“Faz parte da natureza humana evitar ações de longo prazo ou em escala ampla até que haja uma ameaça que seja percebida pela maioria da população.”
(BARRET, Gary W.; ODUM, Eugene P. Fundamentos de Ecologia. São Paulo: Cengage Learning, 2008. Pág. 465)
Do que ainda precisamos para tomar uma atitude? Os recursos estão todos ao nosso alcance, mas a verdade é que não vamos usá-los enquanto ainda acreditarmos que as coisas continuarão bem independentemente de como agimos.
Enquanto tivermos a certeza de poder "contar com a sorte" (se é que existe sorte; pois acredito plenamente que não), não nos esforçaremos para melhorar as coisas. É preciso o prenúncio de um desastre para que enfim resolvamos fazer alguma coisa. Se o resto do mundo permanece bem apesar de nosso péssimo comportamento, continuaremos agindo mal. Precisamos nos sentir pressionados e ameaçados para dar o nosso máximo em prol de algo.
O problema não é conseguir coragem e disposição para adotar uma nova postura: o problema é tomar a decisão de conseguir essa coragem e essa disposição. Preferimos adiar o momento de fazê-lo, inventando desculpas para todos e para nós mesmos, empurrando nossos planos para o momento crucial do qual não se pode fugir, aquele momento em que não mais será possível postergar nada. Pensamos que é ele o momento ideal, e não agora. E esperamos por esse momento, pois cremos que, quando ele chegar, seremos capazes de ignorar os vícios e paixões aos quais nos dedicamos durante todo esse tempo para, enfim, fazermos o que é necessário.
Somos tão fortes e maduros assim? E se, quando chegada a hora, não conseguirmos? O que curará o arrependimento por não termos feito tudo que podíamos enquanto ainda era tempo?
"Oh! amigos da Terra! quantos de vós podereis evitar o caminho da amargura com o preparo dos campos interiores do coração? Acendei vossas luzes antes de atravessar a grande sombra. Buscai a verdade, antes que a verdade vos surpreenda. Suai agora para não chorardes depois."
(André Luiz, psicografia de Chico Xavier, livro "Nosso Lar", capítulo 1)
As consequências de nossa ignávia refletem-se no mundo à nossa volta e na vida das pessoas que convivem conosco. Todos acabam sendo vítimas das atitudes impensadas de alguém que opta pela leviandade em vez da temperança; e este alguém vê também em si próprio o resultado das próprias escolhas, pois sabe que poderia ser muito melhor do que realmente é. E cobrar-se-á por isto, quando for maduro a ponto de compreender o que fez consigo mesmo.
"Os Espíritos são criados simples e ignorantes, mas com aptidões para tudo conhecer e progredir, dependendo de seu livre arbítrio, de seu próprio trabalho, razão porque tantos somos diferentes uns dos outros. Em nossas reencarnações sucessivas, através do livre arbítrio, da própria vontade. Uns realizam mais rapidamente suas necessidades de progresso, cumprindo as leis naturais, as leis morais da vida, adquirindo uma maior gama de conhecimentos e aprendizado.Outros, também em razão de seu livre arbítrio, vivem “adiando” suas necessidades de trabalho e vivência de melhoramento espiritual-moral, deixando tudo para depois, o que lhes é permitido, entretanto não é recomendável. Desta forma, uns evoluem mais rapidamente e outros permanecem na ignorância por mais tempo.
A falta de vigilância, certamente, é um dos fatores mais sérios e que mais nos atrasam a caminhada, pois que na maior parte das vezes, esta invigilância é que nos faz permitir as influenciações negativas daqueles espíritos errantes que estão procurando apenas uma brecha, uma passagem, uma ação ou pensamento, para se utilizarem de nós e assim satisfazer suas necessidades maléficas.
A felicidade está na razão do progresso alcançado. Os que deixam para depois, adiando a prática do bem, da caridade, do trabalho, do amor ao próximo e as demais leis divinas ou naturais, estes, certamente são mais infelizes e se mantêm na ignorância por mais tempo.
Aí já podemos entender, perfeitamente, o porquê de embora criados simples e ignorantes, uns já se adiantaram no progresso e outros estão ainda muito atrasados."
(Vera Meira Bestene, "A intervenção dos espíritos"; disponível em: http://www.espirito.org.br/portal/artigos/diversos/comportamento/a-intervencao-dos-espiritos.html)
Um comentário:
Muito bom Ana! Tenho encontrado grande sabedoria nos seus textos, esse em particular diz muito pra mim, sei que é difícil, transpormos o mundo do ideal, fazer tudo que se sabe que se deve fazer; mas é uma necessidade. Acredito que quanto mais pensamos nisso, no tempo que perdemos e nas possibilidades de evolução pessoal que vamos deixando pra depois, mais vai se acomulando em nós essa energia de colocar tudo em prática, até o momento inevitável em que o pensamento toma forma e se torna ação.
Postar um comentário