Sempre quero mais do que tenho, e o pior, mais do que posso ter. Esta sou eu: nunca estou satisfeita. Tenho quase tudo e ainda quero mais. Se me derem o mundo, quererei mais um planeta.
É ridículo admitir que eu quero isto agora, mas a verdade é que eu quero. Eu nem preciso... Mas quero. Nem precisaria acontecer, bastaria que fosse possível.
As possibilidades me afligem e me encantam. Quase nunca estou a par delas, e isto me reconforta, pois não conhecê-las sempre pode significar que elas podem ser como quero que sejam. É torturante ignorar o que se passa fora de mim; todavia, por outro lado, é uma delícia, pois a incerteza nunca é a certeza do 'não': é sempre a probabilidade do 'sim'.
Sinto-me frívola por despender tempo e energia querendo o que quero. É uma bobagem, não faz sentido, jamais poderia se concretizar, mas é o que sinto: quero, quero mesmo que abstratamente. E sou ridícula, porque certamente, se eu conseguisse o abstrato, passaria a querer o concreto.
Esta sou eu. Meu problema é ser feliz demais. Estou sempre sendo agraciada com bênçãos e presentes da vida, mas nem assim minha mente escapa das perambulações sobre o resto das coisas que ainda não tenho.
E o pior de tudo isto é que geralmente não me sinto atraída por coisas tão substanciais quanto as que já possuo. Sou tão abençoada, quase nada em minha vida é superficial, tenho tudo de melhor, sólido e verdadeiro... Meus olhos não deveriam brilhar ao avistarem coisas menores do que as minhas próprias. Sou mal acostumada, isto é um fato; e sou tola, e vou pagar caro por isto, pois estou desvirtuando a ordem das coisas. Se Deus me dá sempre tantas joias, certamente não é para que eu perca tempo desejando bijuterias. Eu deveria me colocar no meu lugar e fazer bom uso do que tenho.
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