("American honey", Lady Antebellum)
Entre uma petição e outra, hoje pela manhã resolvi assistir um pouquinho de MTV. Há quanto tempo eu não assistia! MTV me remete ao início da minha adolescência, quando eu podia assistir TV à vontade, e ainda sobrava tempo para estudar, ler, escrever e alimentar todos os meus outros vícios, todos relacionados à arte, cultura e entretenimento.
Sim, eu fui uma dessas garotas que passou praticamente a infância e adolescência inteiras dentro de casa, atolada entre livros didáticos e paradidáticos, caderninhos de poesia, CDs, fitas VHS, computador e televisão. E por mais que eu não discorde de quem diz que uma criança saudável precisa brincar na rua, realizar atividades ao ar livre e se relacionar com outras crianças, devo dizer que se pudesse voltar atrás, faria tudo outra vez. Não me arrependo nem um pouco da forma como vivi todos aqueles anos; pelo contrário, sinto grande saudade de tudo aquilo.
Peixes com ascendente em gêmeos e DDA (ou TDAH, como preferem chamar hoje) são uma combinação explosiva, ideal para fazer com que o simples colorido de uma programação me mantenha com os olhos pregados em um livro de Processo Penal e a mente totalmente submersa em deja vus, trazendo à tona as lembranças de velhos tempos em que se podia exercer livremente tudo que nos encanta e inspira.
Engraçada a forma como eu costumo descrever-me para mim mesma como uma pessoa que preza pela estabilidade e gosta de rotina, mas ao mesmo tempo, como alguém que precisa de um pouco de fantasia para viver. Talvez a minha ideia perfeita de felicidade seria esta: uma realidade boa e tranquila, com pequenos insights de sonho e magia.
No fim das contas, é isso que eu sou: gosto de saber onde estou pisando, mas de vez em quando, permito-me voar um pouco. Só consigo ser feliz quando reunidas essas duas condições: pés no chão e um pouquinho de imaginação. Ademais de condição para a minha felicidade, essa combinação constitui também uma receita.
Eis uma canção com a qual me identifico plenamente, e cuja essência descreve muito bem a minha própria essência. Em uma discussão a respeito de sua letra, na comunidade do orkut "Analisando Kid Abelha", a participante Livinha interpretou-a concluindo que "Vencer a realidade com a imaginação, se prendendo nas coisas simples, pode trazer a felicidade".
Uma vida inteiramente baseada em sonhos soa utópica e imatura demais para mim. Por outro lado, uma sucessão de atos cotidianos que se resumem em si próprios parece-me cansativo e insensível. Então, por que não ter os dois?
E, pensando bem, não é exatamente assim que a minha vida está agora? Por isso me sinto feliz. Fica fácil ser feliz assim. Não tenho do que me queixar, graças a Deus.
Adoro estar onde estou, adoro as circunstâncias da minha vida. Até ouso dizer que tenho orgulho do que me tornei, orgulho dos planos que faço para o meu futuro. É certo que, em alguns momentos, sinto-me cansada; mas, para estes momentos, sempre tenho minha válvula de escape; sempre posso contar com minha imaginação e com um pouquinho da magia que encontro em pequenos detalhes do dia a dia: um sorriso, um cheiro, uma cor, uma roupa, um poema, um trecho de música, ou até mesmo assistir um pouquinho de MTV.
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