sábado, 7 de janeiro de 2012

Beyoncé, o sexismo e a submissão

Como é bom ter o direito de mudar de opinião! Como é bom ter a oportunidade de enxergar uma situação sob um novo ângulo e, então, conceber uma nova ideia, mais elaborada e lógica que a anterior! - uma famosa sentença atribuída ao Barão de Itararé já dizia que "triste não é mudar de ideia, triste é não ter ideia nenhuma para mudar".

Semanas atrás, fiz uma resenha do álbum "4", da cantora Beyoncé... Ao discursar sobre a canção "Run the world", classifiquei-a como uma "ode ao mérito feminino", uma "convocação". Ulteriormente, tive a oportunidade de ler uma análise diferente da mesma canção, feita pelo jornalista André Pacheco, no site Vestiário. André enxergou em "Run the world" o que eu mesma havia enxergado na obra de Beyoncé (e comentei a respeito ao falar sobre a canção "1+1", no texto supra citado), mas não nesta canção... 

O jornalista observou que, no videoclipe de "Run the world", apesar de Beyoncé gritar aos quatro cantos que as mulheres mandam no mundo, insiste em portar-se como objeto sexual dos homens, e ao fim, o exército feminino comandado por ela bate continência ao grupo masculino, como que reconhecendo sua inferioridade perante ele.

Beyoncé: uma "Amélia" ou
uma feminista?
De fato, na obra de Beyoncé, é possível observar um certo paradoxo... Afinal, é ela uma feminista ou uma "Amélia"? O que ela prega: a independência das mulheres, ou a submissão destas aos homens? Como ela encara o sexo oposto: como um oponente, ou como um objeto de devoção?

Beyoncé é casada com o rapper e empresário Jay-Z, e apesar de ser muito discreta acerca de sua vida pessoal, em suas canções e entrevistas é possível perceber que tem por ele um amor tão devotado a ponto de quase fazer-lhe perder a pose de mulher poderosa... Em "Dangerously in love" e "Rather die young", por exemplo, Beyoncé canta que Jay-Z é sua vida, que prefere morrer a viver sem ele.

E em várias outras canções, é possível delinear uma Beyoncé que oferece sua subserviência ao homem amado, afirmando que fará por ele tudo que ele quiser, e colocando-se à disposição para satisfazê-lo e servi-lo, de várias formas: em "Cater 2 you", ela canta como a mais doméstica e submissa das mulheres ("I'll do anything for my man..."), pedindo ao seu homem, assim que ele chega cansado do trabalho, para sentar-se e deixar que ela mesma tire seus sapatos, providencie seu banho e sua comida; em "Countdown", ela repete várias vezes o quanto é dedicada ao homem que ama, e conclama suas ouvintes a também fazerem tudo pelos seres amados, até mesmo preparar o jantar de salto alto, se for preciso ("All up in the kitchen in my heels, dinner time"); em "Dance for you", ela oferta satisfação sexual ao seu homem, como uma forma de mostrar o quanto o ama ("I wanna show you much I'm dedicated to you... Tonight I'm gonna dance for you").

Porém, em outras canções, como "Independent woman Part I", ela aclama a independência feminina e exalta as mulheres que não precisam ser sustentadas por homens; e mais: diz ainda que o homem que tentar interferir nesta situação e tentar dar ordens perderá sua chance com ela ("Try to control me, boy, and you get dismissed"). 

"Run the world", aparentemente, seria mais uma destas canções feministas. Entretanto, feita uma análise muito pormenorizada da letra, encontramos algumas contradições e outros detalhes interessantes que dão-nos uma pista de qual é a verdadeira posição de Beyoncé... Vejamos:

- Logo no início da canção, ela avisa e decreta: "Quem manda no mundo? As garotas!". E já começa as estrofes dizendo: "Alguns homens pensam que eles detonam como nós, mas não detonam", e "Desrespeitar-nos? Não, eles não vão.";
- Porém, segundos depois, ela canta: "Garoto, estou só brincando, venha aqui, meu querido, espero que goste de mim, mesmo se me odiar", com uma certa sensualidade na voz, como se estivesse realmente fazendo um joguinho com seu homem, e esclarecendo-o que o que havia dito antes  (sobre a superioridade feminina) era apenas um discurso falso, uma brincadeira;
- Antes do refrão, Beyoncé canta: "Minha persuasão pode construir uma nação"... Reparemos bem no uso da palavra "persuasão", pois logo em seguida ela usa de sua voz mais maliciosa e picante para dizer: "Você fará qualquer coisa por mim...", e imediatamente grita de novo: "Quem manda no mundo? As garotas!". Este trecho é uma evidência clara de que Beyoncé crê que a mulher pode conseguir o que quiser do homem através do sexo e da luxúria;
- Já quase na metade da canção, vem um trecho que eu avalio como uma amostra de que, apesar do já dito, Beyoncé ainda acredita de fato na capacidade feminina de destacar-se pelo que faz: "Essa vai para todas as mulheres que estão conseguindo seus objetivos; para todos os homens que respeitam o que eu faço, por favor respeitem meu brilho";
- Mas, ao mesmo tempo em que exige que o sexo masculino a respeite, Beyoncé busca ser aprovada por ele: "Espero que ainda goste de mim, se me odiar"... Neste trecho, ela manifesta sua intenção de agradar o homem, ainda que ele se sinta irritado com sua proclamação de independência;
- Por fim, Beyoncé brinca com o fato de o homem achar sexy a mulher moderna e independente, que consegue conciliar o papel tradicional de mãe e o seu novo papel de mulher trabalhadora: "Garoto, você sabe que adora a forma como somos inteligentes o bastante para ganhar milhões, fortes o bastante para criar as crianças e então voltar ao trabalho...".  

Enfim... Como visto, "Run the world" dá margem a várias interpretações... 

André Pacheco faz uma observação interessante sobre o videoclipe:

"Beyoncé não fez nada de feminista em “Run The World (Girls)”. Ela convoca uma luta contra os homens, e não o diálogo. A arma usada para reverter a situação de submissão é a bunda, mantendo o mesmo paradigma. Mulheres são objetos dos homens, no vídeo representados por policiais – os vigias do sistema. E, a única coisa que o exército revolucionário de Beyoncé faz para poder levar as mulheres à dominação, é dançar."

É fato que o apelo sexual sempre foi um dos carros-chefe da carreira de Beyoncé. Apesar de ser bastante reservada e até mesmo recatada em seu cotidiano e sua vida pessoal, nos palcos e perante as câmeras Beyoncé é um furacão sexual. Em suas coreografias, prioriza o rebolado e a sensualidade. Em várias letras de canções, como em "Baby boy", "Naughty girl" e "Get me bodied", faz menção ao corpo, ao sexo e à volúpia. Como este tipo de comportamento pode vir de uma artista que também levanta a bandeira do valor da mulher no mundo?

A questão é interessante... Porém, de uma maneira geral, entendo que é possível a coexistência das duas linhas de pensamento: a da mulher poderosa e independente, e a da mulher submissa ao homem que ama, e ambas aliadas a mais uma tese: a da mulher que usa do corpo para agradar seu homem, ou mesmo, para conseguir dele alguma coisa que deseje. É o que observo, não só em "Run the world", mas também do cotejo desta com outras canções de Beyoncé.

Somadas e comparadas todas estas teorias, fica, ao menos para mim, uma conclusão, que não sei bem ao certo se é a de Beyoncé, mas definitivamente é a minha: a mulher realmente situa-se em posição superior ao homem... em alguns aspectos. E em outros, não. 

Feita uma análise superficial (afinal, não tenho condições de perquirir o que realmente se passa na mente de Beyoncé) do conjunto da obra e também da vida pessoal de Beyoncé, concluo que, de uma forma geral e descontextualizada, não se pode apostar nem no homem e nem na mulher como sexo mais forte. Focado o ângulo para algum aspecto específico, aí sim é possível que um ou outro seja superior. 


E tem mais: o fato de um sexo ser superior ao outro em determinado aspecto não significa que seja superior de uma maneira geral... É tudo tão simples que chega a ser ridícula a maneira como uma única verdade pôde desencadear essa famigerada guerra dos sexos! Homens e mulheres não são iguais, e o fato de serem diferentes não quer dizer que um ou outro seja melhor. Aliás, por que é mesmo que alguém tem que ser melhor? 


É verdade que quem declarou o início da batalha entre sexos foi a mulher. De outra plana, contudo, é inegável que o homem colaborou para isto. 


É desnecessário qualquer esclarecimento mais minucioso acerca de como a mulher, desde os primórdios da humanidade, foi desvalorizada, açoitada e rebaixada pela sociedade patriarcal e machista... O ódio reprimido por tantos anos no âmago das mulheres um dia acabou explodindo, até elas criarem coragem de reivindicar a equiparação dos seus direitos aos dos homens, até, por fim, elas se inflamarem tanto a ponto de praticamente negarem sua feminilidade e desejarem ser totalmente iguais aos homens.


Como mulher, tenho uma confissão a fazer: nós, mulheres, morremos de inveja dos homens. Pensamos que eles têm muito mais regalias e vantagens que nós, que a vida deles é muito mais fácil, e isso nos enche de raiva. Afinal, a natureza já nos desprivilegia com tanta coisa (hormônios loucos, cólicas, menstruação, TPM, celulites, estrias, atuação mais intensa da lei da gravidade, parto, fragilidade, menos força física), e ainda por cima a sociedade também faz isso conosco (pagando-nos menos, discriminando-nos mais, enxergando-nos como símbolo sexual mas ao mesmo tempo cobrando-nos habilidades domésticas e repressão da própria sexualidade)? Fica difícil não achar que tudo no mundo conspira contra nós... Fica difícil não querer estar na pele de um homem.


Nesta peleja por buscar um pouco mais de equidade e justiça, a mulher feminista acabou se perdendo. Quis tanto conquistar para si aquilo que o homem tem, que acabou transformando a si própria em um homem; esqueceu-se de quem é, não atentou-se ao fato de que é possível exigir respeito do sexo oposto sem precisar igualar-se a ele.


Como resultado disto, temos hoje o fenômeno da masculinização da mulher, e outrossim, uma consequência ainda pior: na tentativa de conciliar a preservação de sua feminilidade e o novo padrão masculino que escolheu para sua própria vida, a mulher se desgasta, e esse desgaste traz-lhe muito sofrimento. 


E tudo isso para quê? Para provar que ela pode ser homem e mulher ao mesmo tempo? Para mostrar ao mundo que ela não precisa de um homem? Qual o problema em precisar de um? O que há de errado em simplesmente aceitar-se como mulher?


O que há de errado, na visão da mulher, é que conformar-se com o próprio gênero significa conformar-se em ser o lado mais fraco, pois a mulher acredita que a sociedade a reputa mais fraca que o homem.


Na verdade, a mulher não é mais forte nem mais fraca, não é melhor nem pior: é apenas diferente. E essa diferença não decorre só da imposição da sociedade, mas de sua própria natureza. 


A psicóloga canadense Susan Pinker, grande estudiosa do assunto, estatui que é equivocado crer que a sociedade inventou as diferenças entre os sexos, quando na verdade a origem dela está na própria genética. Em entrevista à Folha de São Paulo, Susan afirmou: 

 "As mulheres foram discriminadas por tanto tempo que as pessoas têm uma aversão à ideia de que existe uma diferença natural, biológica. Acham que falar sobre diferenças é voltar a pensar como antigamente, quando, na verdade, não tem nada a ver com discriminação. É bobo ignorar as evidências científicas só porque você tem medo do que elas vão dizer. (...)  O que acontece de bom quando as mulheres aceitam que existem diferenças biológicas naturais é que elas se sentem muito menos isoladas com seus sentimentos." (fonte:  http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u709956.shtml)



Conforme o próprio título da matéria, Susan Pinker acredita que a mulher que aceita as diferenças entre os gêneros consegue ser mais feliz. Obviamente, a partir do momento em que um indivíduo abole as cobranças e se aceita como é, ele sofre menos e é mais feliz. 


Por natureza, a mulher possui aptidões e deficiências diversas das do homem... Claro que algumas podem ser desenvolvidas, trabalhadas, aperfeiçoadas; porém, a condição natural dos sexos é distinta.... E não há nada de mal nisso!


Não é por acaso que as mulheres necessitem ser protegidas e os homens possam proteger... Há uma razão de ser para que os homens precisem de cuidados e as mulheres saibam cuidar: um precisa do outro. Ambos são complementares e devem ajudar-se mutuamente. Nossas fraquezas vêm na medida em que necessitamos aprender algo com alguém mais forte...


Sim, pode soar muito louco, mas é esta a minha nova teoria: em alguns aspectos, a mulher pode e deve sim ser submissa. Assim como, em alguns aspectos, o homem também o pode e deve. 


Sendo assim, em algumas searas, é inegável que um dos dois se sobressairá. Nestas, cabe a ele(a) a posição de dianteira, e ao outro, a posição de subordinado. Em outras áreas, o papel se inverte. Quem é mais favorecido em um ponto, lidera - e como ninguém é perfeito em tudo, haverá situações em que o líder transformar-se-á em servente. 


A mulher pode sim ser, ao mesmo tempo, serva e senhora, ser aquela que manda e também aquela que obedece, ser a que levanta a voz e também a que abaixa a cabeça. Em suma, é perfeitamente possível que sujeição e sujeitação coexistam. Por que uma possibilidade deve excluir a outra? A vida não é um polo único. Existem tantas coisas nas quais a mulher pode se destacar, e outras nas quais o homem sai-se melhor... Há espaço para todos brilharem, não é preciso que nenhum tente apagar o brilho do outro.


Se cada um tem suas habilidades e suas fragilidades, por que um não pode auxiliar o outro? Trata-se de um exercício de cooperação, de respeito e de humildade. 


É preciso que deixemos o orgulho de lado, sejamos humildes e honestos para reconhecer que somos inferiores em algumas áreas, e nestas, devemos permitir que o sexo oposto nos oriente e assuma a dianteira. Assim, além de aprendermos com ele, demonstramos que o respeitamos. É desnecessário qualquer combate de egos... As forças precisam ser unidas, não confrontadas. 


Seria imprudente da minha parte dizer em qual aspecto o homem deve ser condescendente, e em qual aspecto a mulher é quem deve sê-lo. Isto é algo que vai depender de cada casal, de cada caso, de cada pessoa. É um chavão dizer que o homem possui mais força física e que a mulher possui maiores habilidades culinárias; todavia, conheço dezenas de exemplos de mulheres capazes de carregar mais peso que muitos homens, e de homens que cozinham melhor que mulheres.





O Livro dos Espíritos, Parte III, Capítulo IX, item VI: Igualdade de direitos do homem e da mulher

817. O homem e a mulher são iguais perante Deus e têm os mesmos direitos?
      — Deus não deu a ambos a inteligência do bem e do mal e a faculdade de progredir?

818. De onde procede a inferioridade moral da mulher em certas regiões?

     — Do domínio injusto e cruel que o homem exerceu sobre ela. Uma consequência das instituições sociais e do abuso da força sobre a debilidade. Entre os homens pouco adiantados do ponto de vista moral a força é o direito.

     819. Com que fim a mulher é fisicamente mais fraca do que o homem?

     — Para lhe assinalar funções particulares. O homem se destina aos trabalhos rudes, por ser mais forte; a mulher aos trabalhos suaves; e ambos a se ajudarem mutuamente nas provas de uma vida cheia de amarguras.

      820. A debilidade física da mulher não a coloca naturalmente na dependência do homem?

      — Deus deu a força a uns para proteger o fraco e não para o escravizar.

Comentário de Kardec: Deus apropriou a organização de cada ser às funções que ele deve desempenhar. Se deu menor força física à mulher, deu-lhe ao mesmo tempo maior sensibilidade, em relação com a delicadeza das funções maternais e a debilidade dos seres confiados aos seus cuidados.

      821. As funções a que a mulher foi destinada pela Natureza têm tanta importância quanto as conferidas ao homem?

      — Sim. e até maior; é ela quem lhe dá as primeiras noções da vida.

      822. Os homens, sendo iguais perante a lei de Deus, devem sê-lo  igualmente perante a lei humana?

      — Este é o primeiro princípio de justiça: “Não façais aos outros o que não quereis que os outros vos façam”.

      822 – a) De acordo com isso, para uma legislação ser perfeitamente justa  deve consagrar a igualdade de direitos entre o homem e a mulher?

      — De direitos, sim; de funções, não. É necessário que cada um tenha um lugar determinado; que o homem se ocupe de fora e a mulher do lar, cada um segundo a sua aptidão. A lei humana, para ser justa, deve consagrar a igualdade de direitos entre o homem e a mulher; todo privilégio concedido a um ou a outro é contrário à justiça. A emancipação da mulher segue o progresso da civilização, sua escravização marcha com a barbárie. Os sexos, aliás, só existem na organização física, pois os Espíritos podem tomar um e outro não havendo diferenças entre eles a esse respeito. Por conseguinte, devem gozar dos mesmos direitos.




Pois bem; o discurso parece fácil quando nos encontramos na posição superior, mas fica complicado colocá-lo em prática quando é preciso ser o subalterno... Especialmente para a mulher, que já foi oficialmente subalterna durante tanto tempo. 


Contudo, o erro do ser humano está em conferir um caráter pejorativo à característica da subordinação. Ser submisso não implica, necessariamente, em covardia e fraqueza de caráter. A subordinação pode ser uma coisa boa. 


A submissão inteligente é aquela praticada pelo indivíduo maduro, humilde e respeitoso, que sabe qual o seu lugar e aceita-o, entendendo que está onde está porque merece e porque tem algo a aprender com isto - e, na grande maioria das vezes, o indivíduo colocado em posição inferior o é para aprender a ser menos orgulhoso. 


A mulher da sociedade moderna acredita que, ao baixar a guarda para um homem, estará desmerecendo todos os direitos e o prestígio por ela conquistados ao longo de décadas de luta. Esse orgulho a atrapalha, e como consequência disso, ela "se recusa" a ser uma mulher para o seu homem, ou seja, recusa-se a fazer o papel de "mulherzinha", pois acha que ao fazer isto, estará recriando o panorama no qual homens mandam e mulheres obedecem. Nessa insistência em manter uma postura de fêmea-macho e fêmea-feminina ao mesmo tempo, a mulher fica tão confusa e perturbada que dá abertura para o surgimento e desenvolvimento de vários problemas de ordem emocional (não consegue abrir seu coração para ninguém, sente dificuldade em doar-se ao companheiro, e por isto sofre com a solidão e o fracasso de seus relacionamentos) e disfunções sexuais (o vaginismo é um exemplo de disfunção sexual que acomete mulheres intelectuais e independentes que recusam-se a serem sujeitadas aos homens). 


É uma lição árdua, mas precisa ser assimilada: a mulher não perde sua dignidade quando consente que um homem lhe conduza. A mulher que reconhece a virtude de um homem e permite que este homem assuma um papel em sua vida, está também abrindo a porta para que a virtude dele a contagie e a auxilie naquilo que ela precisa. Ademais, ao identificar no homem um ou vários aspectos nos quais ele é mais capacitado, a mulher está nutrindo admiração por ele; e a admiração, eu já disse em outros textos, é um dos elementos mais importantes para que um relacionamento progrida estável e feliz.


Ah, e quanto ao parágrafo anterior, não se esqueçam do vice-versa... O homem que tolera uma mulher que gosta de tomar a dianteira em algumas situações não está sendo frouxo... Pelo contrário: é muito digno e nobre de sua parte permitir que a companheira lhe tome a mão e lhe mostre o caminho.


Qualquer um que tem a serenidade de identificar um companheiro como seu superior, e não rebelar-se contra isso, está sendo humilde e resignado. Consequentemente, viverá mais aliviado e sofrerá menos, pois não precisará lidar com a pressão de ser sempre o melhor. A postura de um vencedor inclui entender que não é possível vencer sempre... De vez em quando, outra pessoa precisa vencer. 


Já disse Jesus: "Aquele que quiser ser o maior, esse seja o vosso servidor; e o que entre vós quiser ser o primeiro, seja o vosso escravo; assim como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em redenção de muitos" (Mateus 20:26-28). 


Então, mulheres e homens, não soframos quando for momento de demonstrarmos obediência, tampouco sejamos arrogantes quando for momento de dar as ordens. Todos estamos onde estamos para tirar o melhor proveito da situação: seja para aprender com quem está acima de nós, seja para ensinar quem está abaixo. Na vida, temos somente aquilo que merecemos. Resignemo-nos e aprendamos com isto. 


Ah, e quanto à Beyoncé... Acho que ela já sabe de tudo isto. Não é por acaso que ela e seu marido formam um casal no qual ambos são brilhantes.

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