, pode fazer isso em qualquer ocasião, até mesmo assistindo BBB. 

Primeiramente quero falar sobre como estou feliz com os 3 finalistas do BBB 11, três pessoas completamente diferentes mas de traços muito marcantes.
O fato de que Maria, Daniel e Wesley estão juntos na final, e ainda, têm todos grandes chances de vencerem, deixa-me feliz, pois é um verdadeiro atestado de quanto o pensamento do público tem se modificado. 



Ao lançar o videoclipe de seu mais recente single "Born this way", Lady GaGa afirmou que a canção trata de "o nascimento de uma nova raça dentro da raça humana. O nascimento de uma nova raça sem nenhum preconceito" (fonte: http://www.mtv.com/news/articles/1658332/lady-gaga-born-this-way.jhtml). Possíveis simbolismos, teorias Illuminati e interpretações à parte, vale a pena considerar o que a cantora está tentando dizer: será que estamos prestes a vivenciar uma era em que todos estariam livres para serem o que quiserem, e acima de tudo, estariam livres dos rótulos, preconceitos e julgamentos? A meu ver, se este momento ainda não se aproxima, há grandes evidências de que o caminho já está sendo preparado. 

Maria já divide opiniões logo no que concerne à sua vida pré-BBB: seu trabalho constituía em fazer vídeos pornográficos para a Internet; há até boatos de que era garota de programa. Quanto à sua trajetória dentro do programa, Maria causou polêmica de mesma proporção: engatou um romance com Maurício logo nos primeiros dias, sofreu com sua saída na segunda semana, interessou-se pelo recém-chegado Wesley, depois rastejou por Maurício quando este retornou, chegando a ajoelhar-se e pedir para que volte com ela, depois resolveu esquecê-lo e permitiu-se viver um romance com Wesley, com direito a sexo debaixo do edredom e beijo na frente do ex. Tudo isso sem mencionar que a moça era usuária confessa de anabolizantes, chegou a votar por mais de uma vez no namorado Wesley, chegou a fazer um striptease para Maurício e não tinha vergonha de fazer papel de boba quando não entendia algum assunto ou não sabia falar alguma palavra. 
Mas nada disso foi suficiente para fazer com que o público a odiasse. Nenhum defeito ou deslize de Maria foi suficiente para tirar de foco seu jeito carismático, sincero e meigo. Afinal, prostituta ou não, errada ou não, Maria é uma mulher que merece viver e amar como outra qualquer no planeta, não? 
Tudo isto me faz lembrar de Maria de Magdala, outra mulher, outra Maria, outra "mulher do mundo", que a princípio foi julgada e hostilizada, mas depois provou ter um grande coração, e que isso vem acima das outras coisas...

As várias faces de Maria
Créditos das fotos: Blog De Cara pra Lua

Maria foi ridícula, sincera, irracional, extravagante, tarada, palhaça, amorosa, desinibida, corajosa, brega, engraçada, divertida... Foi tudo que toda mulher sente vontade de ser às vezes, em todos os momentos que queria, sem nunca reprimir-se com base no medo de ser negativamente julgada, seja pelos participantes do jogo, seja pelos telespectadores.

Eu já havia dito aqui no blog que o que fez Maria conquistar minha simpatia foi o fato de ela não ter medo de ser ridícula. Creio que esta é justamente a maior virtude de Maria: sua falta de orgulho. Afinal, que outra mulher teria coragem de humilhar-se para um homem, pedindo-o de volta, em rede nacional, um "fora" após o outro?

Não; enganei-me. O que mais adoro em Maria é o fato de ela ter me colocado de cara com o meu próprio preconceito. Carola e moralista como sou, devo confessar que nos primeiros dias de BBB senti uma terrível aversão por Maria, logo de cara. Mal quis conhecê-la pois julgava que fosse como toda mulher gostosa de BBB: do tipo que gosta de se exibir, que não tem nada para mostrar além do próprio corpo, e que vai se prender ao rótulo "autêntica" para tentar chegar a algum lugar o jogo - sendo que a autenticidade, no caso, seria relativa à falta de vergonha de exibir comportamentos excessivamente sensualizados.

E como me enganei! Não obstante os empregos de Maria serem relacionados ao sexo, Maria foi radicalmente menos "puta" que muitas outras ex-BBBs. Era, sim, sexualmente liberada, não tinha pudores, não tinha vergonha do próprio corpo e de assumir os próprios desejos, mas nunca, em nenhum momento, agiu como uma vadia - ao contrário de outras BBBs que, muito embora não trabalhassem com sexo fora do BBB, agiam sem o menor respeito, sempre esfregando seus traseiros nas caras dos colegas de confinamento. Se há, de fato, alguma "putaria" relacionada a Maria, só diz respeito ao aspecto profissional de sua vida. Se em algum momento foi demasiado permissiva para com seu próprio corpo, foi somente com seus parceiros (Maurício, e depois Wesley). 

Primeiro, Maria se envolve com Maurício e até descarta a possibilidade de viver um novo amor por sua causa.
Após ser destratada por ele, permite-se ser feliz com Wesley.
Como mulher, Maria é ousada, mas também é romântica, carente, uma mulher que quer ser amada. Chorou quando Pedro Bial disse que Maurício tinha mudado após o tempo que passou fora; chorou porque sentiu-se finalmente compreendida, após tantos sermões mal feitos que o rapaz dava a ela. Quem mudou não foi Maria: foi o que Maurício pensava dela. Ela ainda era a mesma mulher: verdadeira, sensível, sempre disposta a seguir seu coração, desprendida de qualquer preceito que a impunham. 

Várias vezes foi tachada de burra, foi criticada por não pensar antes de agir, por não ter amor-próprio ao correr atrás de Maurício, e até de vagabunda por ficar com dois homens em apenas 3 meses de reality show... Mas no fim das contas, Maria simplesmente não teve vergonha de ser Maria, e não teve medo das consequências de suas escolhas. Não teve vergonha de dar sua cara a tapa e julgar-se digna de R$1.500.000,00 mesmo sabendo o quanto a sociedade ainda condena garotas de programa. Não teve vergonha de aparecer desleixada, com o cabelo desarrumado preso de lado, quando era considerada uma das mais belas do programa. Não teve vergonha de continuar implorando o perdão de um homem que a desprezava, e quando por fim resolveu virar a página, não teve vergonha de ser julgada por beijar outro homem.

O casal de finalistas Maria e Wesley
Créditos das fotos: Blog De Cara pra Lua

É muito bom ver tanta gente torcendo por Maria, tanta gente se deixando cativar por seu jeito doce e divertido, a despeito de todos estes outros fatores que geralmente pesam muito contra uma mulher participante de Big Brother. E como seria bom ver uma mulher vencendo o BBB, após 5 anos! Ainda mais uma mulher como Maria. Seria uma vitória histórica, haja visto que várias outras mulheres já chegaram muito perto do prêmio, mas perderam porque a sociedade prefere eleger homens porque "ah, ela já vai ganhar muito dinheiro posando para a Playboy". E Maria vai mesmo... Mas e daí? Desde quando Big Brother é disputa de pobreza? ou de história de vida? Quem inventou que só pobre pode vencer?, ou que quem deve ganhar é quem terá menos chances quando sair do programa? Deve ganhar quem merece. 

E, se querem saber, muito embora eu torça por Maria, a vitória de Wesley ou Daniel também me deixaria contente. Como eu disse anteriormente, eis um trio que representa muito bem a ausência de preconceito, e cuja posição no jogo certifica a quantas anda a mentalidade dos brasileiros. 

Bêbado, Daniel beija o espelho
Daniel cativou o Brasil com sua espontaneidade, suas tiradas engraçadíssimas e as loucuras que aprontava nas festas, quando estava bêbado. 
Certamente essa graça toda não existiria se ele não fosse gay, mas o que achei mais legal foi justamente o fato de ele não ter levantado a bandeira gay.
Em 2010, uma vitória de Dicesar parecia ser imposta ao público, como se o povo precisasse torcer para ele para mostrar que não discrimina os gays. Mas eis que quem vence é um machão propagador do órgulho hetero... Lembro-me de ter lido em algum lugar uma análise interessantíssima da eliminação de Dicesar: "o povo não quer eleger um gay simplesmente porque ele é gay". Se foi mesmo verdade, achei super sensato por parte dos telespectadores do BBB.
Agora, em 2011, surge Daniel, que não tenta empurrar goela abaixo de ninguém os seus conceitos, apenas é quem é, age como quer, e inclusive, em seu modo de agir, porta-se muito mais como "homem" do que os outros "homens com H" da casa. Apesar de seu jeito efeminado, Daniel teve muito mais coragem que os outros heterossexuais da casa, assumia suas escolhas e gostos, não tinha medo de indicar ao paredão os participantes mais temidos pela casa - e diga-se de passagem que tal temor era puro fruto da imaginação dos BBBs; mal sabiam eles que o trio Rodrigão-Mau Mau-Diogo era detestado pelo público!


Créditos das fotos:
Blog De Cara pra Lua
Já Wesley se destacou por sua garra e pelo carinho com que trata Maria, logo conquistando a simpatia das mulheres, não somente por sua beleza, mas por seu jeito atencioso e amoroso.
Na minha opinião, o maior trunfo de Wesley é sua total falta de preconceito, que o fez criar laços de grande carinho e amizade com um gay que várias vezes se mostrou interessado nele - atitude que faria vários homens heterossexuais se afastarem! - além de apaixonar-se por uma suposta garota de programa e tratá-la como princesa  - exatamente o oposto do que Maurício fez.  

Enfim... Não tenho o costume de votar para os meus favoritos no BBB, apenas torço. E independente de quem sagrar-se vitorioso esta noite, darei-me por satisfeita, por saber que certos preconceitos já estão, aos poucos, sendo vencidos.

Só lamento que a sociedade ainda não esteja preparada para aclamar uma mulher como Natália, que infelizmente foi eliminada nas primeiras semanas. Natália foi uma mulher de pulso, com vocação para a liderança, que raciocinava rápido e gostava de mandar - características que, infelizmente, ainda são vistas como privilégios dos homens. Mas tudo bem. Só por saber que já é possível aceitar uma mulher como Maria (e torcer por ela também!), acho que já temos meio caminho andado...

sexta-feira, 18 de março de 2011

Análise da sexualidade feminina em Glee: Parte III – Brittany Pierce

ATENÇÃO: SE VOCÊ NÃO ESTÁ EM DIA COM OS EPISÓDIOS DA SEGUNDA TEMPORADA DE GLEE, PODE TER ALGUMAS SURPRESAS ESTRAGADAS AO LER ESTE TEXTO.

A bobinha e cômica Brittany foi aos poucos ganhando um significativo espaço em Glee por ser uma queridinha do público, amada por suas tiradas engraçadas, sua total falta de noção e adorável burrice. Loira, fofa e completamente imatura, a cheerleader e melhor amiga de Santana, além de ser objeto de seu amor, por várias vezes age como uma criança. Paradoxalmente, tem um comportamento sexual promíscuo. Em um dado episódio da primeira temporada, ela chega a dizer que já ficou com todos da escola: meninos, meninas, e até o zelador. Atualmente, namora Artie, mas continua com seu relacionamento aberto com Santana. Já teve um rápido romance com Kurt, que é assumidamente gay, em um momento em que o mesmo tentava “converter-se” em heterossexual – é claro que só mesmo Brittany caiu nessa.

No décimo episódio da segunda temporada, descobrimos que Brittany ainda acredita em Papai Noel, assim como no décimo quinto episódio, em que ela demonstra crer que os bebês são trazidos por cegonhas.

Para mim sempre pareceu estranha essa dualidade da personagem: tão criança e também tão mulher; tão ingênua mas tão sexualmente ativa. Até que um dia a entendi.

Brittany é mesmo uma criança que não soube acompanhar o desenvolvimento de seu corpo. Não tem muita noção de como se dá a vida adulta, tampouco é capaz de compreender o que o sexo pode significar. Sexo, para Brittany, é apenas mais uma forma de brincar. Seu corpo e o corpo dos parceiros são apenas brinquedos.

Brittany vê sexo como diversão, e provavelmente em razão disso não vê tanta maldade nas coisas. Prova disso é a naturalidade com que ela mantém um relacionamento paralelo com Santana ao mesmo tempo em que namora Artie. E por falar em Artie, acho interessante lembrar o quarto episódio da segunda temporada, em que ele perde sua virgindade com ela.

Mesmo após escutar as confissões de Artie sobre ser virgem e ainda gostar da ex-namorada Tina, Brittany decide transar com ele, sem a menor preocupação ou sentimento. No dia seguinte, ambos conversam sobre o que aconteceu, e Brittany fica surpresa com a reação de Artie. A perda da virgindade significou muito para ele, uma vez que ele é paraplégico e não tinha certeza se algum dia conseguiria manter relações sexuais com alguém. Deveria ser um momento especial, mas para Brittany foi só sexo, ela não compreendeu a importância do que havia ocorrido. Foi a primeira mulher da vida de Artie, foi a pessoa que mostrou para ele uma nova possibilidade, mas conduziu tudo de uma maneira tão indiferente – e nem foi intencional; só agiu assim porque realmente achava que transar é simplesmente transar, e se foi divertido, então ótimo, e fim da história, eles estavam livres para ir jogar o mesmo jogo com outras pessoas.

A inocência de Brittany, às vezes, chega a ser irreal, de tão grande. É difícil imaginar uma garota com estas características “na vida real”, mas supondo que haja, é compreensível que ela conceba as situações típicas da vida adulta sem o olhar de malícia que um adulto geralmente tem. 

Análise da sexualidade feminina em Glee: Parte II – Santana Lopez

ATENÇÃO: SE VOCÊ NÃO ESTÁ EM DIA COM OS EPISÓDIOS DA SEGUNDA TEMPORADA DE GLEE, PODE TER ALGUMAS SURPRESAS ESTRAGADAS AO LER ESTE TEXTO.

A cheerleader latina Santana, que começou a aparecer na primeira temporada como mera coadjuvante e aos poucos ganhou maior destaque, aparentemente é apenas uma menina autoconfiante, sarcástica e maníaca por sexo. Nos mais recentes episódios, contudo, tem ficado muito claro que ela é mais que isso.

Eu sempre achei que já havia decifrado o mistério de Santana; podia jurar que seu problema era apenas a carência e o medo de se envolver sentimentalmente com alguém; mas Glee, surpreendente como às vezes pode ser, mostra-nos outro lado da história.

Santana gosta de bancar “a gostosa”, a liberal, a “loucona”, transando com vários garotos e garotas, sem nunca apegar-se a ninguém. Acha-se a maioral, esnoba e critica qualquer pessoa, sem medo das consequências; não consegue entender por que alguém não se sentiria atraído por ela; e não foge de nenhuma briga. Julga-se incrível na cama e melhor ainda com as palavras, motivo pelo qual não tem medo de ninguém: transa com quiser, arruma encrenca com quem quiser, pois sabe que no fim das contas, é sempre ela quem vai se dar bem na situação.

Brittany e Santana
Entretanto, no 15° episódio da segunda temporada, o segredo de Santana foi revelado: ela é unicamente homossexual, e não bissexual, como antes parecia, ou como ela quer que os outros pensem. Muito mais que homossexual, ela é mesmo homoafetiva, pois é apaixonada pela melhor amiga Brittany, de uma forma que nunca havia se apaixonado antes por um homem.   

Na emocionante cena em que conversa sobre isso com Brittany, Santana desvendou o próprio enigma: entendeu que trata as pessoas tão mal porque é uma menina raivosa, e a raiva provém de sua confusão interna de sentimentos.

Santana e Puck
Se revermos várias cenas de Glee, desde as primeiras aparições de Santana, veremos que ela sempre evitou envolver-se sentimentalmente com os garotos que ficava. Já disse, inclusive, que não fala durante o sexo, e evita contato visual com o parceiro enquanto transa. A priori eu achava que isso se devia ao fato de ela ter medo de se apaixonar, mas hoje vejo que de fato, exigir sentimento e envolvimento de Santana ao transar com homens é pedir demais. Sexo heterossexual, para ela, era apenas um estratagema, uma maneira de disfarçar quem ela realmente era. Quem desconfiaria que a garota que transa com todos os garotos do colégio é lésbica? Santana tentava de várias formas afirmar sua (falsa) heterossexualidade, inclusive forçando um relacionamento aberto com Puck, exemplo perfeito de “macho alfa”. 

No quarto episódio da segunda temporada, após a surpreendente cena em que Glee mostra pela primeira vez a intimidade dela com Brittany, esta convida Santana para cantarem juntas um dueto de uma música de Melissa Etheridge, cantora assumidamente lésbica. Com medo de expor-se, Santana recua, diz que vai cantar um dueto com outra garota e inventa uma desculpa mal-feita para isso, chegando inclusive a fazer pouco caso de Brittany ao dizer que só está com ela para suprir a carência que sente devido à ausência de Puck.

Santana e Brittany no 4º episódio da 2ª temporada protagonizam
a primeira cena gay da série

Santana chora ao falar de seus sentimentos
para Brittany
 Mas, no fundo, é só fingimento. Santana não passa de uma garota confusa, profundamente apaixonada pela melhor amiga Brittany, com quem mantém um relacionamento da mesma espécie do que tem com Puck: sem compromisso de fidelidade, sem sentimento, apenas sexo, quando ambas têm vontade. Aí sim está presente o medo de se envolver – ou talvez o medo de querer levar adiante uma relação que acarretaria uma repercussão negativa na escola. Ao declarar-se para Brittany, Santana chega a dizer que tem medo do que as pessoas pensarão, uma vez que o colega Kurt também sofreu muito preconceito por ser gay.

Enquanto todos achassem que Santana era bissexual por diversão, estava tudo bem, mas se descobrissem que ela era homossexual por opção, por natureza, por amor, aí sua vida estaria acabada. Ela seria ridicularizada, rotulada, atacada, e em um cenário superficial e frívolo como este jogo de popularidade que vigora nas escolas, ter sua imagem lacerada implica em muito sofrimento e consequente exclusão do círculo de convivência dos adolescentes mais cool da escola, círculo do qual ela faz parte. No oitavo episódio da segunda temporada, Santana, em outro contexto, chega a usar o termo “suicídio social”. Pois bem, assumir-se lésbica seria suicídio social. Ainda assim, ela quis correr o risco, em nome do amor que sente por Brittany. Mas a amiga disse não.

Brittany é a pessoa por quem Santana mais sente carinho. É a única que ela não despreza, não trata mal, embora reconheça que a amiga é meio “burrinha”. As duas têm uma química inegável, e quanto à isso é preciso dar os dévidos créditos às atrizes Naya Rivera (Santana) e Heather Morris (Brittany).

Como as duas personagens são carismáticas, adoradas pelo público e têm recebido grande destaque nesta temporada, além do fato de que o tema da homossexualidade e do bullying são praticamente o tema central da segunda temporada, tudo indica que ainda veremos muito mais do desenrolar desta história. Resta saber se Brittany vai querer mesmo terminar o namoro com Artie e assumir Santana. Trata-se de uma escolha difícil e que vai exigir muita maturidade de Brittany – e assisti-la será, sem dúvida, muito interessante, pois todos sabemos que maturidade não é o forte de Brittany! Sobre este assunto falarei no próximo texto desta série de análises dos aspectos da sexualidade das personagens femininas de Glee.  

Análise da sexualidade feminina em Glee: Parte I – Emma Pilsbury

ATENÇÃO: SE VOCÊ NÃO ESTÁ EM DIA COM OS EPISÓDIOS DA SEGUNDA TEMPORADA DE GLEE, PODE TER ALGUMAS SURPRESAS ESTRAGADAS AO LER ESTE TEXTO.

Sempre comento sobre Glee aqui no blog, e muito embora a série seja entretenimento puro, também trata de assuntos mais sérios. Aliás, devo comentar que tenho adorado a forma sensível com que têm sido mostrado o tema da homossexualidade, com foco especial para o período da adolescência. Constantemente Glee aborda outros temas interessantes e que dizem respeito a esta fase tão complicada da vida, como o bullying, o primeiro amor, o consumo de álcool, a virgindade, a promiscuidade, as amizades, entre outros. Todavia, há algumas coisas que apenas ficam subentendidas. Nesta seara, tenho feito observações a respeito de aspectos da personalidade de algumas personagens – femininas, para ser específica – e gostaria de falar sobre isso aqui no blog.

Para dar início a essa jornada de “diagnósticos” (e aqui devo advertir os leitores de que as análises que farei são totalmente descompromissadas e desprovidas de conhecimento técnico sobre o assunto!), falemos da meiga e problemática Emma.

Emma Pillsbury é um dos personagens mais complexos de Glee e que, se bem explorada, poderia render momentos excelentes na série. A atuação dedicada de Jayma Mays contribui para fazer de Emma uma mulher cheia de mistérios, que vão muito além de seus transtornos e pudores. Talvez pelo fato de Glee focar-se mais nos adolescentes, Emma aparece pouco, em especial nesta segunda temporada.

Os TOCs de Emma

A primeira temporada de Glee serviu para delinear o perfil de Emma: uma mulher doce e tímida, cheia de TOCs (transtornos obsessivos compulsivos), obcecada por limpeza, paranoica com sujeiras, germes, coisas muito misturadas e desalinhadas. Como se não bastasse, é extremamente pudica e, muito embora seja psicóloga e orientadora do colégio, lidando diariamente com problemas de jovens confusos, não sabe lidar com a própria vida sentimental, e chegou à casa dos 30 anos sem nunca ter tido uma relação sexual. Paradoxalmente, Emma sente-se atraída pelo solto e descontraído Will, e costuma derreter-se quando ele faz suas performances mais ousadas.

Emma se solta ao cantar "Touch-a touch me"
Na segunda temporada, vemos menos de Emma, mas o pouco que nos é mostrado já dá várias pistas sobre sua personalidade. No quinto episódio, Emma revela-se fã do “Rocky Horror Show”, e ao topar ensaiar a canção “Touch-a touch me” com Will, acaba tomando todos os vocais, quando na verdade ambos deveriam revezá-los. A letra da canção fala exatamente sobre descobrir-se atraída por algo que nunca havia experimentado. Durante a performance, Emma se solta, mostra-se mais ousada e até tira a roupa de Will. É como se toda a libido reprimida ao longo de anos e anos se revelasse toda naquele momento.

A Emma de “Touch-a touch me” é o exato oposto da Emma de todos os dias, a Emma que é sempre tão recatada, que arregala os olhos para qualquer ato de depravação, mas que ao mesmo tempo, idolatra pessoas que têm a ousadia de fazer tudo que ela quer e não tem coragem, como se visse nestas pessoas um espelho do que ela esconde no íntimo de seu ser.

Pois bem, agora vem a parte que considero mais interessante: no décimo quinto episódio da segunda temporada, descobrimos que Emma ainda é virgem, mesmo após quatro meses de casamento com o dentista Carl.

Carl é um homem carinhoso, compreensivo e paciente, exatamente como o perfil dos homens que mulheres como Emma tendem a escolher para casarem-se, ainda que não os amem verdadeiramente; o motivo da escolha é, por conseguinte, o medo da rejeição. Ao casar-se com um homem mais arrojado, com personalidade mais forte, mulheres problemáticas, introvertidas e sexualmente desajustadas como Emma correm o risco de fazê-los infelizes, ou “passarem vergonha” na hora do sexo; em suma, elas têm medo de que eles não se contentem com que elas podem dar e troquem-nas por outra mulher mais liberada sexualmente, mais fogosa, mais geniosa, mais independente. Mulheres assim têm medo de sentir que “são pouca areia para o caminhão” do homem. Acabam, portanto, escolhendo homens mais tranquilos, e até mesmo passivos. O que não significa, entretanto, que elas não possam amar este tipo de homem também, tampouco que eles não tenham o seu valor ou sejam incapazes de proporcionar felicidade a uma mulher.

Que Emma é mal resolvida em relação à sua própria sexualidade, é evidente. Porém, este conflito pode acarretar consequências drásticas para a vida sexual da mulher e, consequentemente, do casal.

O marido de Emma confessa que já tentou de tudo para conseguir levar adiante o ato sexual com a esposa, mas ela sempre recua, ou reage infantilmente às investidas dele. Ele reclama que sempre que a toca, ela sente cócegas, ou seja, não reage aos estímulos dele como deveria, não se sente inclinada a buscar satisfação sexual com o marido. Embora eu nunca tenha estudado psicologia, para mim é claro como o dia que Emma sofre de alguma disfunção sexual, talvez vaginismo ou inapetência sexual.

No referido episódio, o “problema” de Emma é tratado apenas sob a ótica dos relacionamentos amorosos; Holly e Carl concluem que Emma não consegue se entregar ao marido porque ainda ama Will Schuester. Não creio, contudo, que este possa ser o único motivo, e nem mesmo o principal.

O problema está na própria natureza de Emma, que não consegue aceitar-se como um ser sexual, não reconhece em si mesma os desejos, vontades e direitos de uma mulher sexualmente ativa. E quando eu digo “direitos”, I really mean it, pois muitas mulheres que sofrem com alguma disfunção sexual sentem que “não têm o direito” de sentirem prazer, de terem orgasmo.

Tudo isso envolve também o preconceito com as mulheres sexualmente liberadas, pois o medo de “sentir-se uma prostituta” ou de “seu parceiro achar que está se comportando como uma vadia” pode acabar atrapalhando significativamente o desempenho sexual ou até mesmo o ato sexual como um todo, uma vez que o vaginismo consiste justamente em não “permitir” a penetração, contraindo os músculos da vagina e impedindo a entrada do pênis no orifício.

Emma tem dificuldades de se expor, de se entregar, se permitir-se sentir prazer e satisfação com alguém. Sabe de seus pudores, de suas limitações, e não se julga capaz de proporcionar prazer a um homem, assim como não se julga corajosa o suficiente para permitir que um homem adentre seu corpo – e consequentemente, sua alma, talvez por vergonha. Provavelmente, Emma sente tanta vergonha de si mesma que teme revelar-se por completo para um homem, teme que ele a conheça de verdade. Mesmo com toda a paciência de seu marido, não consegue se entregar a ele, tornar-se plenamente íntima dele.

É cômico (embora trágico, também) que Emma possua tantos conflitos internos, quando também é a responsável por ajudar os adolescentes a resolver os seus próprios. Isso só atesta o quanto é mais fácil lidar com os problemas do outros, a lidar com os nossos. Parece-nos que o problema alheio é apenas uma questão de matemática: basta aplicar a fórmula e dá tudo certo no final. Mas não é bem assim. A vida não é tão simples.

Episódio 15 da 1ª temporada: Emma decide
perder a virgindade com Will
De outra plana, também é possível que Emma se sinta desamparada, e isso a torna mais impotente ainda para resolver suas dificuldades. Emma não tem uma Emma em sua vida, não tem alguém com quem possa contar, desabafar. Como consertar o desajuste de algo que está reprimido, mantendo-o preso dentro de si? É preciso tirar de dentro, falar. E Emma não fala. Provavelmente, ela nunca tentou colocar a situação em pratos limpos, nunca parou para pensar definitivamente no que há com ela e quais são as razões disso. Todas as suas dúvidas e dores estão misturadas dentro de sua cabecinha perturbada, e por isso ela não consegue agir direito. Justamente por esse motivo, suas tentativas de “tornar-se uma mulher mais solta” fracassam (como, por exemplo, quando ela planejou perder a virgindade com Will, no 15° episódio da primeira temporada): porque são forçadas, não são pensadas, internalizadas. Para ser algo, não basta agir como se fosse, é preciso sentir-se assim. A mera atuação não resolve nada, a vontade precisa vir de dentro.

Enfim, creio que este intrigante tema não se esgota em um simples texto de blog feito por uma leiga em psicologia. Tampouco acredito que será abordado com maior profundidade nos próximos episódios de Glee, até por tratar-se de um assunto pesado, complexo e que não atrai tanto. De qualquer forma, acho legal fazer essas análises, até porque fora da tela da TV também existem muitas Emmas sofrendo caladas pelos cantos.  

Voyeurs do sofrimento

Prédios destruídos em uma das áreas atingidas pelo tsunami em Otsuchi, província de Iwate
(Créditos da foto: Nicholas Kamm. Fonte: UOL)

Ignorada a tristeza e o peso da situação, velórios são interessantes ocasiões para observar um certo aspecto do comportamento humano: a fome de ver dor, o desejo por assistir o sofrimento alheio. Por que somos assim?

Quando os familiares do falecido começam a passar mal e gritar de sofrimento, faz-se um grande silêncio e todos paramos para olhar, ouvir atentamente, prestar atenção nas lágrimas, nos lamentos, nas palavras. Semelhante situação ocorre em entrevistas na televisão, quando o entrevistado emociona-se ao falar de algo: basta surgirem os primeiros indícios de que ele vai chorar e a câmera até se aproxima, dá um close nos olhos da pessoa, chega bem pertinho para ninguém perder nenhum detalhe do espetáculo do sofrimento. Que tipo de entretenimento é esse?

Créditos da foto: site UOL
E o pior de tudo: por mais que nos doa observar a miséria alheia, o interesse que ela nos causa é tão grande que quase se assemelha ao sentimento de diversão. E nunca estamos satisfeitos. Zapeamos de canal para canal, à procura de uma atração mais triste na TV, de um depoimento mais sentido, de uma história mais trágica. Incêndios, morros desabando, tsunamis no Japão, terremotos, enchentes, tiroteios, fotos de gente morta, imagens de furacões destruindo casas, brigas de torcidas de times de futebol, cenas dos bombeiros carregando pessoas feridas, pancadaria, sangue... Nunca nos cansamos de olhar.  

Seria mesmo sede por informação, ou simplesmente por entretermo-nos às custas destas tragédias?

Minhas it girls favoritas

Assim como a modelo Twiggy é um referencial quando se trata da moda dos anos 60, toda geração tem seus ícones de estilo. Sempre há aquelas pessoas – geralmente mulheres! – que representam o estilo de uma época, que usam e abusam de todas as tendências do momento e personificam como ninguém o desejo de todos os jovens. Passada a moda, os registros permanecem, para que a posterioridade venha a conhecer.

Pensando nisso, decidi eleger os meus ícones de moda, as minhas it girls favoritas, as garotas famosas cujos guarda-roupas eu adoraria assaltar, e sobre as quais comentarei com minha filha quando formos falar do que se usava “quando mamãe era mocinha”. Não consegui escolher poucas; há tantas que eu admiro! Sendo assim, separei por categorias.

Vamos lá!

  
  • As “gostosas” com estilo: Kim Kardashian e Sabrina Sato
Kim já mereceu uma postagem exclusiva aqui no meu blog! Adoro as roupas que ela usa, adoro tudo que ela representa, adoro a forma como ela não se deixa intimidar pela ditadura da magreza. Assume o corpão e está sempre impecável, é difícil vê-la em qualquer ocasião com uma produção razoável, pois a bela é vaidosíssima.
A socialite Kim Kardashian adora a combinação preto & branco, e também gosta de usar blazers pretos, principalmente em cima de vestidos justos. Geralmente usa saias e vestidos, que destacam suas pernas, valorizam a cintura e disfarçam o quadril. Outras vezes, porém, ela também gosta de acentuar o quadril largo, usando calças bem justas, ocasiões em que opta por blusas mais larguinhas para o look não ficar colado demais.



Também sou admiradora do estilo de Sabrina Sato (a única brasileira da lista!), que faz o estilo “sarada” (tem o par de pernas mais invejado do Brasil!) e adora usar os estilos que estão em voga. Se bem que ultimamente tenho achado-a tão magrinha que até me é forçoso citá-la como prova de que mulheres com curvas também podem se vestir de acordo com as tendências da moda.
De qualquer forma, dá para notar que Sabrina adora roupas mais sexies que valorizem seu corpo, embora às vezes ataque de "princesinha" também. Ao apresentar o programa Pânico, ousa mais no figurino. No dia a dia, usa bastantes shortinhos, jaquetinhas e jeans - que ela adora, assim como adora renda, preto e o estilo militar.



  • As elegantes e românticas: Taylor Swift e Selena Gomez
Por maior que seja a minha admiração pelas mulheres que têm coragem de ousar, há coisas que nunca saem de moda... Apostar em feminilidade é sempre certeza de sucesso!
Estas duas jovens cantoras gostam do estilo romântico, feminino (chamado de ladylike pelos fashionistas), sempre apostando em vestidos, saias, renda e brilho, tudo bem arrumadinho, no maior estilo “boneca”. Para as adeptas desta linha, é difícil fazer feio em qualquer ocasião – difícil também achar um homem que não goste! Afinal, sensualidade tem seu lugar, mas todo homem gosta de uma princesinha. 

No início da carreira, Taylor vestia-se de acordo com seu estilo musical, o country, usando várias botas tradicionais de cowboy, xadrez e cores terra. 
Ultimamente, contudo, a mocinha tem investido mais no estilo girlie ("mulherzinha"), e mantém-se super fiel a ele. É raro vê-la ousando ou aventurando-se em outros estilos. Mas também não se pode negar que, graças a isso, Taylor sempre é destaque nos red carpets! Ela ama vestidos, em especial os curtos. Usa bastante brilho, babados, e me parece também ser fã do estilo retrô (vejam que fofo esse vestido de bolinhas a la 50's!). 


Selena compartilha com a amiga Taylor a paixão por vestidos; nos últimos tempos, é raro vê-la de calça. Gosta de drapeados e muita cintura marcada. Como é bem magrinha, pode abusar de vestidos com muito pano, larguinhos e com volume.
Ao usar o primeiro vestido da foto abaixo (da esquerda para a direita) no People's Choice Awards 2011, Selena virou comentário em milhões de blogs de moda pelo mundo afora. Não deve ser coincidência que, logo após esse fato, ela passou a caprichar mais nas produções, e tem constantemente conseguido ótimas colocações em enquetes de celebridades mais bem vestidas.
O vestido fez tanto sucesso que já está praticamente virando uma marca de Selena (muito embora ela não tenha sido a primeira a apostar no modelo curto na frente e longo e atrás; mais abaixo vocês verão January Jones usando um azul belíssimo). Em seus shows, ela tem quase sempre usado modelos assim, além de usar também em outros eventos e premiações (vejam a segunda foto).



  • As que arrasam nos red carpets: January Jones e Dianna Agron
Em matéria de formalidade com elegância, estas duas sempre dão um show! Loiras, lindas e classudas, as atrizes Dianna e January – respectivamente das séries Glee e Mad Men – costumam arrancar suspiros de homens e olhares deslumbrados de mulheres toda vez que dão o ar de suas graças em alguma premiação, com vestidos incríveis e maquiagem e cabelo perfeitos.
Separei os looks que elas usaram no Emmy 2010, Golden Globe 2011 e SAG Awards 2011. As fotos estão colocadas nesta ordem.

January não passou despercebido em nenhuma das premiações a que compareceu recentemente. A moça realmente gosta de ousar.
Na primeira foto abaixo (da esquerda para a direita), vemos esse lindíssimo Versace azul com cauda longa na parte de trás, e mais curto na frente (tendência sobre a qual já falei acima, no item sobre Selena Gomez), com peep toes e esse cabelo super despojado.
Na segunda foto, January surpreendeu os espectadores do Golden Globe com este vestido, pelo decote ousado e pela cor. Uma loira de batom vermelho e decote parece a fórmula da vulgaridade, não? Mas não para ela, não nesta ocasião. January era a pura encarnação de uma femme fatale dos film noirs dos anos 40 - e pela escolha do penteado, acho que a intenção realmente foi essa.
Na terceira foto, por fim, January inverte a fórmula das duas premiações anteriores; no SAG Awards, ela não apostou na juventude nem na sensualidade: preferiu um modelo sério e elegante Carolina Herrera, que cobre o colo, e é feito com uma renda no maior estilo tradicional, que tem cara de vovozinha. O penteado também é sóbrio e bem senhoril.
Difícil escolher o vestido mais lindo...  



Já Dianna Agron é mais conservadora e feminina, não ousa tanto e não gosta de nada muito sexy. Prefere vestidos bastante femininos, maquiagem suave e cabelo de princesa - a exceção é o look da terceira foto, que a mostra no SAG Awards 2011, de vestido escuro, peep toes de salto finíssimo e maquiagem escura nos olhos. 
O vestido Carolina Herrera da primeira foto, usado no Emmy Awards 2010, fez Dianna ser eleita em vários blogs de moda do mundo inteiro como a mais bem vestida da festa.
Quem observa as aparições de Dianna pode perceber que seu estilo é realmente muito delicado; ela realmente não gosta de extravagâncias. Adora nude, cabelo preso, e não costuma usar muitos acessórios - quando o faz, é com muita discrição. Tudo muito de acordo com sua personalidade, já que ao contrário de sua personagem Quinn, Dianna faz a  linha "boa moça".



 Para encerrar o texto, devo frisar que esta não é uma lista das garotas mais estilosas de nossa época, ou das mais copiadas, mais admiradas... É apenas uma lista das MINHAS prediletas, das que usam roupas que eu seria capaz de usar também. É claro que existem várias outras modelos, atrizes e cantoras cujos estilos definem a nossa geração (Nicole Richie, Miley Cyrus, Blake Lively, Taylor Momsen, e a brasileira Thaila Ayla, entre tantas outras), mas não me agradam tanto quanto as lindas mocinhas que eu citei. 

O fracasso


"Did I disappoint you? 

Or leave a bad taste in your mouth?"


O gosto da falha é horrível. Perder nunca é fácil. Parece difícil enxergar um lado bom no fracasso. Mas o pior fracasso de todos é aquele que vem fácil. A sensação pode até não ser a mais dolorosa de todas, mas quando recobramos a razão, vem o terrível diagnóstico: “além de fracassado, sou um covarde. Preferi me contentar com o fracasso, a lutar pelo que quis”.

Perder é cômodo quando a batalha é dura. Ganhar dá trabalho, requer esforço, e muita gente prefere ter “PERDEDOR” escrito na testa, a ter suor no rosto e calos nas mãos.

Chegar ao topo é difícil e demora. É mais fácil ficar de baixo, só observando, contentando-se com uma vida medíocre e criando teorias sobre como Deus privilegia uns e desgraça outros.

E se daqui há alguns anos eu ler tudo isso que escrevo e descobrir que falhei? Que tudo deu errado? Que não consegui transmitir aos meus filhos tudo isso que escrevo? Que não consegui ser o que queria, o que planejava, o que lutei tanto para ser?

Este é um risco que corro. Todos corremos. Mas eu procuro sempre encontrar uma forma de me sentir orgulhosa de mim mesma. Quero ter orgulho de mim, mesmo quando eu perder. É perfeitamente possível sentir-se merecedor de todas as honras de um grande vencedor, mesmo quando não alcançamos 100% do que pretendíamos. 

É fácil para um homem falar

É fácil para um homem falar que somos fúteis e vivemos preocupadas com bobeiras, quando a eles só cabe apontar os defeitos e escolher as mulheres mais bonitas.
Homens criticam mulheres por gastarem tempo e dinheiro com cuidados com o cabelo, unhas, sobrancelha, depilação, roupas, maquiagem e sapatos... Mas entre uma mulher bonita e bem arrumada, e uma mulher mais descuidada, é óbvio que preferem a primeira. É muito fácil dizer que é um absurdo pagar tão caro por depilação, mas qual homem gosta de mulheres com axilas e virilha peludas?

É fácil para um homem falar que “mulheres são frescas”, quando eles são extremamente rigorosos no quesito beleza, e mulheres belas são necessariamente “frescas”, porque não existe beleza exuberante sem produção e muito, muito dinheiro.

É fácil para um homem falar que gosta de beleza natural e ficar olhando mulheres nas páginas da Playboy, idolatrando musas da Internet e morrendo de tesão por atrizes de filmes pornográficos. Homens têm relutância em custearem tratamentos estéticos, academia e salão de beleza, ou condenam as que gastam dinheiro com isso, mas criticam as mulheres que estão acima do peso, que têm estrias, que andam mal arrumadas ou as que têm “cabelo ruim” (expressão discriminatória para quem tem cabelos crespos). Provavelmente esperam que toda mulher já nasça perfeita, seja naturalmente linda, acorde maquiada e seja imune a todas as imperfeições com que a natureza insiste em brindar-nos. É fácil para um homem querer que já nasçamos prontas quando nem tudo em nossa vida é tão natural quanto para eles.

É fácil para um homem exigir que sua mulher seja uma boa esposa, prendada mas também independente, incrivelmente ousada em alguns pontos e tradicionalmente submissa em outros. É muito fácil para um homem apenas querer tudo isso; e a mulher que se vire para atender todas as expectativas dele! Porque se não o fizerem, serão punidas com traição, falta de respeito e de carinho. É fácil para um homem estar casado e ganhar os bônus: comida na mesa todo dia, roupa limpa e passada, filhos criados, uma parceira para o sexo todas as noites. À mulher cabem todas estas tarefas, ou seja, a parte difícil, e ainda assim, homens reclamam muito mais do casamento.

É fácil para um homem querer que assumamos nosso papel historicamente estabelecido quando eles mal conseguem assumir o deles, e ainda assim a sociedade nos despreza mais do que a eles neste aspecto. Mulheres desprovidas de vocação para a vida doméstica são apedrejadas, mas e os homens que não conseguem cumprir o papel de "macho provedor"?
Você não sabe fazer isso? Mas como é que você vai se casar então? Como acha que vai arranjar um marido se não sabe costurar, se não gosta de cozinhar? – isto é algo que se ouve com frequência.
- Seu salário é ruim? Ah, você não tem um emprego? Como acha que vai arranjar uma esposa se não tem condições de sustentar a família? – isto é algo que nunca escutei.

 É fácil para um homem acusar de egoísta e vaidosa uma mulher que não quer ter filhos, quando não são eles que vão ter seu corpo destruído por uma gravidez, suas noites de sono perdidas, sua vida inteira praticamente anulada em função de uma criança. É muito fácil criticar a mulher que prefere firmar-se no mercado de trabalho antes de ser mãe, quando é o próprio homem que não oferece segurança financeira e emocional a uma mulher, de modo que ela prefira garantir-se sozinha a contar com a ajuda dele. 

Em suma, é fácil para um homem ser homem quando a sociedade ainda aceita que o homem possa fazer todo tipo de exigência a uma mulher. E é muito fácil fazer todas essas exigências, porque homens não sabem como é ser mulher. Não sabem como é difícil. Não sabem como a natureza já nos dá tratamento diferenciado, e como se isso não bastasse, a sociedade ainda é imensamente mais dura conosco que com eles.

A todos os homens que entendem a dor e a responsabilidade de ser mulher, vão o meu elogio e as minhas congratulações. Homens assim fazem com que nosso fardo pareça menos pesado, e fazem-nos encontrar espaço em nosso coração para lembrar que ser mulher também tem o seu lado bom. 

Amor e ódio... Largando as bonecas


É claro que eu não te odeio. Definitivamente. Mas te odeio em alguns momentos. Você é uma das pessoas que mais amo, e talvez por isso seja tão fácil te odiar.

Todo o amor que já existe, que sempre existiu e que fica aqui dentro guardado e quase empoeirado, por falta de uso, parece explodir da maneira errada sempre que você me decepciona. E, nessas horas, eu acabo fazendo coisas como a que fiz. Ajo mal, expresso-me mal, justamente por sentir-me mal com o que vejo de você. Mas é claro que a errada sou eu. Você é simplesmente você, e não tem obrigação nenhuma de ser o que eu espero de você. Esse é o problema. Não sei se estou preparada para ver as minhas lembranças de infância tornarem-se adultas.

Amar é complicado. O amor, em tese, é o sentimento mais puro, mais altruísta, menos desprendido... Porém nós, seres humanos imperfeitos e estúpidos, distorcemos esse conceito ao tentar vivenciá-lo, e interpretamos o amor como um sentimento que envolve ciúmes, possessividade, expectativas e, por que não dizer?, ódio também. O ódio dos que amam é o mais forte; e quanto mais forte o sentimento, menor a racionalidade, porque se usássemos melhor o cérebro, saberíamos que o ódio não deveria ser a expressão angustiada do amor. O amor não deveria se angustiar. Quem ama entende, releva, perdoa. Não se trata de ser cego; trata-se de enxergar as coisas e saber lidar com elas. Só sente ódio quem não sabe lidar com as situações da vida.

Peço perdão. Ainda estou aprendendo. Tem sido difícil. Com base em tudo que já vivemos, imaginei que você poderia ser o que eu quisesse... Mas foi burrice minha. Você não é uma das minhas bonecas, muito embora eu tenha te pegado no colo e brincado de “mamãe e filhinha”. E como você cresceu rápido... Sinto-me velha, impotente, fraca, e acima de tudo, repleta de expectativas que nem deveriam existir.

Há tantas coisas que eu já aprendi e que queria que você aprendesse também... Sua teimosia me irrita, porque eu só quero te ver bem. Há tantos sofrimentos dos quais você poderia se poupar; há tantos caminhos que eu já tracei e você não precisaria percorrer tudo de novo até descobrir o destino; por que não me escuta? Então me lembro que você não sou eu, você não é como eu sou. É tão nítido! Mas às vezes esqueço... Às vezes desejaria ver mais de mim em você. Mas você não é minha tela de pintura. Não é o meu monstrinho de massinha. Não posso te moldar da forma que eu desejo. Concluir isso me traz tristeza, mas sabe de uma coisa? Sou tão idiota por ficar triste. Isso é ótimo. É maravilhoso que você tenha uma personalidade tão única.

Você está fazendo sua própria história, vai traçar seus próprios caminhos. Todo mundo precisa de conselhos, mas você não é obrigada a escutar os meus. Talvez haja outras pessoas que você prefira escutar, outras fontes às quais você prefira recorrer, e eu preciso aceitar isso. Você faz sua vida. E sei que vai fazer tudo certo. O importante é onde você quer chegar.

Você já está aprendendo a andar. Não precisa mais se apoiar em mim, segurar na minha mão. Já está até aprendendo a atravessar a rua, mas será que não preciso mais te dizer para ter cuidado, olhar para os dois lados? Ninguém é tão maduro a ponto de não precisar mais ouvir lições de moral... Mas ouvir isso é chato, eu sei. Às vezes é melhor que eu apenas fique calada, e que eu saiba te respeitar. Vou tentar. Prometo.