Apoio à presidente Dilma

Foi divulgada nesta quarta feira a lista das mulheres mais poderosas do mundo, elaborada pela revista Forbes. Nossa presidente Dilma Rousseff figurou em um admirável terceiro lugar, perdendo apenas para a chanceler alemã Angela Merkel (primeiro lugar) e a secretária de Estado Hillary Clinton, dos Estados Unidos (segundo lugar). Ficou à frente de personalidades como Michelle Obama (primeira dama dos Estados Unidos), Oprah Winfrey (apresentadora e empresária americana, uma das mulheres mais ricas e influentes do mundo), Melinda Gates (esposa do criador da Microsoft e cofundadora de uma das maiores ONGs existentes) e das rainhas Elizabeth II, do Reino Unido, e Rania Al Abdullah, da Jordânia.

Logo hoje pela manhã, assistindo ao telejornal matinal, vi a Presidente dando uma entrevista na qual comentava a expressão "faxina contra a corrupção", a qual tem sido constantemente utilizada pela imprensa para referir-se à série de demissões de Ministros envolvidos em escândalos políticos. Sobre isso, ela se pronunciou: 

"A forma como colocam a política do meu governo contra malfeitos chamando-a de faxina eu não concordo, acho extremamente inadequado. Combate-se o malfeito, não se faz disso meta do governo. Faxina no meu governo é contra a pobreza." (http://www.jb.com.br/pais/noticias/2011/08/25/midia-joga-dilma-contra-lula-apos-demissoes-diz-pedro-simon/)

"Eu acho que se combate o malfeito. Não se faz disso meta do governo. Faxina, no meu governo, é faxina contra a pobreza. É isso que é faxina no meu governo. O resto são ossos do ofício da Presidência. E ossos de ofício da Presidência não se interrompe. Se houver algum malfeito eu tomarei providência." (http://moglobo.globo.com/integra.asp?txtUrl=/pais/mat/2011/08/24/dilma-diz-que-faxina-etica-nao-meta-de-governo-sim-combate-pobreza-925197171.asp)

Poucos dias antes, em entrevista à Rádio Metrópole AM, disse algo no mesmo sentido:

"Agora, onde houver problema de corrupção, somos obrigados a tomar posição. Não faço disso o objetivo central do meu governo, o objetivo central é buscar a inclusão social." (http://www.jb.com.br/pais/noticias/2011/08/19/dilma-diz-que-combate-a-corrupcao-nao-e-o-objetivo-central-do-governo/)

Comentando - e, aparentemente, elogiando - as declarações de Dilma, o apresentador do telejornal afirmou que a Presidente encara o combate à corrupção como um dever institucional, e não como uma das metas de seu governo. 

Em 8 meses de governo, Dilma tem se mostrado resoluta perante os desafios que tem consciência de que precisa enfrentar. Para os que elogiam-na, a base dos argumentos é a sua firmeza de caráter e atitude implacável diante das notícias de corrupção que assolam o alto escalão de Brasília, formado, em grande parte, por remanescentes do governo Lula. Para os que condenam-na, fala-se em falta de carisma e diálogo.

Creio que há um fundo de verdade nos dois argumentos. De uma coisa temos certeza: das semelhanças existentes entre Dilma e seu antecessor, certamente não está o carisma e a habilidade em vender seu peixe para o povo. Dilma é fechada, do tipo que faz o que deve ser feito e não se preocupa tanto em convencer. 

Séria, centrada, firme e forte: características excelsas para um chefe de Estado e de Governo, mas será que são suficientes para um líder eleito democraticamente por um povo que está acostumado com outro tipo de imagem? Tenho receio de que a mesma massa responsável por colocar Dilma no poder venha a se decepcionar com sua postura, tão diferente da do querido Lula. 

Dilma tem sido sábia ao descrever suas atitudes anti-corrupção como meros "ossos do ofício", insistindo que a real bandeira de seu governo é mesmo o combate contra a pobreza, a miséria e a desigualdade. Desta forma, conquista o respeito tanto daqueles que ainda esperam que seu mandato seja uma continuação do de Lula, quanto daqueles que esperam que ela o supere - afinal, para estes, a falha de Lula era justamente a complacência para com os corruptos.

O problema é que, até agora, apenas esta segunda turma está satisfeita. O primeiro grupo, formado por cidadãos de baixa renda que esperam e precisam da ajuda do governo para colocarem comida em suas mesas, se ainda não pode chegar a desprezar a Presidente, por outro lado, também ainda não a venera. Ainda é cedo para julgar se Dilma Rousseff é ou não uma boa "presidente para os pobres", mas de qualquer forma, sua popularidade já começa a ser medida - e vem caindo, embora o índice ainda possa ser considerado satisfatório: em março, 56% achavam o governo ótimo ou bom; agora, em agosto, esse percentual desceu para 48% (http://www.mancheteonline.com.br/jornalismo/editorias/manchetes-principais/5354-cai-a-popularidade-da-presidente-dilma-rousseff.html).

Para reverter esta situação, bem como, para honrar com o compromisso que fez com o povo brasileiro, Dilma tem agido: está trabalhando no programa Brasil sem Miséria, que na semana passada foi lançado em São Paulo, contando com a presença de Lula e também de Fernando Henrique Cardoso, com o qual tem mantido relação amigável.

Este é, aliás, outro aspecto que tem rendido elogios à Presidente, haja visto que, ao contrário do que se espera de alguém que veio da esquerda, ela tem enaltecido e reconhecido o legado deixado pelo ex-presidente do PSDB; inclusive dedicou-lhe uma carta repleta de honrarias na ocasião de seu aniversário de 80 anos de idade, em junho, descrevendo-o como "acadêmico inovador", "político habilidoso" e "ministro-arquiteto de um plano duradouro de saída da hiperinflação e o presidente que contribuiu decisivamente para a consolidação da estabilidade econômica". 

Todos estes pontos, a meu ver, são mais do que suficientes para fazer com que Dilma mereça nosso apoio e respeito. Em verdade, o que eu realmente acredito é que o simples fato de um indivíduo estar na posição de Chefe de Estado e de Governo já é digno de todo respeito,  independente de nossa aprovação; todavia, com todas as aventuras políticas que o nosso país assistiu nos últimos anos, tem sido difícil exigir qualquer sentimento de respeito por parte do povo brasileiro. Se outrora os cargos políticos inspiravam respeito de per si, hoje em dia é necessário dar motivos para ser respeitado.

Logo, acho que é um bom momento para a população demonstrar apoio à sua Presidente. Apesar das menções elogiosas que tem recebido, por outro lado, ela ainda sofre grande pressão e está carente de amparo até mesmo dos seus próprios aliados políticos. Mesmo assim, tem se mantido decidida em cumprir com suas obrigações. Afirma não estar preocupada com popularidade, mas certamente, se receber o apoio do povo, sentir-se-á muito mais estimulada para continuar trabalhando seriamente.