segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Talvez, pensar menos

“Parei de pensar e comecei a sentir...”

(“Olhos vermelhos”, Capital Inicial)


O pensador, escultura do francês
Auguste Rodin

Sou uma pessoa que filosofa demais, pensa demais nas coisas. Okay, não em todas, não sobre tudo, mas de uma maneira geral, sou assim. Acho isso legal, filosofar é sempre bom porque desta forma formamos melhor as nossas opiniões, analisamos melhor as coisas, vendo-as por ângulos diferentes e não se deixando enganar pelos conceitos prontos que nos são impostos. Mas é como dizem: tudo que é em excesso, atrapalha.

Várias situações aparentemente simples já me pareceram extremamente difíceis, rendendo-me grandes problemas e dificuldades para executar as coisas, e isto provavelmente se deveu à minha mania de pensar demais nelas.

Talvez na época eu não tenha me atentado, mas hoje, raciocinando e repassando os fatos em minha mente, percebo que o problema só desapareceu depois que parei de ficar maquinando, filosofando em cima das coisas mais bobas. Enfim, a dificuldade só foi resolvida depois que “parei de pensar e comecei a sentir”, exatamente como na canção que mencionei ali no início do texto.

Posso estar enganada, mas às vezes a solução pode ser essa, em especial para o medo. Em certos momentos o medo é justamente proveniente de nossa mente, que fica tentando prever o que vai acontecer, o que pode acontecer, como será, como vai terminar, e tantas coisas mais. E se simplesmente parássemos de pensar, e fôssemos em frente? Talvez dê certo.

Não estou, com este texto, querendo incentivar as pessoas a agirem sem pensar, a serem inconsequentes – isto não é recomendável. Estou apenas tentando dizer, com base em experiências próprias que, em algumas situações, pensar demais pode impedir-nos de viver algo muito bom, ou prejudicar-nos enquanto tentamos realizar algo que em tese deveria ser fácil, quase automático.

Revirando cadernos antigos, encontrei este poema de Alberto Caeiro (heterônimo de Fernando Pessoa) que fala sobre isso... Colarei aqui apenas as partes que convêm:

"Creio no mundo como um malmequer
Porque o vejo, mas não penso nele

Porque pensar é não compreender


O mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia, tenho sentidos...
Se falo na natureza não é porque a amo, amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama.
Nem sabe porque ama, nem o que é amar...
Amar é a eterna inocência
E a única inocência é não pensar..."

Conclusão: pensar é legal; na verdade é essencial. Porém, se em uma situação em que as coisas deveriam ser fáceis e na verdade nos parecem muito complicadas, pensar um pouco menos pode facilitar.

Só rogo, pelo amor de Deus, que ninguém use este tipo de pensamento diante de situações que envolvam coisas ilícitas ou prejudiciais! Estou me referindo a coisas boas, saudáveis e normais... Se alguém me oferecer droga, por exemplo, com certeza eu vou pensar demais e recusar, e esta é a melhor coisa a ser feita! Okay, guys? 

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