Ele pensa que só aprecia a companhia das pessoas na medida em que elas se fazem úteis para ele, mas a verdade é que, na prática, ele não ama ninguém além de si próprio. Só ama estas poucas pessoas que ama porque considera-as uma extensão de si mesmo, só tolera a presença delas porque sabe que com elas não é preciso deixar de ser ele mesmo.
Estar acompanhado é renunciar a uma parcela do seu eu, e isto ele não suporta. Amar também é anular-se um pouco (é "tirar férias de si", como canta Paula Toller, em lógica inversa, em "Da lama à pista", do Kid Abelha), e isto ele não quer. Ele só quer a si próprio, ele só quer o seu 'eu', e só gosta ou solicita a presença de outras pessoas quando elas não vão obrigá-lo a deixar de ser o que é; e até evita o contato com muita gente para não perder o contato consigo mesmo.
Dizem que o nosso primeiro e último amor é o amor próprio. No caso dele, deve ser também o único. E eu não sei dizer até que ponto ele está certo ou errado.
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