Prédios destruídos em uma das áreas atingidas pelo tsunami em Otsuchi, província de Iwate (Créditos da foto: Nicholas Kamm. Fonte: UOL) |
Ignorada a tristeza e o peso da situação, velórios são interessantes ocasiões para observar um certo aspecto do comportamento humano: a fome de ver dor, o desejo por assistir o sofrimento alheio. Por que somos assim?
Quando os familiares do falecido começam a passar mal e gritar de sofrimento, faz-se um grande silêncio e todos paramos para olhar, ouvir atentamente, prestar atenção nas lágrimas, nos lamentos, nas palavras. Semelhante situação ocorre em entrevistas na televisão, quando o entrevistado emociona-se ao falar de algo: basta surgirem os primeiros indícios de que ele vai chorar e a câmera até se aproxima, dá um close nos olhos da pessoa, chega bem pertinho para ninguém perder nenhum detalhe do espetáculo do sofrimento. Que tipo de entretenimento é esse?
Créditos da foto: site UOL |
E o pior de tudo: por mais que nos doa observar a miséria alheia, o interesse que ela nos causa é tão grande que quase se assemelha ao sentimento de diversão. E nunca estamos satisfeitos. Zapeamos de canal para canal, à procura de uma atração mais triste na TV, de um depoimento mais sentido, de uma história mais trágica. Incêndios, morros desabando, tsunamis no Japão, terremotos, enchentes, tiroteios, fotos de gente morta, imagens de furacões destruindo casas, brigas de torcidas de times de futebol, cenas dos bombeiros carregando pessoas feridas, pancadaria, sangue... Nunca nos cansamos de olhar.
Seria mesmo sede por informação, ou simplesmente por entretermo-nos às custas destas tragédias?
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