terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Falar e fazer enquanto é tempo...

Mande-me flores enquanto estou viva. Elas não vão me fazer nenhum bem depois que eu estiver morta.” 
(Joan Crawford)

Por menor que seja a minha simpatia pela atriz Joan Crawford, devo dizer que ela foi muito feliz ao dizer esta frase. Assistindo ao documentário “This is it”, que mostra os bastidores da grande turnê que Michael Jackson preparava em seus últimos dias de vida, pensei sobre isto. 

Ao ver os ensaios de Michael e a maneira como ele ainda arrasava, mesmo doente e com 50 anos de idade, todos ficamos impressionados e o elogiamos. Após sua morte, não faltam admiradores a ele, o que mais vemos são pessoas que dizem que o acham fantástico e sempre o adoraram. Onde estavam estas pessoas antes do fatídico dia de 29 de junho de 2010?

Enquanto Michael esteve vivo, tinha muitos fãs, é verdade; mas também sofria com a perseguição de vários preconceituosos e acusadores que o chamavam de pedófilo, doente, falido e decadente – entre outras coisas desagradáveis e desrespeitosas. Agora que está morto, a mesma mídia que vasculhava sua vida pessoal e o expunha ao ridículo o aplaude e reverencia.

Em uma entrevista com um irmão de Michael Jackson, uma frase que ele disse me tocou profundamente: “How much pain can one take?” ("Quanta dor alguém pode aguentar?"). Por mais compaixão que eu tivesse por Michael, nunca tinha pensado por esse lado. Qual o limite da dor e da vergonha? Até onde vai a capacidade de alguém aguentar tudo isso? Pois bem, agora é um pouco tarde para pensar nisso.

O fato de eu acreditar em reencarnação não me faz crer que cada existência não deve ser valorizada ao máximo. O simples fato de esta vida não ser a única, não quer dizer que não devemos dar o melhor de nós mesmos aqui e agora. Mas temos essa péssima mania de deixarmos as coisas sempre para depois... Depois quando? Amanhã podemos não ter as oportunidades que temos agora. O cenário do futuro pode não ser tão propício quanto o presente. Quem é que vai nos garantir?

Michael está morto e, mesmo tendo se passado quase 2 anos, ainda há quem se emocione ao lembrar disso e queira homenageá-lo. Se todas estas demonstrações de carinho, admiração e respeito por Michael lhe fossem feitas enquanto ele ainda vivia, será que ele morreria mais feliz? 

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