Em uma triste e
belíssima canção, o vocalista do Rascal Flatts diz, no refrão, que o que
machuca mais é estar tão perto de concretizar algo e não fazê-lo, sem nunca
poder saber o que poderia ter sido e não foi. É um pensamento bonito para caber
em uma canção, e certamente é o que passaria pela mente e pelo coração de
alguém que perde a oportunidade de saber se valeria a pena viver um grande amor...
Contudo, quando olho para trás, e mesmo quando avalio o presente, quando
analiso minhas parcas experiências e os acontecimentos da minha vida, concluo
que não sou suficientemente intensa a ponto de preferir pagar pra ver, em
vez de tomar decisões seguras.
Houve muitas ocasiões
em que eu poderia ter escolhido diferente, ter me arriscado mais, ter optado
pelo mais duvidoso em vez do certo... O problema é que, se eu fizesse isso, não
estaria sendo fiel à mim mesma. Não me incomoda ser chamada de covarde,
pois sei que o medo pode ser bastante útil, às vezes - e o foi, por várias
vezes, para mim.
É verdade que algumas
das melhores coisas que já me aconteceram são consequências de escolhas ousadas
e mal calculadas; no entanto, é também verdade que foi o meu jeito cauteloso
que construiu para mim a vida feliz e segura que tenho hoje. Não consigo me
deixar seduzir pelas modernas convocações de intensidade, espontaneidade,
"viva o hoje como não se houvesse amanhã"... A vida é uma
oportunidade grandiosa demais para ser vivida tão inconsequentemebnte.
Quando olho para trás
e vejo todos os momentos em que eu me recusei a dar o passo rumo ao
desconhecido, não me sinto arrependida. Sinceramente, prefiro a dúvida do êxito
à certeza da frustração. Não é que eu morra de medo de fracassar (tenho medo,
admito; mas não morro, hão de admitir); só não consigo achar inteligente quem opta
pela possibilidade do erro quando existe uma maior probabilidade do sucesso! O
que há de errado em querer o melhor para si? Se para consegui-lo for preciso
fazer planos e cálculos, eu os farei. Só quero ser feliz, só quero que as
coisas dêem certo...
Até hoje (e é fácil
dizer isso, porque eu ainda sou jovem), orgulho-me da maioria das minhas
escolhas: elas me trouxeram até onde estou, e eu adoro estar aqui. Um
apaixonado desmesurado poderia me criticar dizendo que talvez as coisas fossem
melhores para mim se eu tivesse feito as escolhas menos óbvias... É verdade.
Todavia, conheço a mim mesma o bastante para saber que eu seria bem menos feliz
colecionando centenas de 'foi horrível' do que dezenas de 'foi
bom, mas poderia ter sido melhor'.
O 'poderia ter sido
melhor' é bonito, pois contem ínsito em si várias possibilidades. Não me
aborrece saber que as coisas poderiam ter sido diferentes. O que me aborrece é
saber que poderiam ter sido muito melhores mas por burrice minha não o foram.
É claro que estou
falando de mim; afinal, há quem consiga ser feliz de outro jeito. E eu até
poderia imitar estas pessoas para ter uma ideia de como seria, "ver no
que dá"... O problema é que, agindo desta forma, eu não estaria sendo
eu mesma. Sou o que sou não apenas porque sou, mas porque é assim que preciso
ser para ser feliz, para fazer as coisas funcionarem, para a vida continuar seu
rumo. Não é uma receita de bolo, não é um remédio generalizado, não é uma
fórmula para ser feliz... É simplesmente aquilo que dá certo pra mim.
No fundo, acho que
preciso da intensidade alheia para viver, da loucura que vem dos outros, essa
loucura quase ingênua de quem acha que está certo em viver assim. A intensidade
das pessoas que amam sem medidas, tomam decisões sem refletir, não pensam no
futuro, supervalorizam o hoje e esquecem-se de que amanhã estarão vivos - doces
tolinhos -; essa paixão toda me inspira. De verdade. Mas, no fim das contas, eu
realmente prefiro me arrepender do que não fiz do que me arrepender do que fiz.
E até hoje, nunca me arrependi de ser assim.
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