domingo, 5 de dezembro de 2010

Mamães mais velhas

A atriz Sarah Jessica Parker teve o primeiro filho aos 37 anos, e recentemente, aos 44, teve gêmeas

É preciso cuidado, racionalidade e sensatez para interpretar as vontades da natureza. Nem tudo que é natural e instintivo é o mais certo a ser feito, do ponto de vista da razão e da moral. 
Adriane Galisteu: 35 anos e mãe
pela primeira vez

Já tive muitas discussões (no bom sentido da palavra) com amigas sobre qual a melhor idade para ser mãe. Várias amigas me dizem que querem ser mães cedo, ainda jovens; cada uma por um motivo. Pois bem, muito embora eu não pense que haja uma idade-padrão para ter filhos, não endosso o coro destas minhas amigas.

Eu realmente acredito que ser mãe é uma tarefa muito mais complexa do que podemos calcular. Não se trata apenas de dar à luz, alimentar, cuidar da higiene, colocar na escola, providenciar roupas e remédios – essa é a parte simples. O mais complicado é a criação, a efetiva criação, a formação do caráter, a transmissão dos valores. Manter uma criança viva é relativamente fácil; difícil mesmo é formar um ser humano decente, feliz e bem resolvido. E esta tarefa requer preparo, preparo que só a experiência, a maturidade e a vida podem oferecer à corajosa mulher que topa ser mãe.

A única coisa que conta a favor da mãe jovem é a sua própria juventude e a saúde decorrente dela (embora isto também seja muito relativo; há pessoas velhas mais saudáveis que muitas jovens). Fora a própria saúde, a única coisa que uma mãe jovem tem a dar a seu filho é o amor, mas o amor não é uma exclusividade da juventude. A mãe “velha” também ama.


A cantora Ivete Sangalo foi mãe aos 36 anos
Óbvio que há casos e casos, mas de uma maneira muito generalizada, posso afirmar que a mulher mais velha tem melhores condições de ser uma boa mãe, posto que provavelmente possui mais sabedoria (proveniente da experiência adquirida ao longo de muitos anos), força, equilíbrio e até mesmo melhor condição financeira.

Contra o meu posicionamento pode advir o fato de que o corpo da mulher está mais preparado para a gravidez quanto mais jovem ela for. Pode-se dizer, portanto, que “a natureza quer” que a mulher seja mãe mais cedo. Porém, vejamos só: a natureza também “quer” que a mulher esteja constantemente engravidando (pois ovula todo mês), que o homem esteja constantemente mantendo relações com fêmeas diferentes (é cientificamente provado que o homem possui mais apetite sexual e mais disposição para manter relações com parceiras distintas) a fim de perpetuar a espécie, entre outras coisas; mas nem por isso acatamos todas estas condutas como corretas. Há de se estabelecer normas de modo a firmar um equilíbrio entre natureza e razão.

O argumento de que “ser mãe mais nova é melhor porque assim seus filhos não correm o risco de ficarem órfãos logo” também não me parece ter muita procedência. Quem garante que uma moça de 20 anos não morrerá mais cedo que uma mulher de 35?

É claro que existe um limite: a partir de uma certa idade torna-se perigoso ou até mesmo impossível para uma mulher engravidar. Porém, não havendo chegado este momento, qual o problema? Particularmente, acho inteligente esperar atingir um maior patamar de maturidade e estabilidade para tomar a decisão de ser mãe. 

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