“Sometimes it’s hard when you’re so deep inside to see all you could loose in a blink of an eye…”
(“Underneath”, Jessica Simpson)
Por conta da crise, fãs oferecem dinheiro a Silvio Santos
“Silvio você é o cara. Já ajudou muita gente e agora é nossa vez de ajudar”, diz Adriano, em uma das mensagens que têm chegado ao SBT
(17 de novembro de 2010)
Redação CORREIO
“Silvio você é o cara. Já ajudou muita gente e agora é nossa vez de ajudar”, diz Adriano, em uma das mensagens que têm chegado ao SBT desde o último final de semana. São cartas e e-mails de telespectadores manifestando solidariedade para que Silvio supere o problema com o Banco PanAmericano, que precisou de um aporte de R$ 2,5 bilhões para não quebrar.
Com medo de que a questão do banco ponha em risco a carreira do apresentador, os fãs não estão poupando esforços e até oferecem suas economias para ajudar. “Pessoal do SBT, peço que mandem uma conta do Grupo SS para que eu possa depositar um pouquinho das minhas economias para ajudar o Silvio que tanto tem ajudado o povo sofrido. (Assinado Jorge)”, diz uma das mensagens.
Segundo reportagem publicada no portal UOL, a família de Silvio Santos está acompanhando cada passo das investigações e fazendo o levantamento contábil de outras empresas do grupo, como a Jequiti Cosméticos e a Sisan Empreendimentos Imobiliários.
Ontem, Silvio Santos não compareceu ao lançamento do livro de crônicas de sua mulher, Iris Abravanel, mas ela fez uma breve declaração sobre a atual crise do Banco PanAmericano. “Em todas as situações, a gente procura passar tranquilidade, sobriedade”, destacou.
Quem imaginaria Silvio Santos, um dos homens mais ricos do Brasil, falido? Pois bem, o apresentador e empresário, dono do SBT e de várias outros empreendimentos, está nesta situação. Devido a algumas decisões erradas (sabe-se lá quais, ou se foi este o real motivo!), seu banco Panamericano apresentou um rombo e Silvio precisou de um empréstimo de R$2,5 bilhões, dando inclusive o SBT e a Jequiti Cosméticos como garantia.
Não vou mentir: fiquei com muita pena. E achei muito tocante o gesto dos fãs que se juntaram para tentar ajudar o ídolo Silvio, arrecadando dinheiro para que ele possa quitar parte da dívida. Silvio ficou emocionado com a atitude, e devo dizer, eu também. Deve ser bastante gratificante representar algo especial na vida de pessoas que você nem conhece, a ponto de fazer com que elas se mobilizem a fim de ajudá-lo.
O dinheiro traz coisas muito boas, mas também oferece riscos. A riqueza é uma verdadeira provação. Os ricos nunca dormem em paz – e às vezes mal é necessário ser rico de fato, basta que as pessoas pensem que você tem dinheiro, e pronto, está decretado o fim de seu sossego: todos querem tirar proveito, aproveitar-se de você. Você nunca sabe em quem pode confiar, nunca sabe onde ou com quem pode sentir-se seguro, nunca sabe quem realmente gosta de você puramente ou quem finge interesse por conveniência.
Imagino como deve ter se sentido Silvio quando sua filha foi sequestrada. Aliás, em situações como esta é que percebo o quanto os ricos são vulneráveis: o que é tanta fortuna em comparação à vida de um filho? “Entregue-me toda a sua riqueza que eu te entrego o que é realmente valioso para você”. Que tipo de pressão poderia ser pior?
Não condeno a riqueza, se ela provém de trabalho, mérito, esforço e coisas lícitas. Há muito tempo assisti a uma entrevista com Roberto Justus na qual ele dizia: “Por que eu não posso ter um carro de luxo e uma casa boa? Trabalhei minha vida inteira para isso”. Concordo plenamente.
Acontece que, para aqueles que nasceram com menos oportunidades ou que simplesmente não querem se dar ao trabalho de lutar para alcançar as coisas que deseja, é muito difícil aceitar que aquele homem rico suou muito para chegar onde está. É mais fácil acreditar que ele teve sorte na vida, que Deus é injusto e cruel. E, claro, é muito mais fácil tentar tirar uma casquinha do dinheiro dele, do que tentar crescer na vida honestamente até atingir o mesmo patamar.
Não vou entrar aqui no mérito da questão da desigualdade social e da miséria que assolam o nosso país. Não sei se saberia opinar sobre isso de maneira desvirtuada das minhas convicções religiosas, portanto ficarei apenas na defesa dos ricos. Eu sei, é claro, que nem tudo é o que parece e não podemos generalizar. Nem todo pobre é desonesto e preguiçoso, assim como nem todo rico é merecedor e trabalhador. Sequer acho que este seja o caso da maioria. Todavia, o fato é que, em um país em que a maioria dos habitantes tem dificuldades de pagar a própria comida, o sofrimento dos ricos é motivo de chacota.
Acerca do problema recente de Silvio Santos, ouço tanta gente dizendo: “Bem feito”, “Tomara que perca tudo”, como se ser milionário fosse um crime. Até onde sei, Silvio nunca roubou nem fez nada ilegal para conseguir o monte de dinheiro que tem.
E, antes que eu me esqueça: obviamente os fãs de Silvio poderiam muito bem juntar dinheiro com outra finalidade, para ajudar crianças carentes, por exemplo. Mas bem, cada um faz de seu dinheiro o que quer, não é verdade? E uma ajuda financeira feita de coração a alguém que você admira com certeza vale mais que uma doação feita somente para parecer politicamente correta.
Para finalizar meu texto, colarei aqui uma oportuna lição retirada do Capítulo XVI do Evangelho Segundo o Espiritismo:
Utilidade providencial da riqueza. Provas da riqueza e da miséria
Se a riqueza houvesse de constituir obstáculo absoluto à salvação dos que a possuem, conforme se poderia inferir de certas palavras de Jesus, interpretadas segundo a letra e não segundo o espírito, Deus, que a concede, teria posto nas mãos de alguns um instrumento de perdição, sem apelação nenhuma, idéia que repugna à razão. Sem dúvida, pelos arrastamentos a que dá causa, pelas tentações que gera e pela fascinação que exerce, a riqueza constitui uma prova muito arriscada, mais perigosa do que a miséria. É o supremo excitante do orgulho, do egoísmo e da vida sensual. E o laço mais forte que prende o homem à Terra e lhe desvia do céu os pensamentos. Produz tal vertigem que, muitas vezes, aquele que passa da miséria à riqueza esquece de pronto a sua primeira condição, os que com ele a partilharam, os que o ajudaram, e faz-se insensível, egoísta e vão. Mas, do fato de a riqueza tornar difícil a jornada, não se segue que a torne impossível e não possa vir a ser um meio de salvação para o que dela sabe servir-se, como certos venenos podem restituir a saúde, se empregados a propósito e com discernimento.
Quando Jesus disse ao moço que o inquiria sobre os meios de ganhar a vida eterna: "Desfase-te de todos os teus bens e segue-me", não pretendeu, decerto, estabelecer como princípio absoluto que cada um deva despojar-se do que possui e que a salvação só a esse preço se obtém; mas, apenas mostrar que o apego aos bens terrenos é um obstáculo à salvação. Aquele moço, com efeito, se julgava quite porque observara certos mandamentos e, no entanto, recusava-se à idéia de abandonar os bens de que era dono. Seu desejo de obter a vida eterna não ia até ao extremo de adquiri-la com sacrifício.
O que Jesus lhe propunha era uma prova decisiva, destinada a pôr a nu o fundo do seu pensamento. Ele podia, sem dúvida, ser um homem perfeitamente honesto na opinião do mundo, não causar dano a ninguém, não maldizer do próximo, não ser vão, nem orgulhoso, honrar a seu pai e a sua mãe. Mas, não tinha a verdadeira caridade; sua virtude não chegava até à abnegação. Isso o que Jesus quis demonstrar. Fazia uma aplicação do princípio: "Fora da caridade não há salvação".
A conseqüência dessas palavras, em sua acepção rigorosa, seria a abolição da riqueza por prejudicial à felicidade futura e como causa de uma imensidade de males na Terra; seria, ao demais, a condenação do trabalho que a pode granjear; conseqüência absurda, que reconduziria o homem à vida selvagem e que, por isso mesmo, estaria em contradição com a lei do progresso, que é lei de Deus.
Se a riqueza é causa de muitos males, se exacerba tanto as más paixões, se provoca mesmo tantos crimes, não é a ela que devemos inculpar, mas ao homem, que dela abusa, como de todos os dons de Deus. Pelo abuso, ele torna pernicioso o que lhe poderia ser de maior utilidade. E a conseqüência do estado de inferioridade do mundo terrestre. Se a riqueza somente males houvesse de produzir, Deus não a teria posto na Terra. Compete ao homem fazê-la produzir o bem. Se não é um elemento direto de progresso moral, é, sem contestação, poderoso elemento de progresso intelectual.
Com efeito, o homem tem por missão trabalhar pela melhoria material do planeta. Cabe-lhe desobstrui-lo, saneá-lo, dispô-lo para receber um dia toda a população que a sua extensão comporta. Para alimentar essa população que cresce incessantemente, preciso se faz aumentar a produção. Se a produção de um país é insuficiente, será necessário buscá-la fora. Por isso mesmo, as relações entre os povos constituem uma necessidade. A fim de mais as facilitar, cumpre sejam destruídos os obstáculos materiais que os separam e tornadas mais rápidas as comunicações. Para trabalhos que são obra dos séculos, teve o homem de extrair os materiais até das entranhas da terra; procurou na Ciência os meios de os executar com maior segurança e rapidez. Mas, para os levar a efeito, precisa de recursos: a necessidade fê-lo criar a riqueza, como o fez descobrir a Ciência. A atividade que esses mesmos trabalhos impõem lhe amplia e desenvolve a inteligência, e essa inteligência que ele concentra, primeiro, na satisfação das necessidades materiais, o ajudará mais tarde a compreender as grandes verdades morais. Sendo a riqueza o meio primordial de execução, sem ela não mais grandes trabalhos, nem atividade, nem estimulante, nem pesquisas. Com razão, pois, é a riqueza considerada elemento de progresso.
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