Vão haver dias em que tudo que quero é estar errada, dias em que sei que estou errada e apenas quero vivenciar este sentimento. Mas, até nestes dias, estou errada.
Vão haver dias em que vou querer quebrar os hábitos que eu mesma escolhi para mim, romper as barreiras que me dediquei tanto para construir, passar por cima dos princípios que cuidadosamente escolhi para minha própria vida. E nestes dias, eu não me iludirei, não enganarei minha própria consciência, procurando subterfúgios e tentando justificar meus erros - lucidamente, saberei que estou cometendo erros. Mas a anuência com o erro é sempre um erro maior ainda; um estúpido, ilógico e enorme erro.
Vão haver dias em que me cansarei de estar certa, de fazer o que é correto, de buscar o melhor para mim. Vão haver dias em que quererei desfrutar de um estado de ignorância, no qual não farei juízo da minha própria falta de juízo.
O problema é que nunca, em hipótese alguma, impossivelmente, jamais chegará o dia em que conseguirei estar errada sem sentir-me mal por estar errada. E mesmo quando eu mesma exercer meu direito de optar por estar errada, não terei, por outro lado, a faculdade de escolher não sentir peso na consciência por agir assim.
O fato é que já adquiri estas noções, já aprendi estas lições, já compreendi o que é certo ou errado, e tais conquistas são irreversíveis. Uma vez que já assimilei e incorporei ao meu patrimônio intelectual e moral coisas melhores do que as que outrora fizeram parte de mim, passa a ser impossível tentar convencer minha própria consciência de que meus erros não são erros - ela simplesmente sabe, e nada que eu diga para tentar enganá-la obterá êxito.
"À medida que [os Espíritos] avançam, compreendem o que os afasta da perfeição. Quando o Espírito conclui uma prova, adquiriu conhecimento e não mais o perde. Pode permanecer estacionário, mas não retrogradar."
(Pergunta 118 do Livro dos Espíritos)
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