sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

A adorável pieguice do Romantismo da literatura brasileira

Pintura "O Soneto", de William Mulready, pintor contemporâneo do Romantismo inglês.



“Ali ela está na solidão de seus campos, talvez menos alegre, porém, certamente, mais livre; sua alma é todos os dias tocada dos mesmos objetos; ao romper d’alva, é sempre e só aurora que bruxuleia no horizonte; durante o dia, são sempre os mesmos prados, os mesmos bosques e árvores; de tarde, sempre o mesmo gado que se vem recolhendo ao curral; à noite, sempre a mesma lua que prateia seus raios na lisa superfície do lago. Assim, ela se acostuma a ver e amar um único objeto; seu espírito, quando concebe uma idéia, não a deixa mais, abraça-a, anima-a, vive eterno com ela; sua alma, quando chega a amar, é para nunca mais esquecer, é para viver e morrer por aquele que ama. Isto é assim, Augusto; considera que é lá em nosso campos que mais brilham esses sentimentos, que são a mesma vida e que não podem acabar senão com ela!...”
(Livro "A moreninha", 
de Joaquim Manuel Macedo)


“Embarco amanhã para o sul. Não é patriotismo que me leva, é o amor que lhe tenho, amor grande e sincero, que ninguém poderá arrancar-me do coração. Se morrer, a senhora será o meu último pensamento; se viver, não quero outra glória que não seja a de me sentir amado. Uma e outra coisa dependem só da senhora. Diga-me; devo morrer ou viver?”
(De Jorge para Estela, antes de ir à Guerra. 
Livro “Iaiá Garcia”, de Machado de Assis)
(OBS: Machado é considerado um escritor do gênero Realismo, porém, as primeiras obras de sua carreira são consideradas Românticas)


O Romantismo é um gênero um pouco menosprezado da nossa literatura, criticado por sua fórmula desgastada e maniqueísta, sempre com perfis definidos, os quais os autores seguiam à risca, sem muita inovação ou realismo. A mocinha bela e pura, o herói apaixonado e valente, o vilão cruel... Sempre a mesma coisa.

Até concordo parcialmente com algumas destas críticas, principalmente no que atina à extrema idealização das pessoas e coisas. Contudo, não posso deixar de contemplar a beleza da escrita dos autores... É certo que os romances desta época eram repletos de adjetivos, detalhes, descrições, e várias linhas de tanto sentimentalismo que beirava a monotonia - é o que os estudantes costumam chamar de "encher linguiça". Eu, porém, adoro essa pieguice toda. Gosto de poesia, beleza, requinte, palavras bonitas usadas para descrever sentimentos bonitos. E tudo isso eu encontro nas obras do período Romântico.

Aprecio também o Realismo como gênero, e não sou o tipo de pessoa que preza por utopias, mas que mal há em regozijar-se com algumas amostras da nossa tão bela língua portuguesa? Contamos com um vocabulário farto de substantivos e adjetivos lindos, há mais é que usá-los mesmo. Por que restringir-se a algumas poucas palavras? 

Também adoro esse exagero do Romantismo, esses arroubos que os personagens têm de declararem seu amor cheios de exclamações e reticências. Adoro essa intensidade, esse drama, essa força. Creio que me identifico um pouco com estas concepções, porque gosto de subjetividade, de ver beleza nas coisas. Não me contento com um simples exame da vida: gosto de adornos, gosto de captar as nuances, gosto de maximizar o que é belo e exaltar o que é interessante. Por que nos conformamos com um conceito mesquinho de vida? Tudo fica mais atraente quando é enfeitado. 

Se a vida é um cômodo, eu quero decorá-lo. Quero-o com cores bonitas e cheio de quadros.


" I don't want realism... I want magic!"
"Eu não quero realismo... Eu quero mágica!"
(Frase da personagem Blanche DuBois no filme "Um bonde chamado desejo", de 1951.)

O Youtube satisfazendo a nostalgia

“Para nós que temos de 35 anos para cima, esses desenhos têm um significado que os mais jovens não fazem nem ideia. Ao vê-los, sentimos nitidamente a cor, o cheiro e a forma de uma época que não volta mais, de uma época em que tudo era tao simples e ninguém estava nem aí com nada. Hoje, atordoados pela mudança tentamos entrar no ritmo deste mundo louco. Ironia do destino, dependermos de uma tecnologia dessas para sentir um gostinho de um passado onde não se imaginava nada parecido com Youtube”
Comentário de Flávio Barsa deixado no vídeo "Bom Bom e Mau Mau - Guerra e paz" 
(http://www.youtube.com/watch?v=bq-XsP02Z9s&feature=related)


Tenho o costume, sempre que assisto a algum vídeo no Youtube, de ler os comentários que as pessoas postam. Adoro saber o que as pessoas pensam, se gostaram, se ficaram emocionadas ou chocadas nas mesmas partes do vídeo que eu. Ademais, desse jeito acabo sabendo de coisas que não sabia, conhecendo várias coisas que não conhecia.

Acho que nunca li nenhum comentário tão verdadeiro, profundo e significativo como este. Eu estava ao esmo no Youtube – inicialmente procurei um desenho antigo e ele me levou a outro, que me levou a outro e mais outro, até eu achar este episódio de Bom Bom e Mau Mau (acho que nunca assisti isso, mas mesmo assim tive um deja vu quando vi este vídeo) e me deparar com este comentário. Até procurei este Flávio Barsa, mas ele deletou sua conta no Youtube.   

De qualquer forma, é bom podermos contar com ferramentas como a internet, Google, Youtube, downloads e afins para conseguirmos resgatar um pouquinho de uma época em que fomos tão felizes.

Revendo outro vídeo que fez parte da minha infância, encontro o comentário de Ângela: "Dá vontade de chorar... Você sabe que essa novela pode repetir, mas você não vai sentir a mesma coisa que sentiu quando assistiu na sua infância..."

Esta é a sensação que me acomete. Você pode rever as coisas, divertir-se com algo novamente, mas nunca pode sentir novamente a mesma coisa que você sentiu quando viveu aquilo pela primeira vez. Nenhuma vez é como a primeira vez, porque nenhuma vez é igual, e nenhum momento se repete.

É triste pensar que os tempos não voltam... Mas, por outro lado, é bom pensar que a cada instante estamos construindo mais recordações boas para o futuro. É bom fazer de cada momento um momento feliz e ao fim, verificar quantas coisas boas fizeram parte da sua vida. 

Para todos que, assim como eu, gostam de "viver de passado", deixo aqui a minha conclusão: se hoje estamos relembrando dias felizes, é porque naqueles dias demos mais valor à importância do momento do que a qualquer outra coisa. Busquemos valorizar também cada segundo que estamos vivos, e ser felizes não apenas porque um dia fomos, mas ser felizes agora

A contribuição de Kim Kardashian

E já que estamos falando sobre guilty pleasures (minha última postagem foi sobre a cantora Kelly Key), não posso deixar de tecer alguns comentários sobre essa celebridade que, embora ninguém saiba direito explicar como ela se tornou uma celebridade, tem ajudado a mudar um pouco os conceitos que a indústria da moda e do showbusiness tenta nos impor.

Kim Kardashian tem o tipo de corpo que tira o fôlego dos homens brasileiros (e pelo visto tem agradado também os americanos), mas que é alvo das maiores críticas dos fashionistas e da rejeição dos que trabalham com pessoas famosas.

A moda não é feita para garotas de coxa grossa, bumbum avantajado e quadril grande. Meninas com este biotipo tampouco são favorecidas na hora de tentarem entrar ao time dos artistas de televisão. Até moças esbeltas estão precisando emagrecer mais para manterem-se ativas em suas profissões, como Mariana Ximenes, que sempre foi magra e linda e no entanto precisou emagrecer ainda mais para interpretar seu último papel, a Clara da novela "Passione", da Rede Globo. Ou Juliana Paes, que há anos atrás foi alçada ao posto de unanimidade nacional devido às formas generosas de seu corpo, mas só viu sua carreira engrenar depois de ter emagrecido bastante e perdido vários centímetros nas medidas.


Neste cenário, surge a curvilínea Kim Kardashian, abusando de roupas que valorizam seu corpo, dizendo que ama suas curvas e incentivando as mulheres a amarem seus corpos. Ao aparecer na capa da revista Life & Style (foto ao lado) em uma foto 100% sem Photoshop, Kim diz: "Tenho celulite, e daí?", e aos que chamam-na de gorda, rebate: "Esta sou eu e amo meu corpo. Você deveria amar o seu também."
Na entrevista que consta no interior da revista, Kim ainda diz: "Em Hollywood, as pessoas estão acostumadas com mulheres magricelas, mas eu nunca vou ser assim. Quando crescia, eu olhava para as modelos magras e me achava diferente. Mas meus pais sempre nos disseram para termos orgulho do que somos" e "Estou tão cansada de pessoas fingindo que são perfeitas, encobrindo as coisas, quando na realidade nós somos quem e como somos. Você pode tentar se aperfeiçoar, mas a verdade é que ninguém é perfeito" (fonte: http://www.kansascity.com/2009/04/30/1171753/kim-kardashian-i-have-cellulite.html#ixzz1CLZdOQ7L)


À esquerda, a atriz Annalynne McCord, dona do corpo que todas as americanas querem. À direita, Kim Kardashian, com as curvas que os homens adoram.


Kim adora usar vestidos justos e decotados que acentuam suas curvas e fazem os homens delirarem, mas também gosta de estar atualizada de acordo com as tendências da moda, e gosta de roupas com um estilo mais sofisticado, com o estilo de uma mulher executiva.




Pois bem, a todas as mulheres que sentem-se inadequadas, Kim Kardashian é uma lição e tanto. Realmente não é preciso perder alguns quilos para adaptar-se a um padrão que a sociedade acata como sendo o único bonito. Há beleza em outras coisas que não aquelas que a gente vê na TV e nas revistas de moda. Sim, é possível ser "gostosa" e usar roupas lindíssimas. Não só as magras têm esse direito. Valeu, Kim.

Kelly Key

Algumas pessoas riem de mim quando digo que gosto da Kelly Key. Eu mesma confesso que demorei um tempo até criar coragem de fazer parte da comunidade dela no Orkut... Kelly Key é aquilo que em inglês chamamos de guilty pleasure, ou seja, prazer com culpa, aquilo que a gente gosta mas se sente meio bobo por gostar. 

Eu nunca disse que ela é a artista mais fabulosa que já surgiu ou que canta absurdamente bem, mas gosto dela. Gosto do que ela representa, gosto de sua carreira em si. 

Para mim, o maior trunfo de Kelly Key é o fato de ela ser muito honesta a respeito do próprio trabalho. Seu potencial vocal é bastante limitado; ela sabe disso e não fica tentando convencer ninguém do contrário. Tampouco tem a pretensão de mostrar-se uma artista super revolucionária, conceituada ou cult... Ela escolheu sua própria área, segue o seu estilo e se garante naquilo, sem se importar com o que dizem. É verdadeira a respeito do que faz e não fica tentando se autoafirmar. Não fica tentando empurrar para o seu público conceitos soberbos de si mesma. Ela é o que é, e faz o que faz sem se envergonhar.

Outra coisa que gosto nela é a mudança que ela trouxe para a música pop nacional. 

Seu primeiro álbum, de 2001, já chegou fazendo a diferença por trazer um pop com elementos do funk e hip hop, inclusive contando com rappers em algumas faixas. A fusão do pop "chiclete" com a música urbana já estava engatinhando rumo ao monopólio das rádios dos EUA, mas até agora nenhuma cantora pop no Brasil havia investido nisso. 

Sem mencionar as letras... Logo no primeiro hit, "Baba", Kelly Key cantava sobre uma garota dando o troco em um rapaz que a esnobou quando ela era mais nova. Antes de “Baba”, as canções pop teen nacionais seguiam sempre a mesma linha: eram baladas românticas com letras melosas ou no máximo canções agitadinhas, mas sempre falando de amor. Nas letras, o eu-lírico se colocava na posição de herói romântico disposto a sacrificar tudo por amor, colocando o amor acima de tudo na vida.

Vejamos alguns fragmentos de canções de artistas pop do início da década de 2000:


“Dói demais te amar assim / Ter o mundo e não poder te dar / Por que tem que ser assim? / Ver um sonho se perder no mar...” (“Por que tem que ser assim”, KLB)


“O amor não deixa / Não sentir saudades de você / E até mentir que não quero te ver / Fingir que sou feliz / Mas o amor não deixa...” (“O amor não deixa”, Wanessa Camargo)


“Se a lenda desta paixão faz sorrir ou faz chorar / O coração é quem sabe / Se a lua toca no mar, ela pode nos tocar / Pra dizer que o amor não se acabe” (“A lenda”, Sandy e Junior)


E então, eis que Kelly Key lança seu primeiro álbum e...


“Baba, a criança cresceu / Bem feito pra você / Agora eu sou mais eu / Isso é pra você aprender a nunca mais me esnobar” (“Baba”)


“A gente sai escondido / Pra beijar na boca e fazer amor” (“Escondido”)


“Só quero ficar, não quero namorar / Assim não tem graça de se viver / Aonde eu vou, você quer ir atrás” (“Só quero ficar”)


“Você gosta de mandar, você só me faz sofrer / Você só sabe gritar, e grita sem saber / Mas sem mim você não vive / Sem meus cuidados, amor / Fala baixinho comigo, a sua dona chegou / Vem aqui que agora eu tô mandando / Vem, meu cachorrinho, a sua dona tá chamando” (“Cachorrinho”)



Aliás, essa última canção inaugurou também no pop nacional uma nova era para as mulheres. Iniciou-se uma época em que as garotas não precisavam mais mostrarem-se submissas ao amor que sentiam pelos namorados, que podiam (e deviam) pensar mais em si mesmas.

(Só pra deixar bem claro: não tenho nada contra nenhum dos outros artistas citados neste texto! Inclusive gosto das músicas deles)

Kelly Key continuou com sua bandeira feminista em outros álbuns, mas também deixando espaço para canções mais românticas ou mais sensuais.

Durante um tempo, fez canções no estilo “chiclete” e com letras mais brincalhonas, o que lhe rendeu a fama de cantora infantil. Certamente não é minha fase favorita de sua carreira, embora eu adore o álbum “Por que não?”, de 2006. A faixa-título, inclusive, fala sobre sentir-se à vontade para ser quem quiser e não precisar seguir os passos de outra pessoa (“Tentei ser tudo que queriam de mim / Mas percebi que a vida não é bem assim / Eu não tenho vocação pra ser santinha / Vou mostrar que posso me virar sozinha / Por que não andar descalça pela rua a pé? Por que não sair gritando tudo aquilo que eu quiser? Não quero limites pra viver”).



O último álbum de Kelly é um dos meus prediletos (o outro é o álbum de estreia), e traz uma Kelly mais mulher, que pensa mais a respeito das próprias atitudes, como em “Tô fora” (“Podia ser muito melhor do que pensava / Mas você nem quis tentar / Hoje eu vejo que fui pra você só um brinquedo particular (...) Tudo que eu disse foi verdadeiro / Me entreguei de corpo inteiro / Apesar de tantas coisas, sempre pensei em você primeiro”) e “Demais” (“Eu ando frágil demais / Fácil demais / Doida demais / E ainda amo você / Um dia eu disse que não te queria / Me faltou até o ar, eu juro / Acabei perdendo a grande chance de te abraçar e perdoar seus furos”), e as canções são daquele pop jovem gostoso de escutar, em sua essência, contagiante como há muito tempo ninguém fazia no Brasil.

As letras das canções de Kelly são criticadas, mas sinceramente, acho que isso é de uma hipocrisia tamanha. Um sem-número de cantoras e grupos norteamericanos cantam coisas muito mais risíveis e todos nós recebemos como se fossem obras-primas. A grande maioria das letras dos pops e hip hops originários dos EUA e que dominam as paradas musicais do mundo todo, não contêm nada de especial – aliás, algumas beiram o rídiculo ("Fergaliciosa / Quente, quente / Eu arraso com os garotos / Eles querem provar o que eu tenho", ou "Venha, menino rude, você aguenta? Venha, menino rude, você já é grandinho? Tome, tome, tome"), e mesmo assim, todos nós adoramos. E lá na terra natal destes artistas, o público também adora. Mas quando alguém canta algo semelhante em português, os brasileiros rechaçam. Então qual é a questão? Só sabemos valorizar o que vem de fora? Ou são os americanos que não têm vergonha de gostarem de coisas menos cultas?

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Memórias para o pai da minha filha

Gosto de imaginar o que as pessoas pensam sobre eu e você como um casal. Só por curiosidade mesmo... É óbvio que ninguém é capaz de deduzir tudo que fizemos de nós mesmos ao longo de todo o tempo em que estamos juntos. Há um bilhão de coisas que acontecem entre nós e das quais só Deus é testemunha, um bilhão de coisas que nem eu e você nos demos conta ainda, coisas que provavelmente só entenderemos daqui alguns anos. 

Eu, por exemplo, só hoje entendo porque gosto tanto do cheiro da sua roupa. Gosto do cheiro de roupa limpa porque me remete a estabilidade, conforto, segurança. Gosto dessa sensação que você me traz, a sensação de familiaridade, de estar em um lugar que conheço e no qual me sinto bem. Gosto de ter esta certeza de quanto é bom estar com você. Não importa se o meu dia foi ruim, se estou de mau humor ou se você não se arrumou inteiro pra me encontrar... Nada disso faz tanta diferença no fim das contas, porque te ver é sempre bom. Aliás, acho que tudo isso importa sim. Porque encontrar você no final de um dia ruim é como chegar em casa depois de uma viagem interminável. Ah, pensando bem... Encontrar você é sempre como chegar em casa, independente de a viagem ter sido boa ou ruim... Porque no fim de todos os dias, sejam eles bons ou ruins, o momento em que eu te vejo sempre é o momento de me orgulhar por ter te conquistado, de agradecer a mim mesma por ter conseguido algo que sempre vale a pena.

Acho muito bonita a forma como todas as coisas do mundo vão se transformando conforme o nosso relacionamento vai ficando mais e mais sólido. Nós deixamos de simplesmente enxergar o mundo, e passamos a enxergá-los sob a nossa própria ótica. Tudo que existia antes de nós passa a assumir um novo significado, porque até mesmo nós dois não somos mais as mesmas pessoas que éramos de antes de decidirmos ficar juntos. 

Mas o que mais me espanta é essa capacidade que temos de sermos felizes juntos. Fico impressionada porque sei que os maus momentos não são poucos. Um relacionamento precisa ser muito valioso para ambas as partes chegarem ao ponto de conseguir relevar tanta coisa difícil que faz parte do passado. Não. Mudei de ideia. O que mais me espanta não é isso. A parte mais assustadora é termos a consciência de que o futuro pode ser ainda mais duro, mais complicado, e ainda assim permanecermos juntos e motivados.

O que mais posso dizer? Você me faz feliz. Você dá a mim o que eu preciso para seguir segura e confiante em direção a tudo que eu sei que mereço. 

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Jack & Jill


Por que não fazem mais séries como “Jack & Jill”? Eu adoraria ver mais séries assim, no maior estilo comédia romântica mas ao mesmo tempo cheia de momentos reflexivos, com personagens andando pelas ruas de Nova York e tentando entender como funciona o amor.

Se bem que, pensando melhor, talvez esta fórmula tenha sido utilizada até o seu esgotamento em “Jack & Jill”. Okay, posso ter exagerado ao dizer isso. Com um pouco de criatividade, seria possível criar outra série nos mesmos moldes.

Porém, não seria a mesma coisa. Certa vez, em um blog, lembro-me de alguém fazendo um comentário sobre a série “Popularidade” (“Popular”, de Ryan Murphy): Pouca gente assistiu, mas quem assistiu lembra até hoje. “Jack & Jill” também funciona assim.


Não é um seriado que cativa a qualquer um. Tem toda essa história de seis jovens tentando encontrar o seu caminho, meio perdidos entre problemas que envolvem empregos e relacionamentos. Tem comédia, tem muito romance, e tem esse drama poético e sentimental ao qual me referi no anterior texto que postei aqui no blog. Tem situações bobas, mas definitivamente não é um seriado fútil. As coisas que acontecem com os personagens acontecem conosco, com muitas pessoas, todos os dias.

Mas quem se identifica com tudo isso e se propõe a assistir tudo, todos os episódios (ao menos os da primeira temporada), do começo ao fim, acaba se apaixonando. E nunca esquece. É uma pena que nunca mais tenham reprisado “Jack & Jill” tampouco disponibilizado de alguma forma: nunca foi lançado nenhum DVD e encontrar downloads dos episódios na Internet é uma tarefa difícil.

“Jack & Jill” tem um quê (muito pequeno) de “Friends”, já que também mostra um grupo de seis amigos, sendo três de cada sexo, e eles acabam se envolvendo uns com os outros. Tem um quê de “Felicity” e outras séries do gênero, já que a história também se passa em Nova York e os personagens estão todos tentando lidar com os dilemas da vida adulta. Tem um quê de “O casamento do meu melhor amigo”, “Kate & Leopold” e outras comédias românticas afins, por causa da temática central, que é o complicado romance dos protagonistas. Mas no fim das contas, acaba não lembrando nada de tudo isso, porque é uma série única, com personagens cativantes e uma história linda e muito bem construída.  

What is this feeling? – Meu fascínio pelo drama

Pode parecer masoquismo ou excentricidade, mas eu não nego: adoro drama. Não que eu seja uma pessoa dramática, estou me referindo ao drama como gênero, seja de cinema, de literatura ou poesia.

Minha vida é maravilhosa. Sou feliz desde que me entendo por gente. Obviamente tenho meus defeitos e problemas, e já tive anos péssimos, mas tudo isso é muito pequeno diante de todo o resto. Tenho pessoas incríveis na minha vida, sou saudável e gosto de várias coisas que mantêm entretida e contente por muito tempo. Em suma, não tenho do que reclamar. Mas eu ADORO um drama. Talvez pelo contraste com a minha própria vida.

Nestas férias o canal Sony recomeçou a reprisar o seriado “Felicity”, desde a primeira temporada (são quatro, ao total), e eu não pude perder a oportunidade de acompanhar. Tenho adorado. Não me identifico com nenhum dos personagens, nenhum deles conta a minha história, mas ao mesmo tempo me identifico com tudo em “Felicity”, sou completamente fascinada por esse universo de drama e palidez que o seriado apresenta.

Palidez? Sim, eu usei esta palavra. Deixe-me explicar: eu gosto muito desta sensação de dias sem sol, ruas sem muita cor, pessoas não muito felizes, estranhos tentando levar a vida em uma cidade enorme. Que engraçado, descrevi exatamente o oposto da minha rotina. Vivo em uma cidade relativamente pequena, cheia de sol, calor, música e festa, onde as pessoas riem muito e são amigáveis. Adoro tudo isso. Adoro minha vida, mas não consigo deixar de me sentir atraída pelo poético inverso.

Em “Felicity”, as pessoas têm um monte de conflitos internos, sentimentos mal resolvidos, usam roupas sóbrias, falam baixo e vagueiam pelas incolores ruas de Nova York, sempre com uma expressão neutra, nem feliz nem triste, sempre parecendo que estão pensando na vida. Acho isso tudo tão lindo.

Lembrei-me do desenho do Snoopy e Charlie Brown, que no fim das contas, nem é tão infantil quanto parece. Lembrei-me das cenas em que as folhas de outono caem e Charlie Brown fica pensativo, e na tentativa de entender a vida, diz umas frases soltas que acabam soando como poemas, de tão profundamente simples que são.

Ah, e já que falei em folhas de outono... Elas me fascinam. Sou patriota inconteste, mas me queixo por não haver um outono definido no Brasil. O outono me encanta. É a estação que mais se assemelha a este sentimento que estou tentando descrever ao longo deste texto.
 
Não encontro este drama que tanto me encanta nas produções nacionais, e sei por quê: o Brasil é alegre e vivaz demais para dar lugar a tudo isto. A força e o colorido do Brasil, assim como de outros países latinos, também me encantam; mas esta profundidade, reflexividade, estas folhas secas e versos de poema, só encontro nas séries e filmes norteamericanos...

P.S.: Se eu morasse nos Estados Unidos, provavelmente estaria escrevendo um texto nos mesmos moldes deste, falando sobre como sou apaixonada por cenas de céu muito azul e árvores muito verdes, com pessoas passionais e muita risada e música alta. 

Modern Family e Roommates: as duas comédias das minhas férias

Pois bem, as minhas férias estão chegando ao fim e, se de fato elas foram divertidas, entre vários outros motivos, isto se deu em razão de um punhado de seriados divertidos e interessantes que resolvi conhecer. De todos estes, apenas dois eram sitcoms (aquelas comédias americanas de 20 minutos que mostram situações do dia a dia), e adorei ambos.



Modern Family
Sim, me rendi a esta premiada e aclamada série. Estava com receio de assistir porque geralmente não gosto de nada que caia muito no gosto do público, mas me convenci a assistir Modern Family e virei fã.

A série é hilária e o elenco é brilhante. Com certeza, é um novo jeito de fazer comédia, e devo dizer, um jeito muito inteligente.

Adoro o sotaque forte de Gloria. Adoro a lindinha bebê Lily. Adoro o jeito pateta de Phil e as paranoias de Claire. Adoro o jeito nerd de Alex e o jeito adulto de Manny.

Mas uma das coisas que mais gosto mesmo em Modern Family, além do fato de que me faz rir bastante, é a forma como alguns estereótipos são tratados. Certamente, a esta altura, já descobriram que brincar com estereótipos ou mostrá-los sob um ângulo menos clichê é uma sacada de gênio (Glee está aí para quem quiser ver). Em Modern Family, temos uma estrangeira jovem e bonita que se casa com um homem mais velho e rico, porém, ela não se casou com ele para conseguir se legalizar nos Estados Unidos ou para tirar vantagem de sua fortuna. Gloria ama Jay e, por incrível por pareça, é uma das pessoas que mais se esforça para manter a família toda unida.

Temos também um casal de homens gays onde não há o “gay fêmea” e o “gay macho”. Ambos possuem lados másculos e efeminados. Cameron poderia ser visto como “a mulher da relação”, porque desistiu de trabalhar fora para ficar em casa cuidando da filha, mas quem foi que comprou briga para defender Mitchell no episódio 1x09?


Enfim, Modern Family é garantia de boas risadas e também de muitas lições bonitinhas sobre família. 
Impossível, por exemplo, não se emocionar com a homenagem de Phil para Claire no Havaí, no episódio 1x23, ou nas cenas em que Jay é pressionado a demonstrar seu carinho pelo enteado ou pelo genro.


Roommates

Agora, se você também gosta daquelas sitcoms no formato mais tradicional, com risadas do público e piadas escrachadas, recomendo Roommates. 
As situações são divertidas e quase todas se passam dentro do apartamento dos "roommates" (palavra que, em inglês, significa "colegas de quarto"). Neste aspecto, até lembra "Friends", pois todos os amigos estão quase sempre juntos.

Nem me lembro como descobri essa série (provavelmente fuçando em blogs e sites sobre séries), mas gostei da premissa quando li, e vi alguns poucos comentários positivos. 
 Senti vontade de assistir, e achei legal quando descobri que a menina que fazia "Irmã ao quadrado" estava no elenco. Em Roommates, Tamera Mowry é Hope Daniels, a melhor amiga de Katie, que é a paixão platônica de Mark. 

Infelizmente a série não obteve sucesso nos Estados Unidos e foi cancelada, ficando com apenas uma temporada de treze episódios. No Brasil, ela nunca foi exibida. É lamentável porque o final do 13° episódio deixa um gancho para um próximo episódio, e esta situação nunca é resolvida. Terminamos sem saber o que acontece com Mark e Katie.

De qualquer forma, Roommates é uma comédia leve e despretensiosa para assistir sem muita preocupação com nada. Os personagens são engraçados e vivem entre tapas e beijos. As piadas geralmente giram em torno de seus empregos (ou da falta deles), de relacionamentos (principalmente os frustrados) ou eventos como uma peculiar festa em que um rapaz reúne todas as suas ex-namoradas, ou a “noite do jogo”, no nono episódio.   

Meu futuro no Direito

Já me flagrei perguntando a mim mesma por que nunca quis escrever nada sobre Direito aqui no blog. Não é que eu nunca tenha querido... Na verdade eu quis, por várias vezes, assim como quis escrever artigos a respeito – aliás, eu comecei a fazer isso, mas nunca terminei. Tenho ideias razoavelmente boas de assuntos para artigos que eu gostaria de escrever e publicar, seja pelo simples prazer de ver meu nome em uma revista, ou mesmo para constar no meu currículo e eu ganhar algumas horas extracurriculares. Então por que não levo isso adiante?

Pausa para um parágrafo explicativo: sou estudante de Direito e faço estágio também. Este curso nunca foi meu sonho, na verdade nunca me imaginei nesta área. Quem me levou a ela foi a pessoa que me conhecia mais do que eu conhecia a mim mesma, e é claro, ela estava certa (alguma vez ela esteve errada? Nem me lembro). Identificar-me com o Direito foi surpreendente, pois eu achava que estava fadada a viver sonhando com empregos incríveis que eu nunca teria ou com profissões maravilhosas que me fascinam mas para as quais eu não tenho vocação.

É maravilhoso descobrir-se encantada com algo que você sempre colocou em uma posição de superioridade sobre você mesmo, algo que você pensava jamais ser capaz de fazer. Talvez eu simplesmente não tivesse autoestima suficiente para considerar o Direito como uma possibilidade para mim. Mas eis que eu cheguei lá, e adivinhem? É incrível, e tudo faz sentido agora. Eu estou onde quero estar. Estou neste lugar em que posso aproveitar algumas das melhores coisas que há em mim, e ao mesmo tempo, desenvolver outras coisas que eu sempre quis mas nunca tive oportunidade – e devo dizer, esta é a oportunidade perfeita.

É interessante pensar que há milhares de pessoas no Brasil e no mundo sentindo a mesma coisa que eu. É inclusive assustador pensar que há centenas destas pessoas mesmo aqui dentro da minha própria cidade – e olhem que eu nem moro em uma cidade muito grande.

Escrever sobre Direito não seria como escrever sobre qualquer outro assunto que costumo comentar aqui no blog. Requereria muito mais atenção, mais cuidado, mais requinte, mais estudo. Os vários ramos do Direito não são como o amor, a tristeza ou a esperança; não são temas sobre os quais eu posso livremente falar o que penso e ninguém poderia julgar se está certo ou errado, bem argumentado ou pouco convincente. É claro que temos a liberdade de discordar de um doutrinador ou criticar a redação de uma lei, mas para isso é necessário muito conhecimento... É necessário ter um conhecimento que eu não sei se tenho.

É um pouco aterrorizante expor seus pensamentos acerca de um tema sobre o qual centenas de pessoas incríveis e talentosas já escreveram. Assusta pensar na possibilidade de estudantes de várias partes do país vierem discutir comigo sobre algo que escrevi – mais assustador ainda é imaginar-me sem argumentos para responder a estas pessoas.

É fácil ser bom em algo que pouca gente faz bem. Mas e quando você tem certeza de que há no mínimo um milhão de pessoas melhores que você?

Que incrível. Acho que nunca pareci tão medrosa em um texto, mas ao mesmo tempo, acabo por concluir o quanto sou corajosa. Sim, porque é preciso coragem para aventurar-se em um terreno amplamente desbravado por tantas pessoas. É preciso coragem para querer conquistar um lugar ao sol, quando já existe tanta gente competente fazendo o mesmo ou querendo o mesmo. É preciso coragem para uma pessoa acreditar que vai vencer na vida fazendo Direito. E eu acredito. Eu vou vencer.

O que me entristece

“Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim.
Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito; vou preparar-vos lugar.
E, se eu for e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos tomarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também.”
(João, 14: 1-3)


"The hard hello and goodbye", pintura de Suzannah Sinclair
É complicado descrever este sentimento. Nem sou tão moralmente evoluída a ponto de poder sentir isso. Mas tenho qualidades também, e cultivo dentro de mim alguns sentimentos realmente bons, coisas muito verdadeiras, boas mesmo, a ponto de acreditar que posso mesmo mudar o mundo com isso. Sou ingênua? Talvez, mas não encaro a situação desta forma. Simplesmente acredito que toda essa história de “o bem não vai vencer o mal” ou “princípios não servem para nada” é algo que uma pessoa frustrada inventou e toda a sociedade absorveu. Agora tentam fazer lavagem cerebral em todos nós, para que não somente acreditamos nisso, como também passemos para frente. Mas não é isso que eu acredito; não é isso que eu quero para mim, para minha família, nem para os filhos que eu vou ter algum dia.

Eu realmente acredito em todas essas coisinhas clichês e aparentemente superadas: família, bondade, moral, ética, respeito, cuidado. Não importa que a minha geração acredite que hoje pode-se tudo, que ninguém é de ninguém e todo mundo é de todo mundo. Se for preciso, excluo-me dela. Recuso-me a partilhar destas ideias. Recuso-me a ser como estas pessoas que gritam aos quatro ventos suas filosofias baratas, tentando achar palavras bonitas para justificar um estilo de vida sem fronteiras, sem tolerâncias, sem respeito. É a isto que chamam “liberdade”? Não quero ser livre, então. Estou muito feliz presa no meu mundo onde o respeito ao sentimento dos outros vale mais que os desejos e as vontades.

Parece ridículo, mas eu realmente fico triste quando vejo que ainda existem pessoas assim. Não se trata de uma tristeza relacionada à pena ou ao lamento... É tristeza mesmo. Sinto-me mal com tudo isso. Não consigo me imaginar tendo o mesmo comportamento destas pessoas sem sentir-me estranha. Não consigo imaginar como conseguem agir desta forma e achar tudo natural.

Engraçado... Não preciso sofrer nenhum ataque ou ofensa vinda deste tipo de pessoa para entristecer-me com o simples fato de que elas são assim.

Fico triste só em pensar que estamos todos no mesmo mundo, que pessoas indiferentes ao sentimento alheio dividem o mesmo espaço que outras. Mas sabem o que é mais triste? O mais triste é saber que se estou aqui, com estas pessoas, é que também tenho imperfeições nas mesmas proporções que elas. Este não é um mundo desigual, estamos todos aqui por um grande motivo. “A Terra pertence à categoria dos mundos de expiação e de provas, e é por isso que o homem nela é alvo de tantas misérias” (O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo III, item 4)

Isso vai mudar. Com certeza vai, porque é assim que as coisas são. Eu seria imensamente inconformada se assim não fosse.


O progresso é lei da Natureza. A essa lei todos os seres da Criação, animados e inanimados, foram submetidos pela bondade de Deus, que quer que tudo se engrandeça e prospere. A própria destruição, que aos homens parece o termo final de todas as coisas, é apenas uni meio de se chegar, pela transformação, a um estado mais perfeito, visto que tudo morre para renascer e nada sofre o aniquilamento.

Ao mesmo tempo que todos os seres vivos progridem moralmente, progridem materialmente os mundos em que eles habitam. Quem pudesse acompanhar um mundo em suas diferentes fases, desde o instante em que se aglomeraram os primeiros átomos destinados e constituí-lo, vê-lo-ia a percorrer uma escala incessantemente progressiva, mas de degraus imperceptíveis para cada geração, e a oferecer aos seus habitantes uma morada cada vez mais agradável, à medida que eles próprios avançam na senda do progresso. Marcham assim, paralelamente, o progresso do homem, o dos animais, seus auxiliares, o dos vegetais e o da habitação, porquanto nada em a Natureza permanece estacionário. Quão grandiosa é essa idéia e digna da majestade do Criador! Quanto, ao contrário, é mesquinha e indigna do seu poder a que concentra a sua solicitude e a sua providência no imperceptível grão de areia, que é a Terra, e restringe a Humanidade aos poucos homens que a habitam!
Segundo aquela lei, este mundo esteve material e moralmente num estado inferior ao em que hoje se acha e se alçará sob esse duplo aspecto a um grau mais elevado. Ele há chegado a um dos seus períodos de transformação, em que, de orbe expiatório, mudar-se-á em planeta de regeneração, onde os homens serão ditosos, porque nele imperará a lei de Deus. - Santo Agostinho. (Paris, 1862.)
(O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo III, item 19) 



Estes monstros vão se transformar. Um dia eles entenderão a gravidade do que fazem. Vai chegar um dia em que certos princípios serão mais valorizados que certas prerrogativas, um dia em que saberão (saberemos?) fazer melhor uso do nosso livre arbítrio. E querem saber? Já é assim. Tem sido assim, porque a marcha do progresso é constante. Pena que algumas pessoas marchem na contramão. Será que estou entre elas?
De qualquer forma, a marcha não pode parar. É muita audácia colocar a si próprio acima disso... Mas me conforta saber que, por maior que seja o poder de destruição do desrespeito, da falta de ética e todos estes sentimentos ruins, ele não consegue sobrepor-se à força maior que rege todas as coisas. Isso me conforta, de verdade. Sou bobinha, politicamente correta, carola e/ou puritana por acreditar nisso? Deixe-me ser. Rótulos e nomes não me importam, o que importa é o que eu realmente acredito – e eu acredito sim, com todas as minhas forças.    


“Sendo o progresso uma condição da natureza humana, não está no poder do homem opor-se-lhe. É uma força viva, cuja ação pode ser retardada, porém não anulada, por leis humanas más. Quando estas se tornam incompatíveis com ele, despedaça-as juntamente com os que se esforcem por mantê-las. Assim será, até que o homem tenha posto suas leis em concordância com a justiça divina, que quer que todos participem do bem e não a vigência de leis feitas pelo forte em detrimento do fraco”.
(O Livro dos Espíritos, pergunta 781, a. Parte III, cap. VIII) 

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Quando uma mulher ama

Há trabalhos na carreira de um artista que refletem exatamente a fase pela qual ele está passando.

O casamento é um grande acontecimento na vida de uma mulher, ainda que ela não seja do tipo que sempre sonhou com isto. É um grande passo a ser dado, para qualquer casal, mas eu acredito que tem impactos diferentes na vida de cada um.

Mulheres são carentes e gostam de sentirem-se amadas, admiradas – mesmo as que fazem o tipo “durona”! E isto é muito compreensível. A sociedade exige muito de nós, mulheres. Ademais, por natureza, nossa vida conta com complicações que os homens nem têm ideia. Tudo começa a complicar quando nos tornamos realmente mulheres – e não, não estou falando da primeira menstruação. Refiro-me ao momento em que as pessoas à nossa volta começam a nos enxergar como mulheres, e principalmente, ao momento em que começamos a ter nossas primeiras responsabilidades de mulheres.

Logo na adolescência, sofremos com os hormônios, com a busca pela própria identidade, com a pressão da sociedade para que sejamos bonitas e magras, com os homens (que nesta época ainda são meninos...)...

E  na fase adulta? A pressão é maior, temos que nos desdobrar para dar conta de tudo. O mercado de trabalho espera que nos destaquemos e consigamos competir de igual para igual com os homens. Os homens, por si, querem que sejamos tudo (mãe, mulher, empregada, trabalhadora, boa amante), e que sejamos boas em tudo.

Como dar conta de tudo isso? É preciso muita autoestima, autoconfiança; enfim, é preciso estar sempre de bem consigo mesma para não pirar. E, convenhamos, um namorado/marido carinhoso e companheiro pode ajudar muito.

Por isso tantas mulheres depositam suas fichas no casamento, acreditando de verdade que serão felizes. Ter um homem ao seu lado todos os dias, dormindo na mesma cama e vivendo na mesma casa, supostamente significa que você terá carinho e companhia sempre.

Nem vou entrar no mérito desta questão, pois o texto nem é sobre isto. Quero apenas enfatizar o peso que o casamento ou um relacionamento sério e verdadeiro podem ter na vida de uma mulher. Não à toa, mulheres mudam muito quando esse momento chega. Muitas mudam pra pior, mas de uma maneira geral eu acredito que o casamento, se encarado com sabedoria, pode ser uma ótima oportunidade de amadurecer – mesmo os relacionamentos infelizes.

É perceptível, em algumas celebridades do sexo feminino, a mudança que o casamento ou o "quase-casamento" acarreta. Escolhi, para este texto, falar de dois álbuns que me agradam bastante e que ilustram bem o que eu quero dizer. Curiosamente, ambos foram lançados em 2003.

In this skin”, de Jessica Simpson

Jessica havia acabado de se casar com o cantor Nick Lachey quando começou a trabalhar neste álbum. Eles estavam juntos há 7 anos. Era notável como Jessica estava radiante com o casamento.

Em “In this skin”, Jessica ousou compor pela primeira vez, e mesmo nas canções que não foram compostas por ela, é possível perceber uma atmosfera diferente, repleta de alegria e satisfação. “In this skin” é um álbum que transborda amor.

É impossível não se contagiar com a felicidade de Jessica quando ela canta “With you”, uma canção sobre sentir-se à vontade com o ser amado, sobre encontrar uma pessoa com a qual você pode ser você mesma. Da mesma forma, é emocionante ouvi-la cantar sobre seu medo de perder a pessoa amada, em “Underneath”; ou sobre como ela se sente realizada em saber que pode olhar todos os dias para o rosto do homem que ama, em “Everyday see you”; ou ouvi-la fazendo juras de amor em “I have loved you” (vídeo abaixo). Também é muito tocante ouvi-la fazendo planos sobre filhos e um futuro juntos, em “Be”.   



Eu também vejo “In this skin” como o álbum mais maduro da carreira de Jessica Simpson, até aquele determinado momento, ou seja, em comparação com os dois álbuns anteriores. Se antes Jessica parecia preocupada em ser uma estrela pop, em “In this skin” sua única preocupação era expressar tudo que sentia.

“Sweet kisses”, de 1999, e “Irresistible”, de 2001, também são ótimos álbuns para qualquer amante de música pop, e ambos possuem baladas de amor lindíssimas, mas mesmo assim, “In this skin” é o álbum mais romântico de Jessica. Ela realmente amava seu marido, e aquela foi uma fase linda para os dois: eles estrelaram um reality show na MTV que mostrava sua vida de recém-casados, e fez muito sucesso. As coisas também estavam boas para Jessica: não obstante sua grande felicidade, “In this skin” foi seu álbum de maior sucesso.

É uma pena que o casamento tenha terminado...



This is me... then”, de Jennifer Lopez

Jennifer Lopez estava noiva do ator Ben Affleck quando este álbum foi lançado. O casal não tinha sossego e vivia rodeado de paparazzi, mas apesar disso, eles pareciam ser muito felizes juntos.

À primeira vista ninguém diria que o álbum “This is me... then” seria tão romântico. O primeiro single, “Jenny from the block”, é um hip hop dançante no qual Jennifer fala de suas origens. “All I have”, segundo single, era mais lentinha mas certamente não dizia respeito à vida da cantora, pois falava de uma mulher que abandona o lar por ser maltratada. Mas aí veio “I’m glad”, e ele despertou a minha curiosidade pelas demais faixas do álbum.


Muito embora “I’m glad” seja razoavelmente agitada e Jennifer Lopez apareça dançando no clipe (inclusive, ela faz uma menção ao clássico filme “Flashdance”), a letra da canção fala sobre encontrar a pessoa certa. Fala sobre a admiração que uma mulher sente por seu homem e pela alegria que ele a proporciona mesmo em momentos pequenos, como andar de mãos dadas.

A quinta faixa do álbum é a mais pessoal de todas: chama-se “Dear Ben” (“Querido Ben”). A letra da canção não poderia mais direta: “I love you / You’re perfect/ A manifestation of my dreams” ("Eu te amo / Você é perfeito / Uma manifestação dos meus sonhos").

Mas a minha predileta é “The one”, um rhythm and blues meigo em que Jennifer expressa seu desejo de ser aquela pessoa que sabe tudo sobre o ser amado, aquela que ele coloca acima de tudo, aquela que representa para ele tudo que ele também representa para ela.

Na segunda faixa do álbum, “Again”, Jennifer jura lealdade e amor eterno, em gratidão pela paz que Ben trouxe a sua vida. O último single a ser lançado, “Baby I love you”, também é uma declaração de amor a ele.


Infelizmente, assim como ocorreu com Jessica e Nick, o relacionamento de Ben e Jen não deu certo... Eles nunca chegaram a se casar, de fato.

Tentando entender o prazer da pausa

Everybody needs a little time awayJá dizia aquela velha canção da banda Chicago (“Hard to say I’m sorry”). De fato, todos precisamos, de vez em quando, apertar o botão pause na vida e parar um pouco, ficar um pouco quieto, relaxar ou simplesmente fazer coisas que a rotina não nos permite fazer. Para nós, estudantes, essa pausa tem nome: férias.

Tudo bem que nem sempre o período de férias coincide com aquele momento em que você mais precisa delas. Acontece de você estar em uma fase super atarefada, mas aí você acorda com o barulho de chuva lá fora e tudo o que você quer fazer é ficar deitado, no conforto da sua cama, curtindo. Acontece de você estar em plena época de provas na faculdade, desesperado com tanta coisa pra estudar, e aí você sente aquela vontade enorme de reler uns livros antigos... Mas você não pode fazer isso agora.

 Seria ótimo se pudéssemos escolher o momento ideal para parar, para esquecer um pouco os compromissos... Mas como isso geralmente não é possível, ainda assim é bom saber que, em um determinado momento do ano, vamos ter a merecida folga. Pode não acontecer quando bem queremos, mas pelo menos vai acontecer, está garantido.

E quando esse momento chega, pensamos em tudo que vamos fazer: sair mais, ou dormir mais, dar-se o direito de acompanhar uma novela ou mesmo o Big Brother Brasil, fugir um pouco da dieta... Enfim, planos. Planos despretensiosos, tudo a curto prazo, sem muita seriedade, sem muita obrigação de cumprir, mas mesmo assim, são planos. Planos para serem postos em prática naquele mês que você tirou para esquecer-se dos verdadeiros planos, as reais obrigações da sua vida.

Férias são legais, são relaxantes, fazem bem, mas no fim das contas, atrasam um pouco a vida, se não tivermos o cuidado de selecionar coisas produtivas para fazermos nelas – e geralmente ninguém pensa nisso. Particularmente, creio que são um período onde nos levamos menos a sério.

E todas as coisas que prometemos na virada de ano? “Não vou faltar à academia”, “vou estudar todos os dias”, “vou ser mais vaidoso”... Na hora H, tudo se resume em: “Ah, deixa pra lá, estou de férias”.

Um bom descanso faz bem para o corpo e a alma, inclusive ajudando-nos a retornar ao ritmo do dia a dia com mais força e pique. E seria incrível se pudéssemos, todos nós, termos sempre uma parte do dia em que pudéssemos fazer isso: descansar, se divertir, preencher nosso tempo com outras coisas que não aquelas que fazemos porque precisamos ou porque somos obrigados. Enquanto não conseguimos isso, temos que ficar com os extremos: dias de estresse total, e dias de relax total.

Adoro as férias, mas sinceramente? Preciso da boa e velha rotina para colocar tudo no lugar.

Adoro a sensação de poder decidir exatamente tudo que você vai fazer em um dia, e não sentir a menor culpa se não conseguir cumprir tudo. Adoro programar: “amanhã farei isso e isso”, e quando chega o dia, não sinto vontade de fazer, e não faço, “eu só ia fazer porque queria; se não quero mais, não tem por quê fazer”. Adoro essa pequena liberdade. Mas, sinceramente... Como conseguirei chegar a algum lugar com isso?

Um mês de férias, nas minhas contas, acaba sendo um mês a menos que tenho para tirar minhas ideias do papel e fazê-las funcionar. Um mês maravilhoso para estar em contato comigo mesma, fazendo as coisas que mais gosto, mas também um mês que atrasa a minha corrida rumo à pessoa que quero ser, que planejo ser.

Adoro a rotina, mas sinto falta de tempo para ser eu mesma. E adoro ter tempo para ser eu mesma, mas preciso estar de volta à realidade para me reecontrar com os meus próprios planos. Preciso de metas concretas, obrigações, coisas programadas. Eu funciono assim.