quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Tentando entender o prazer da pausa

Everybody needs a little time awayJá dizia aquela velha canção da banda Chicago (“Hard to say I’m sorry”). De fato, todos precisamos, de vez em quando, apertar o botão pause na vida e parar um pouco, ficar um pouco quieto, relaxar ou simplesmente fazer coisas que a rotina não nos permite fazer. Para nós, estudantes, essa pausa tem nome: férias.

Tudo bem que nem sempre o período de férias coincide com aquele momento em que você mais precisa delas. Acontece de você estar em uma fase super atarefada, mas aí você acorda com o barulho de chuva lá fora e tudo o que você quer fazer é ficar deitado, no conforto da sua cama, curtindo. Acontece de você estar em plena época de provas na faculdade, desesperado com tanta coisa pra estudar, e aí você sente aquela vontade enorme de reler uns livros antigos... Mas você não pode fazer isso agora.

 Seria ótimo se pudéssemos escolher o momento ideal para parar, para esquecer um pouco os compromissos... Mas como isso geralmente não é possível, ainda assim é bom saber que, em um determinado momento do ano, vamos ter a merecida folga. Pode não acontecer quando bem queremos, mas pelo menos vai acontecer, está garantido.

E quando esse momento chega, pensamos em tudo que vamos fazer: sair mais, ou dormir mais, dar-se o direito de acompanhar uma novela ou mesmo o Big Brother Brasil, fugir um pouco da dieta... Enfim, planos. Planos despretensiosos, tudo a curto prazo, sem muita seriedade, sem muita obrigação de cumprir, mas mesmo assim, são planos. Planos para serem postos em prática naquele mês que você tirou para esquecer-se dos verdadeiros planos, as reais obrigações da sua vida.

Férias são legais, são relaxantes, fazem bem, mas no fim das contas, atrasam um pouco a vida, se não tivermos o cuidado de selecionar coisas produtivas para fazermos nelas – e geralmente ninguém pensa nisso. Particularmente, creio que são um período onde nos levamos menos a sério.

E todas as coisas que prometemos na virada de ano? “Não vou faltar à academia”, “vou estudar todos os dias”, “vou ser mais vaidoso”... Na hora H, tudo se resume em: “Ah, deixa pra lá, estou de férias”.

Um bom descanso faz bem para o corpo e a alma, inclusive ajudando-nos a retornar ao ritmo do dia a dia com mais força e pique. E seria incrível se pudéssemos, todos nós, termos sempre uma parte do dia em que pudéssemos fazer isso: descansar, se divertir, preencher nosso tempo com outras coisas que não aquelas que fazemos porque precisamos ou porque somos obrigados. Enquanto não conseguimos isso, temos que ficar com os extremos: dias de estresse total, e dias de relax total.

Adoro as férias, mas sinceramente? Preciso da boa e velha rotina para colocar tudo no lugar.

Adoro a sensação de poder decidir exatamente tudo que você vai fazer em um dia, e não sentir a menor culpa se não conseguir cumprir tudo. Adoro programar: “amanhã farei isso e isso”, e quando chega o dia, não sinto vontade de fazer, e não faço, “eu só ia fazer porque queria; se não quero mais, não tem por quê fazer”. Adoro essa pequena liberdade. Mas, sinceramente... Como conseguirei chegar a algum lugar com isso?

Um mês de férias, nas minhas contas, acaba sendo um mês a menos que tenho para tirar minhas ideias do papel e fazê-las funcionar. Um mês maravilhoso para estar em contato comigo mesma, fazendo as coisas que mais gosto, mas também um mês que atrasa a minha corrida rumo à pessoa que quero ser, que planejo ser.

Adoro a rotina, mas sinto falta de tempo para ser eu mesma. E adoro ter tempo para ser eu mesma, mas preciso estar de volta à realidade para me reecontrar com os meus próprios planos. Preciso de metas concretas, obrigações, coisas programadas. Eu funciono assim.  

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