quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Romances marcantes do cinema clássico

Sinceramente, não é verdade que hoje não se fazem bons filmes românticos. Tanto que foi nas últimas décadas que produziram alguns dos mais populares e emocionantes títulos do gênero, tais como "Ghost", "Uma linda mulher", "Titanic", "Um amor para recordar", "Cidade dos anjos", e até o recente "Crepúsculo" (que não me agradou, mas não posso negar que é um grande romance e cativou multidões). 

Todavia, por mais que eu adore todos estes melodramas blockbusters, em meu coração há um lugar especial e indisputável para os grandes clássicos, em especial aqueles em preto e branco. Parece que o preto e branco deixa tudo mais elegante e aperfeiçoado.


Só mesmo os filmes da época de ouro de Hollywood possuem aquela magia inexplicável, aquele quê de sedução, é uma coisa que não sei descrever. Os romances eram sutis, com beijos discretos, olhares fulminantes e palavras bonitas. Tudo era tão lindo e fascinante!


Inspirada pelos filmes de Ginger Rogers e Fred Astaire que assisti nas férias, e na tentativa de exemplificar (mas somente exemplificar mesmo; descrever é, conforme eu disse, tarefa quase impossível) este encanto que as películas românticas exercem sobre mim e outras centenas de cinéfilos e românticos incuráveis, fiz a minha própria lista de filmes mais belos e marcantes.


Devo explicar desde já que esta lista não tem a menor pretensão de ser definitiva, pois é composta apenas de filmes que eu já assisti. Pode ser injusta - afinal, há vários clássicos ("Suplício de uma saudade" e "Amor, estranho amor", por exemplo) que eu nunca tive a oportunidade de assistir, mas dentre aqueles que tive, selecionei os que mais me impressionaram. Levei em consideração, principalmente, a química entre o casal, mas também o diálogo e a beleza das cenas.


Ah, e antes de eu começar, mais um lembrete: a ordem é aleatória! Não consegui e nem gostaria de enumerar posições; todos os filmes aqui citados são lindos e inesquecíveis, e me marcaram de algum modo.


Vamos lá! Preparem os suspiros.






"Catherine Earnshaw, eu te matei. Aterrorize-me, então! Odeie seu assassino! Eu sei que os fantasmas rondam a Terra. Esteja sempre comigo. Assuma qualquer forma, enlouqueça-me, só não me deixe sozinho nesta escuridão em que eu não consigo te encontrar. Eu não posso viver sem minha vida! Eu não posso morrer sem a minha alma!"
(de Heathcliff, para sua amada Cathy)  


Filme: O morro dos ventos uivantes (Wuthering heights), de 1939
Casal: Cathy (Merle Oberon) e Heathcliff (Laurence Olivier)


Para dar início à lista, eis um filme inspirado no meu livro predileto, a obra-prima da literatura gótica e maior sucesso da inglesa Emily Bronté. 
A marcante história de Cathy e Heathcliff já foi contada várias vezes no cinema, mas a versão de 1939 é, na minha opinião, a mais linda de todas. Em primeiro lugar, por ser em preto e branco. Eu não conseguiria imaginar um romance gótico em cores! O preto e branco conseguiu trazer para a tela toda a essência tenebrosa que o livro nos passa. 
Ademais, há também a bela trilha sonora e fotografia. E Merle Oberon no papel principal, claro! Ela é uma das minhas atrizes prediletas. Estranho não ter sido indicada ao Oscar de melhor atriz por este filme - ela havia sido 4 anos antes, por seu trabalho no filme "O anjo negro" (outro belíssimo romance!).


Heathcliff: Como você consegue estar aqui ao meu lado e fingir que não se lembra? Fingir que não sabe que meu coração se despedaça por você? Que seu rosto é uma maravilhosa luz queimando em meio à escuridão?
Cathy: Heathcliff, pare. Eu te proíbo.
Heathcliff: Você proíbe o que o seu coração está dizendo?
Cathy: Ele não está dizendo nada.
Heathcliff: Eu posso ouvi-lo, mais alto que a música. Ah, Cathy, Cathy!
Cathy: Eu não sou mais a Cathy que eu era. Você entende? Sou outra pessoa. Sou a esposa de outro homem, e ele me ama. E eu o amo.
Heathcliff: Se ele te amasse com todo o poder de sua alma por uma vida inteira, ele não poderia te amar o tanto que eu te amo em um único dia. Nem ele, nem o mundo, nem você, Cathy, pode interferir no que há entre nós. 


Este diálogo (em especial esta última frase!) é uma das minhas partes favoritas do livro, e fico feliz que tenha sido mantida no filme. A cena em que estas linhas são proferidas ficou perfeita. Laurence e Merle souberam dar a ela a intensidade necessária. Durante o filme inteiro, enfim, é transmitida ao telespectador a atmosfera pesada e sombria do livro, bem como, a força e loucura do amor de Catherine e Heathcliff. 




"Eu quero te dar um presente de despedida. Você pode até não gostar, mas eu não me importo. É isto: você nunca vai me esquecer. Você vai andar pelas ruas de qualquer lugar em que estiver, e vai me ver, mesmo sabendo que não estarei lá. E ninguém nunca vai ser tão adequado para você como eu fui durante estes doze dias de outono em Paris, porque este foi o seu presente para mim." 
(De Lilian, para Ram, antes de ele ir embora - veja a cena aqui)

Filme: Paris vive à noite (Paris Blues), de 1961
Casal: Lillian (Joanne Woodward) e Ram (Paul Newman)

O belo Paul e a talentosíssima Joanne formavam também um casal na vida real (até pouquíssimo tempo atrás; Paul faleceu em 2008 e estava casado com Joanne desde 1958); talvez por isso funcionassem tão bem juntos, em cena. 
Este filme conta a história de dois amigos - o outro era vivido pelo honroso Sidney Poitier - que encontram o amor em Paris. Curiosamente, o amor de Ram, personagem de Paul Newman, é o que encontra maiores empecilhos para se concretizar. Mas sua afinidade com Lillian, personagem de Joanne, é tão grande e imediata, que mesmo quando ele, por medo, decide não viver com ela, resta a ela a certeza de que deixou na alma dele uma grande impressão, e que tal impressão jamais seria apagada. Ninguém seria tão certo para Ram quanto Lillian. Certamente, também, ninguém seria tão perfeito para Joanne quanto Paul, e vice versa.




"Então te reconheço meu esposo e meu senhor,
E diante de ti me ajoelho, ó amado trovador!"
(pequena trova recitada por Mirella na peça de teatro da escola, em que fazia par com sua grande paixão, o colega de classe Franco)

Filme: Amanhã será tarde demais (Domani è troppo tardi), de 1950
Casal: Franco (Gino Leurini) e Mirella (Pier Angeli) 


Este é um daqueles filmes que eu quase posso ter certeza de que nunca mais verei novamente! Assisti por acaso, no extinto Telecine Classic, há uns 8 anos atrás, e nunca mais tive contato com ele. É um filme raro, não é possível comprá-lo ou baixá-lo. 
Trata-se de uma grande relíquia italiana, do primeiro trabalho da lindinha Pier Angeli! Mais tarde, ela ficaria conhecida no mundo inteiro como a namorada de James Dean, mas esta informação pouco me importa, pois para mim, ela sempre será a doce Mirella.
Esta é uma daquelas histórias que mexem com você - só vi o filme uma vez, mas nunca pude me esquecer da história da paixão juvenil de Franco e Mirella.
Além do romance em si, "Amanhã será tarde demais" faz também uma crítica à sociedade daquela época (ou daquele país, quem sabe?), excessivamente conservadora e moralista - tanto que quase levou à morte a jovem e apaixonada Mirella, cujo único pecado foi ter conhecido o amor cedo demais.
Porém, acima de tudo, creio que a intenção do filme é mesmo mostrar quão tênue é a linha que separa a adolescência da vida adulta. 
Franco e Mirella são ainda muito mocinhos, mas já se vêem às voltas com vários desejos, vontades, amores, e não sabem muito bem como lidar com isto - não só por serem imaturos, mas também porque recebem diariamente a mensagem de que não deveriam nutrir estes sentimentos. Sentindo-se culpados, mas muitíssimo envolvidos um com o outro, vivem seu amor com toda a intensidade possível, mesmo com todo o medo de serem depreciados pela sociedade.






"- Uma amiga que me disse um dia que se um homem me declarasse seu amor, eu deveria arruiná-lo, só para estar segura de sua sinceridade.Então, te arruinarei!
- Quantos arruinastes antes?
- Você é minha última vítima, meu bem."

(veja a cena aqui)


Filme: Singapura (Singapore), de 1947
Casal: Linda (Ava Gardner) e Matt (Fred MacMurray)


"Singapura" é um romanção! É daqueles filmes indicados para quem está a fim de simplesmente curtir um super romance, meloso e dramático, com direito a muitas reviravoltas até chegar ao final feliz.
Linda Grahame e Matt Gordon são um casal que se apaixona perdidamente à primeira vista, e decide se casar antes mesmo de conhecerem-se melhor (loucura! Geralmente este tipo de história não me convence, mas não sei, há algo neste filme que faz com que o amor entre eles seja tão verossímil!). Logo depois, ela desaparece, perde a memória, e os dois só se reencontram muitos anos depois, quando ela já está casada com outro homem, usando outro nome, e não se lembra dele.
Lindo, lindo! 






"- Quando eu te ouvi cantando, algo aconteceu comigo. Comecei a sentir algo que nunca senti antes, algo que nunca esperava sentir de novo.
- Do que você está falando?
- Estou apaixonado por você, Belle.
- Saia daqui ou eu chamarei os policiais!
- Eles não podem me impedir de amar você."
(de Dion para Belle, quando ele invade a carruagem em que ela está, para declarar seu amor - veja a cena aqui)

Filme: Na velha Chicago (In old Chicago), de 1937
Casal: Belle (Alice Faye) e Dion (Tyrone Power)

"Na velha Chicago" é um filme para toda a família; tem de tudo: aventura, ação, comédia, música, e claro, romance. Um grande romance.
Pela primeira vez vi Alice Faye - atriz por quem tenho grande carinho, devido a todos os excelentes musicais que protagoniza - no papel de uma moça petulante, que se faz de difícil. 
O personagem de Tyrone Power, Dion, apaixona-se pela cantora Belle à primeira vista (como eu disse, não costumo ser fã de histórias assim, em que o amor entre os personagens surge muito repentinamente, mas este filme é mais uma exceção, pois a empatia do casal é tão grande que mais uma vez me convence), e passa o filme inteiro tentando convencê-la de seu amor. Em toda chance que tem, aproveita para expressar o que sente: é "Eu te amo, Belle" pra cá, "Eu te amo, Belle" pra lá. 
Parece piegas, mas Tyrone e Alice fazem um bom trabalho, então não há como não torcer pelo casal. Em meio a várias disputas e à luta para salvar Chicago de um grande incêndio, o sentimento entre ambos vai crescendo, e isto se nota pelos olhos, pelos gestos, mais do que pelas palavras - embora Dion não perca a oportunidade de ser poético.




"- Eu esperava que você viesse.
- Eu não sabia seu nome, mas você sabia o meu. Mas você não tentou me encontrar durante todos estes meses.
- Eu queria que você me encontrasse e viesse até mim.
- Se te dá prazer saber que está me acabando, então te darei uma satisfação maior. Eu te amo, Roark. Te agradaria ouvir que tenho vivido em torturas durante esses meses todos? Esperando te encontrar e te ver uma vez mais? Mas você sabe disso, é claro. É isso que você queria que eu passasse.
- Sim.
- Então por que não ri de mim agora? Você ganhou. Não tenho mais nenhum orgulho para me impedir. Eu te amo sem dignidade, sem arrependimento. Vim te dizer isso, e você nunca mais vai me ver.
- Você quer saber se pode me fazer sofrer, não quer? Você pode.
- Roark, você é tudo que eu sempre quis!
- Você precisa aprender a não ter medo do mundo! Eu preciso deixar você aprender isso. E então você voltará para mim. Não irão me destruir, Dominique. Eu vou esperar por você. Eu te amo. Estou dizendo isso agora, por todos os anos que teremos que esperar."
(veja a cena aqui)

Filme: Vontade indômita (The fountainhead), de 1949
Casal: Roark (Gary Cooper) e Dominique (Patricia Neal)

Ah, a cena deste diálogo é de tirar o fôlego! Depois de tanto tempo sem se encontrarem, já nascido um sentimento misterioso porém muito forte, Dominique vai atrás de Roark dar satisfação de seu amor. A atriz Patricia Neal não é uma mulher exatamente bonita, mas é tão elegante que me faz adorar e admirar sua Dominique. Quando ela está falando com Roark, há um momento em que tira seu casaco, revelando um vestido preto muito justo; e o faz com uma frieza, mas uma frieza impregnada de tanta sensualidade, que este gesto, aliado ao silêncio da cena e à bela fotografia em preto e branco, passa ao telespectador toda a atmosfera de tensão sexual que está a envolver o casal. 
Mas Patricia Neal não é a única digna de elogios: devo também falar do meu ator favorito, Gary Cooper! Sempre lindo, sempre competente, ele vive um Roark tão entusiasmado com seus ideais, que parece ainda mais sedutor, justamente por passar a impressão de que não precisa de mulher alguma. O desespero de Dominique para tê-lo é completamente compreensível... Roark é tão misterioso, charmoso, inalcançável!
"Vontade indômita" é a versão para cinema do clássico de Ayn Rand, "A nascente" (meu sonho é ler este livro, parece incrível... Se for metade do brilhantismo do filme, já é espetacular - e dizem que é mesmo). Na verdade, esta obra épica não trata exatamente da história de amor entre Roark e Dominique - nem vale a pena entrar no real mérito, pois ele, por si só, merece vários textos exclusivos -, e francamente, eu nem sei se no livro há tanta ênfase neste romance; mas no filme, há, e como há! 
Quando ambos os personagens são fortes, inteligentes e dotados de grande personalidade, é claro que qualquer sentimento entre eles há de estar no mesmo nível. Impossível não se deixar contagiar por esse amor intenso e enigmático.




"Eu o amo porque ele é o tipo de cara que fica bêbado com um copo de leite. E eu amo o modo como ele fica com as orelhas coradas. Eu o amo porque ele não sabe nem como beijar, o idiota!"
(Sugarpuss falando sobre o professor Potts)

Filme: Bola de fogo (Ball of fire), de 1941
Casal: Sugarpuss (Barbara Stanwyck) e Bertram Potts (Gary Cooper)

Meu Gary Cooper, mais uma vez! E desta vez com a minha atriz preferida: a perfeita e maravilhosa Barbara Stanwyck. Meus dois queridinhos em uma comédia romântica fofa, hilária e até cultural: poderia ser melhor?
Neste filme, o professor Potts está estudando sobre gírias para compor sua enciclopédia. Ao usar Sugarpuss, uma dançarina doidinha (magnificamente interpretada por Barbara Stanwyck, a ponto de render a ela uma indicação ao Oscar de melhor atriz por este papel) como objeto de pesquisa, ele acaba se apaixonando por ela. Mas os dois são completamente diferentes e é claro que isso fará com que o relacionamento tenha um desfecho complicado, além de fazer com que eles vivam muitas situações divertidas.
Potts é tímido, desajeitado, e teve uma vida amorosa nula antes de conhecer Sugarpuss. Ela é o oposto dele: solta, extrovertida e cheia de experiência com amores e desamores. A parte meiga é ver os esforços de Potts para vencer sua insegurança e tentar conquistar a amada. Não há como não sentir ternura por ele, e até pena, por ser tão bobinho e se apaixonar tão intensamente por uma moça que acaba enganando-o.




"O amor é a única coisa sobre a qual já pensei ou li, desde que me entendo por gente. Eu sempre sonhei conhecer alguém e me apaixonar."
(James Carmichael, em sua primeira conversa com Mary, logo quando eles se encontram pela primeira vez)


Filme: Duas almas se encontram (Barbary coast), de 1935
Casal: Mary Rutledge (Miriam Hopkins) e James Carmichael (Joel McCrea)

A trama desde filme vai muito além do romance entre o casal, mas a verdade é que a forma como eles se apaixonam me cativou muito.
James Carmichael é um homem muito simples que sempre viveu muito recluso, enquanto Mary é uma dama sofisticada. Enquanto ela sempre circulou pela alta sociedade e foi desejada por grandes homens, tudo que ele sabia sobre o amor ou as mulheres eram as coisas que escutava ou lia nos livros. Como ficou claro na frase acima, James passou a vida toda ouvindo as pessoas falarem sobre como eram as mulheres, sobre como deveriam ser tratadas, sobre como era bom apaixonar-se. 
Quando viu Mary pela primeira vez, foi como se todas as ideias sobre o amor houvessem se materializado na frente dele. Este primeiro contato deixou uma impressão muito forte no espírito sensível de James, e então ele se vê louco de amor por ela - mal sabendo, coitado, o quanto seria difícil ficar com ela.

"Você se importaria muito se eu ficasse olhando para você, se eu prometesse não desmaiar?"

Eu gosto muito da atriz Miriam Hopkins, e Joel McCrea também está extremamente carismático no papel de James Carmichael. "Duas almas se encontram" também é um filme difícil de ser encontrado, mas é um bom entretenimento. Vale pela história toda, mas em especial, pelo complicado amor do casal, e pela poesia com que James sempre enche seus diálogos com Mary.




"- Johnny, que louco isso, não é? Você está com medo de mim. Eu não sei por quê, mas não estou com medo de você. Você é quem está com medo de mim.
- Eu, com medo de você? Você está louca? Anda, vem cá.
- Eu queria te tocar. Eu queria tentar, de qualquer forma.
- Tentar o quê?
- Não sei. Eu queria fazer isso do jeito que eu sempre sonhei que seria, com alguém. Do jeito que eu sempre achei que deveria ser."
(Kathie tentando expressar seus sentimentos por Johnny, no único momento em que eles ficam a sós - veja a cena aqui)

Filme: O selvagem (The wild one), de 1953
Casal: Kathie (Mary Murphy) e Johnny (Marlon Brando)


Este casal é bastante peculiar, e o romance entre eles não foi muito desenvolvido no filme - ficou um pouco implícito, apesar de haver uma cena de beijo. O que fascina, entretanto, são justamente todas as palavras não ditas, as coisas que nunca aconteceram, as possibilidades existentes mas não concretizadas. 
Durante todo o filme, Kathie e Johnny conversam pouco (e quando o fazem, usam frases e expressões vagas, intensas porém enigmáticas, provavelmente metafóricas), vêem-se pouco, mal interagem... Mas, nos poucos momentos em que se encontram, é notável a atração, o desejo e o fascínio que um exerce sobre o outro. 
Kathie está presa há muitos anos em uma vida limitada e tediosa. A chegada de Johnny traz um quê de emoção ao cotidiano daquele povo pacato, e Kathie, embora pareça assustada e intrigada com a rebeldia e estupidez do rapaz, também se sente atraída por tudo que ele representa: liberdade, ousadia, excitação - é, acho que última esta palavra descreve bem o sentimento que os envolve. Kathie e Johnny ficam muito excitados um com o outro, e muito envolvidos em tentar decifrar o enigma que cada um guarda dentro de si.
Mas e quanto a Johnny? O que um rapaz tão livre e sem amarras viu em uma moça tão certinha? Na minha opinião, Johnny sabia que Kathie sabia o porquê de ele ser como era, e isso o intrigou. Kathie quase conseguia decifrá-lo; quase conseguia enxergar suas fraquezas. Johnny sentiu-se vulnerável. Ela era tão direita, e ele tão louco... Eles se queriam, mas havia no ar um consenso tácito de que eram diferentes demais, de que ele era errado demais para merecê-la - e isso mexia com o orgulho de Johnny, deixava-o irritado, mas também, interessado. Há até um momento em que ele, tomado por raiva mas também por desejo, grita com ela: "Você se acha boa demais pra mim, não é?".
Ah, a estranha e sensual paixão destes dois personagens mereceria uma análise exclusiva! Mas, por ora, limitarei-me a estas palavras.






"- Eu gosto de estar sozinha, assim.
- Você não está sozinha. Está comigo.
- Bem, então eu gosto de estar sozinha com você."
(veja a cena aqui)

Filme: Ritmo louco (Swing time), de 1936
Casal: Lucky (Fred Astaire) e Penny (Ginger Rogers)


Este filme é uma gracinha, e este casal também!
A comédia romântica e musical "Ritmo louco" é um dos maiores sucessos da dupla infalível Fred Astaire e Ginger Rogers, talvez os maiores dançarinos da história do cinema, mas com certeza, um dos mais adorados pares.
Nos filmes deles, a dança sempre assume um significado maior, representando verdadeiramente o sentimento que envolve o casal no momento. Pode expressar encantamento, alegria ou tristeza: basta observar a maneira como dançam.

Na cena em que Lucky, personagem de Fred, profere a frase acima, por exemplo, ele está se despedindo da amada Penny, personagem de Ginger. Ela descobre que ele tem uma noiva, e fica muito decepcionada, pois ambos haviam vivido um breve romance que marcou-os muito. 

"Ela dança bem?", pergunta Penny a Lucky.
"Quem?", Lucky quer saber.
"A garota que você ama", Penny refere-se à noiva de Lucky.
"Ah, sim, dança muito bem.", ele responde, referindo-se à própria Penny.
"A garota com quem você vai se casar!", ela frisa, quando percebe que Lucky não estava falando da noiva.
"Ah, eu não sei. Eu dancei com você. Nunca mais vou dançar."

Que diálogo tão doce! Logo após ele, Lucky canta para Penny uma canção igualmente meiga, na qual diz que foi deixado sem sua Penny, e por isso nunca mais irá dançar, apenas irá amar. 
Estes versos enfatizam o quanto a dança significa para o casal. É como se a dança fosse o próprio amor que sentem: Lucky amou Penny, e nunca mais amará ninguém. 
E por falar em música, é neste filme que encontramos a clássica e belíssima canção "The way you look tonight", a qual Lucky canta para Penny na tentativa de conquistá-la, quando ela ainda resistia à paixão que sentia:

"Algum dia, quando eu estiver terrivelmente sozinho, e o mundo estiver frio, e eu vou me aquecer só pensando em você, e em como você está, hoje à noite..."

Ah, que lindo! Fred e Ginger são tão cativantes juntos. Dançam lindamente, e seus diálogos juntos também são repletos de muita química. São perfeitos juntos, na pista de dança ou fora dela.





"- Eu não posso mais lutar contra isso. Eu fugi de você uma vez... Não posso fugir novamente. Ah, eu não sei mais o que é certo! Você tem que pensar por nós dois. Por nós todos.
- Tudo bem, eu pensarei. Vou olhar por você, pequena.
- Ah, eu queria não te amar tanto assim..."

Filme: Casablanca, de 1942
Casal: Rick (Humphrey Bogart) e Ilsa (Ingrid Bergman)


Ah, este é o mais clássico e consagrado de todos!
"Casablanca" é um dos filmes mais cultuados e adorados de todos os tempos. É tão lindo, mas tão lindo, que vem fascinando gerações e gerações desde o seu lançamento. Acho que nenhum romance conseguiu superar "Casablanca" até hoje.
O amor quase impossível de Rick e Ilsa, tendo como pano de fundo o cenário dos conflitos da Segunda Guerra Mundial, e tendo como trilha sonora a tocante canção "As time goes by", rende diálogos carregados de paixão e intensidade - dezenas de frases do filme ficaram imortalizadas na história do cinema.
Os belos Humphrey e Ingrid também merecem todo o crédito por suas atuações intensas, tornando totalmente crível e empolgante o amor entre seus personagens. O que dizer dos olhares entre eles? Das respirações cortantes? Até me esqueço que são dois atores trabalhando, parece-me que são os próprios amantes perante uma câmera.
A forma como Rick olha para Ilsa é tão carinhosa! E Ilsa devolve o olhar com a mesma paixão e idolatria. Os olhares, por si sós, já valem todo o filme - mas como se isto não fosse suficiente, os diálogos também são de tirar o fôlego:

"Ilsa: Rick, preciso falar com você.
Rick: Aham. Eu guardei o último drinque para tomar com você. Aqui.
Ilsa: Não, não, Rick, não nesta noite!
Rick: Especialmente nesta noite.
Ilsa: Por favor...
Rick: Por que você teve que vir a Casablanca? Há tantos outros lugares no mundo.
Ilsa: Eu não teria vindo se soubesse que você estaria aqui. Acredite em mim, Rick, é verdade, eu não sabia...
Rick: É engraçado, a sua voz nunca mudou. Eu ainda posso ouvi-la dizendo: "Richard, querido, eu irei com você a qualquer lugar. Entraremos num trem juntos e nunca pararemos".
Ilsa: Pare, Rick! Eu entendo como você se sente.
Rick: Ah, você entende. Quanto tempo durou o que tivemos, querida?
Ilsa: Eu não contei os dias.
Rick: Pois eu contei. Cada um deles. Lembro-me melhor do último. Do terrível final. Um cara parado na estação de trem, na chuva, com um expressão bizarra no rosto, porque por dentro havia sido mutilado."

É tudo tão triste, profundo e lindo. Sinto uma pena enorme de Rick. Ele sempre foi um homem fechado, e justo quando conhece alguém que consegue fazê-lo se abrir para o amor, fatalidades os separam. E aí ele volta ser o homem frio de outrora. Morro de dó. Mas também tenho dó de Ilsa, da confusão que se instala em seu coração, do seu dilema. Só assistindo o filme é possível entender o enlevo e a força desse grande amor.



"- Eu pensei que pudéssemos ser amigos, Manya, desde que comecei a escrever um livro sobre você.
- Sobre mim?
- Estou tentando. Tenho duas linhas, até agora.
- Por que você deveria escrever um livro sobre mim?
- Não fique se perguntando isto. Você sabe que é a pessoa mais interessante que conheço, há muito tempo. Por isso gostaria de saber mais sobre você."

Filme: A noite nupcial (The wedding night), de 1935
Casal: Manya (Anna Sten) e Tony (Gary Cooper)

Olha o Gary Cooper mais uma vez... Desta vez, em um filme comovente, mas sem final feliz.
Não costumo torcer por casais extra conjugais - e curioso é que, mesmo Manya e Tony formando um casal apaixonante, o desenrolar da história fez com que eu acabasse nutrindo maior simpatia por outro casal, aquele formado por Tony e sua esposa.
Este filme é muito interessante - já assisti um outro chamado "Amante discreto" (título original: Cynara), produzido 3 anos antes, e que conta praticamente a mesma história - e faz-nos refletir sobre temas como casamento, amor e fidelidade. 
Tony é um escritor em busca de inspiração, que se encanta pela doçura de Manya, e decide escrever um livro sobre ela. Isto, depois, acaba se tornando apenas um pretexto para aproximar-se da moça. Mas ela vem de uma família polonesa muito tradicional, a qual já combinou seu casamento com outro rapaz. Além de, é claro, o significativo detalhe de que Tony é casado.
O romance entre eles - que aliás, mal chega a ser consumado, e limita-se a olhares, palavras e sugestões - não termina muito bem. E o mais interessante é a reação da esposa de Tony, ao fim de tudo. Como eu disse, o rumo que a trama segue fez eu me sentir cativada pela relação delicada e proibida entre Tony e Manya, mas depois, acabo me tornando mais entusiasta do relacionamento conjugal de Tony.
Uma recordação interessante que guardo deste filme é que, na única vez em que o assisti (já faz uns 7 anos), o rádio estava ligado na sala, e no exato momento em que Tony e Manya ficam a sós pela primeira vez, a estação de rádio começou a tocar "Chão de giz", em um versão cujo instrumental do início é bem demorada e totalmente focada no violão. Casou perfeitamente com a cena do filme! Ficou tão lindo.



- Eu me lembro de alguém dizendo: "Se você viu um filme, então viu todos."
- Oh, eu disse coisas terríveis naquela noite, não disse?
- Não. Eu as mereci. Mas devo admitir que me magoaram. Magoaram tanto que eu nunca mais consegui pensar em outra coisa a não ser você, desde aquele dia.

Filme: Cantando na chuva (Singin' in the rain), de 1952
Casal: Don (Gene Kelly) e Kathy (Debbie Reynolds)


Ah, um casal adorável de um filme adorável! Creio que está é realmente a melhor palavra para descrever os personagens Don e Kathy, tanto individualmente, quanto pelo que representam quando estão juntos: adoráveis!
Quando assisti "Cantando na chuva" pela primeira vez, fiquei tão encantada que dediquei um texto inteiro ao filme. E boa parte de sua mágica é devida ao fofíssimo casal.
Em um primeiro momento, Kathy não se deixa seduzir pela aura de estrela de Don, famoso ator de cinema. E de tanto ser esnobado pela moça, Don acaba se apaixonando por ela. Afinal, como diz seu próprio amigo Cosmo Brown, ela foi a primeira garota que não caiu em sua lábia. Como, então, parar de pensar nela?
Mas com o tempo, Don vai ganhando Kathy e ambos iniciam um belo relacionamento. O sentimento que ela despertou nele é muito bem explicado na letra da canção que ele canta em homenagem a ela: 


"Life was a song, you came along
I've laid awake the whole night through
And if I ever dared to think you'd care,
This is what I'd say to you:
 You were meant for me,
And I was meant for you..."



("A vida era uma canção, você chegou
Eu passei a noite toda pensando 
E se eu algum dia me atrevesse a pensar que você se importa
Isto é o que eu lhe diria:
Você foi feita para mim,
E eu fui feito para você...")


O que mais me encanta é a forma como ele a trata, sempre atencioso e muito carinhoso. Por sua vez, ela também é um doce de garota. E, além de tudo, formam um lindo casal.





"- Eu te amo. Amo seus olhos espertos, o jeito como você sorri, sua timidez, e o seu jeito de rir das minhas piadas.
- Por favor, pare com isso...
- Eu te amo. Eu te amo. E você me ama também. Não adianta fingir que isso não aconteceu, porque aconteceu.
- Sim, aconteceu. Eu também não quero fingir nada para você ou para qualquer outra pessoa. Mas de agora em diante, eu precisarei. É isto que está errado. Você não vê? Isso estraga tudo. É por isso que devemos parar, aqui e agora, de falar sobre isso. Nós não somos livres para nos amar. Há muita coisa em nosso caminho. Ainda há tempo, se nos controlarmos e nos comportarmos como seres humanos sensíveis. Ainda há tempo."


Filme: Desencanto (Brief encounter), de 1945
Casal: Laura (Celia Johnson) e Dr. Alec (Trevor Howard)

Como já disse, eu não costumo sentir simpatia por casais de concubinos; meus princípios morais me impedem de encorajar romances que precisam destruir outros laços (de amor, de família) para acontecer. Mas não há como não se sentir tocado pelo sentimento desse casal... É algo tão bonito e fadado ao fracasso, que acaba emocionando.

Tanto Laura quanto Alec são casados, mas por algum motivo, embora sejam felizes com suas vidas, vêm a se apaixonarem. A parte complicada é lutar contra esse sentimento, ou ao menos tentar conciliá-lo com a enorme e sufocante sensação de culpa.

"Dr. Alec: Eu te amo muito. Te amo com todo o meu coração e minha alma.
Laura: Eu quero morrer. Se eu ao menos pudesse morrer...
Dr. Alec: Se você morresse, esqueceria-se de mim. E eu quero ser lembrado."


O romance entre os dois floresce naturalmente, não há nada de muito mirabolante, nada de amor à primeira vista ou coisas do tipo. Tudo ocorre de forma espontânea e gradativa, exatamente da maneira mais sensata a duas pessoas que já não são tão jovens e não estão amando pela primeira vez. Eu gosto de filmes que desenvolvem o romance desta forma, pois assim ele se torna mais crível.
As circunstâncias são interessantes, pois nenhum dos dois faz o tipo desequilibrado, deprimido ou infeliz. Porém, mesmo assim, passam a se amar. E a descoberta deste sentimento faz com que repensem suas vidas, seus anseios, suas personalidades. Em que instante deixaram que se formasse em suas almas esse vazio, passível de ser preenchido com um sentimento surgido entre dois conhecidos em uma estação de trem? O filme tenta responder a esta e outras perguntas realizadas por Laura, enquanto ela medita sobre tudo que aconteceu.

"Laura: Isto não pode durar. Esta miséria não pode durar. Eu devo me lembrar disso e me controlar. Nada dura de verdade. Nem felicidade nem tristeza. Nem mesmo a vida dura muito. Chegará um momento, no futuro, em que eu não vou mais me lembrar disso, e olharei para trás e direi calmamente o quanto fui boba. Não, não! Eu não quero que esse momento chegue. Eu quero me lembrar de cada minuto, sempre, até o fim dos meus dias."

Quanto mais insustentável a situação de Laura e Alec vai ficando, mais parece crescer a ânsia de um pelo outro. A mescla de amor e desespero dá ao filme um tom dramático, e faz das conversas do casal muito intensas, pois nunca se sabe quando poderá ser a última vez que eles se vêem - a cada vez que combinam parar de se encontrarem, não resistem. 

"Dr. Alec: Você realmente conseguiria dizer adeus, e nunca me ver de novo?
Laura: Sim, se você me ajudasse.
Dr. Alec: Eu te amo, Laura. Devo te amar até o fim da minha vida. Eu sei que é este o início do fim. Não do fim do meu amor, mas do fim de nós dois juntos. Mas não agora, querida... Por favor, não agora...
Laura: Tudo bem, não agora."




Todavia, de fato, a última vez em que eles se vêem é totalmente inesperada, e eles mal têm condições de despedirem-se decentemente.


E apesar de eu realmente me condoer com o dilema do casal, acho que a reflexão mais interessante que o filme propõe é outra. Mas isto não vêm ao caso, não é o assunto deste texto - e ademais, já falei sobre isso em outra ocasião, aqui no blog.




" - Você fez sua escolha, a única que poderia fazer. Você escolheu viver, e é assim que deve ser. E é por isto que me afasto, minha querida. Não posso te ajudar agora... Você deve fazer sua própria vida enquanto vive, e quando você se deparar com os ventos cruéis de tempestade em alto mar, deve encontrar seu próprio caminho rumo ao porto... Tudo foi um sonho, Lucy."
(do Capitão Daniel para Lucy, ao deixá-la livre para amar um humano)



Filme: O fantasma apaixonado (The ghost and Mrs. Muir), de 1947
Casal: Lucy (Gene Tierney) e Capitão Daniel Gregg (Rex Harrison)

Este sim é um romance quase impossível, afinal, o casal é composto por uma jovem viúva e o Espírito de um marinheiro. 

Anos após a morte do Capitão Daniel, ele não consegue se desprender de sua casa e seus bens materiais. Por isto, assombra a todos os pretensos moradores da casa. Mas Lucy não se sente intimidada, e decide viver lá. O convívio com o Espírito de Daniel faz com que ele se apegue a ela, e ambos ficam amigos, inclusive ajudando-se mutuamente. Mas é claro que não levaria muito tempo até virar amor...
Daniel se apaixona por Lucy, mas aceita perdê-la para outro rapaz; pois ele está vivo, e isto faz toda a diferença. 
Lucy, por sua vez, fica confusa a respeito dos próprios sentimentos. Sente grande carinho pelo Capitão, mas sabe que esta idéia é loucura. 

Os empecilhos existentes entre vida e morte são suficientes para impedir que este amor se consume - pelo menos por um tempo... Ah, não posso contar o final.

Ambos se desejam, mas não podem ter um ao outro. 
É um filme lindo, sensível, realmente muito tocante.




"- Que horas são agora?
- Meia noite.
- Como você sabe?
- Eu sou um guarda florestal!
- Ah, você está errado, são quase duas da manhã.
- E que diferença faz?
- É que, se você vai me beijar, é melhor se apressar."



Filme: Clarão no horizonte (The forest rangers), de 1942
Casal: Celia (Paulette Goddard) e Don (Fred MacMurray)

O primeiro filme em cores da lista!!
Eu assisti este filme há muitos anos, muitos mesmo, e não me lembro muito bem da história... Apenas me lembro que o personagem de Fred MacMurray é um guarda florestal disputado por duas mulheres: uma é a personagem de Paulette Goddard, e outra, a personagem de Susan Hayward. Mas ele se apaixona mesmo é pela primeira, embora o contexto da vida dela não se assemelhe em nada com o estilo de vida levado por ele... Ainda assim, eles resolvem viver esse amor. Muitas vezes, aquilo que parece mais familiar não é o que vai ser melhor para nós. 
Paulette e Fred são belos juntos, e fazem um excelente trabalho neste filme, demonstrando muito sentimento em suas atuações. Fica difícil não torcer pelo casal...




"- É você... Não é um sonho.
- Não, não é um sonho. Estou aqui com você, em seus braços, finalmente.
- Finalmente.
- Você está fraca.
- Não, não. Estou forte. É o meu coração. Ele não está acostumado a ser feliz."


Filme: A dama das camélias (Camille), de 1936
Casal: Marguerite (Greta Garbo) e Armand Duval (Robert Taylor)

Ah, esses dois, tão melosos! Acho que, de todos os casais desta lista, nenhum ganha deles em termos de pieguice. E eu acho isso ótimo... 
Um clássico romance de Alexandre Dumas, com Greta Garbo e Robert Taylor nos papéis principais, não podia dar um filme ruim. A história é linda e os diálogos são maravilhosos. A produção é espetacular. Há muita beleza e glamour. Os atores são igualmente muito bonitos e funcionam muito bem juntos. Dá pra ver luz e dor em seus olhos, dá pra sentir ternura pairando entre seus corpos... Mesmo só assistindo pela tela da televisão é possível sentir tudo isso.
Talvez seja um dos maiores romances de todos os tempos.
Marguerite é uma cortesã, e Armand é filho de um antigo amante dela. Apesar do amor que surge instantaneamente entre os dois ("Os olhos dele fizeram amor comigo a noite toda", ela diz), o pai dele resolve tentar impedir o romance, pois crê que a moça vai arruinar o futuro do filho. Em razão disto, ambos enfrentam mil dificuldades para conseguirem ficar juntos. E as dificuldades, é claro, só fazem com que aumente o sentimento. Armand mostra-se capaz de renunciar a muitas coisas em nome de sua amada, e ela, pobrezinha, acaba ficando doente de verdade com tudo isso.
Um clássico para ver e rever, suspirar e se emocionar... Talvez até chorar um pouquinho.



"- Eu não estou mais em seu poder?
- Isso mesmo.
- Neste caso, prefiro ficar.
- Oh, querida, então você se importa?
- É claro que me importo!
- O seu orgulho te impedia de te entregar a mim...
- É claro!
- Ah, eu te amo. Eu te amo de todas as formas possíveis!"




Filme: O escândalo da princesa (A breath of scandal), de 1960
Casal: Princesa Olympia (Sophia Loren) e Charlie (John Gavin)

O último filme da lista também já ensejou outras discussões em textos meus aqui do blog.
Este belo romance traz Sophia Loren e John Gavin no auge da beleza e juventude, e a famosa e batida fórmula "a princesa e plebeu". Mas qual o problema do uso do clichê, se for bem executado? E aqui ele o é.
A princípio, Olympia só quer se divertir com Charlie... Porém, ele acaba se apaixonando. E com tantas demonstrações de ternura, faz com que a princesa também passe a gostar dele.
Entre indas e vindas, declarações e separações, e os previsíveis obstáculos existentes em todo romance entre uma monarca e um cidadão comum, Olympia e Charlie encantam o telespectador com seu amor cândido e resistente. Além de tudo, a moça é arredia e impetuosa, então torna-se ainda menos fácil fazer com que ela se sujeite às circunstâncias. Mas no fim, tudo dá certo...
Um lindo filme, com um lindo casal. Os cenários e figurinos são deslumbrantes; tudo no filme contribui para a atmosfera de encantamento que envolve Olympia e Charlie, e consequentemente, envolve também o telespectador.



Enfim... Esta é a minha lista.
Todos estes filmes me marcaram, de alguma forma, e me emocionaram e me envolveram. É bom respirar um pouco de romance, às vezes. Ainda que já o tenhamos em nossas vidas, ainda que a realidade seja agradável, ainda que não exista nenhum vazio a ser preenchido com escapismo e fantasia... Ainda assim é bom deixar-se envolver por outras histórias, outras pessoas, outros romances: fictícios, clássicos, hollywoodianos... Lindos.

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