Fácil querer fazer com que o outro se sinta culpado, ignorando a própria culpa em despertar este traço de insensibilidade na personalidade dele. Espera-se muita compreensão e tato para que não se machuque o sentimento próprio, sem se considerar o quanto já se machucou o sentimento alheio.
Nem sempre nos encontramos na condição de sermos perdoados ou compreendidos por alguém, ainda que a atitude mais cristã deste alguém seja, efetivamente, perdoar e compreender. Passamos uma vida inteira sem medir as consequências que nossos atos têm sobre a vida e os sentimentos do outro, e em uma só vez em que o outro nos fere, instantaneamente nos autovitimizamos.
O fato é que somente quando alguém nos causa dor é que temos consciência do tamanho da dor que é possível causar a alguém. Estando no polo passivo é que entendemos a gravidade da atitude de quem está no polo oposto.
E o problema é que não é em todo momento de sofrimento que se busca reflexionar sobre tantos que sofrem por nossa causa. Concentramo-nos tanto em nossa própria dor, que acabamos não nos lembrando de que outrora fomos os algozes.
De qualquer forma, independente da posição em que estamos, o importante é ter consciência do que foi feito - seja sofrer, seja fazer sofrer - e tentar consertar - seja perdoando e não guardando mágoa, seja nos arrependendo e reparando o mal. Afinal, estejamos nós em qualquer situação que estivermos, somos sempre capazes de fazer algo para melhorar o atual estado das coisas, porque todo homem, seja ele o modificado ou o modificador, é agente da sua própria vida.
"O homem é, assim, constantemente, o árbitro de sua própria sorte; pertence-lhe abreviar ou prolongar indefinidamente o seu suplício; a sua felicidade ou a sua desgraça dependem da vontade que tenha de praticar o bem."
(O Evangelho Segundo o Espiritismo, Capítulo XXVII, item 21)
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