domingo, 29 de maio de 2011

Memórias para o pai da minha filha – Parte III: Eu e você, no futuro

Eu não sei explicar, mas tenho dentro de mim essa certeza de que ficaremos juntos por muito tempo. Assim como tantas outras coisas que sinto, que sinto que sei, que sinto que posso prever como serão. Quem pode explicar? Só sei que sei.

A vida não te levará de mim, nem a mim de você. Nossos problemas serão outros. Nossos desafios advirão justamente do fato de estarmos sempre juntos.

Todavia, não posso deixar de contar com a possibilidade de, um dia, não estar mais com você. Como superarei? Isto é algo com que não desejo me preocupar agora. Prefiro aproveitar este tempo para te dizer algumas coisas, aproveitar o tempo enquanto é tempo. Se estou com você agora, é para te fazer feliz. O amanhã é o amanhã.  
Então, prepare-se. Aqui vou eu.

Você não é incrível só por ser meu, e tampouco é meu só por ser incrível. Você é o que é, maravilhoso assim, inacreditável assim, mais ainda por ser meu, mas ainda assim se não fosse.

Você foi o primeiro, e como já disse, tenho a sensação de que será o único. Melhor assim. Você se tornou um parâmetro, um padrão, e fica muito difícil julgar o resto do mundo pelos mesmos critérios. Uma vez tendo estado com você, como poderei me contentar com menos?

Acho que fiquei mal acostumada. Mas não posso me esquecer que se tenho tanto, é porque mereço. Deus é justo, disso eu sei, mas também não posso deixar de ser tão grata a Ele. Só mesmo uma pessoa muito ingrata, insensível, rebelde e idiota poderia não sentir um peso tão grande na consciência por ter uma pessoa tão especial ao seu lado.

Ter você é como estar em dívida eterna com a humanidade. Eu ganhei demais, e me sinto na obrigação de reverter isso para o mundo. Ninguém é tão presenteado sem motivo.

Ter você me faz pensar nestas coisas. Meu Deus, como podem ter uma visão tão medíocre e superficial do amor? O fato de estarmos juntos significa muito mais do que o simples fato de estarmos juntos. Sou feliz, você é feliz, me faz feliz, somos felizes, me esforço para te fazer feliz, e isso não é simplesmente isso. Tudo tem um porquê.

Até nossas imperfeições têm uma razão de ser. Nossas diferenças, nossos percalços, nossos desentendimentos, parecem existir somente para zombar da nossa admirável vontade de sermos felizes juntos. Mas e daí? Zombamos delas também. Imbecis, mesquinhas. Vai ser necessário muito mais do que isso para nos derrubar. E olha que só isso já é muito.

Há horas em que acho que não vou conseguir. Que não vamos derrotar esse inimigo. Que o melhor a fazer será tentar conviver pacificamente com ele. Mas não... Não. E tudo aquilo que temos, tudo que já vivemos, tudo que estamos nos esforçando tanto para construir? Se tudo isso serve para algo, é para nos dar força. E uma vez fortes, podemos vencer. E eu que não ouse duvidar, pois nós venceremos.

Mostraremos ao mundo que é possível. Todos vão aprender conosco. Seremos inspiração, faremos história. Talvez demore. Talvez nossa geração não reconheça nada disso. Mas nossos filhos o farão. E enquanto eles não vêm, serviremos de inspiração para nós mesmos. Se estamos conseguindo tantas coisas relativas a nós dois, por que não conseguiríamos individualmente?

O que sei é que nada acontece por capricho, puro prazer ou passatempo. Sinto-me privilegiada por já termos noção disso. Muitas pessoas levam vidas para entender. Nesse ponto, estamos um passo adiante. A caminhada, entretanto, ainda é longa. É cheia de imprevistos, é louca, é dura. Mas, a despeito disso tudo, é bom saber que não estou com tanto medo, é bom saber que estou com você.   

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