quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Espírito natalino: magia e inocência



Assistindo ao décimo episódio da segunda temporada de Glee até dá vontade de gostar do Natal. Por motivos pessoais, nunca fui muito fã desta época do ano, mas tenho minhas dúvidas a respeito de como lidarei com isso quando tiver os meus filhos.


Os norteamericanos levam muito a sério essa história de incorporar o espírito natalino. Aqui no Brasil, por exemplo, não é um costume os artistas lançarem CDs de Natal e muito menos esses CDs serem bem vendidos. Pois lá isso existe... 

Este ano, por exemplo, os CDs de Natal que mais têm vendido são os de Susan Boyle, Mariah Carey e do próprio Glee. Eu destaco também o CD da Jessica Simpson, que certamente não obterá tanto êxito nas vendagens, mas citei porque adoro a Jessica... 


Voltando a falar do episódio de Glee: a história toda fica por conta de Brittany, que ainda acredita em Papai Noel. Seu namorado, apesar de ficar muito surpreso com a revelação, decide armar vários planos para que Brittany nunca descubra que tudo não passa de uma ilusão e para que os sonhos da  cheerleader não sejam destruídos.

O empenho dos membros do Glee e até mesmo da treinadora Shannon Beiste (personagem que, aliás, é um show à parte e foi responsável pelas cenas mais emocionantes do episódio) renderam cenas muito meigas incluindo muitas árvores de Natal, estrelas, cachecóis vermelhos, neve, presentes, renas, Papais Noéis de mentira... Enfim, todos esses símbolos natalinos. Quem assiste até sente vontade de voltar a ser criança e acreditar que o Papai Noel vai deixar um presente debaixo das nossas camas.

Por menos puras que sejam as crianças de hoje, ainda há aquela inocência sutil dos primeiros anos de idade, capaz de acreditar em Papai Noel e encantar-se com a ideia de que ele chegará num trenó puxado por adoráveis reninhas. Passado o tempo, as crianças crescem, a inocência se perde e a verdade aparece: Papai Noel não existe, renas não voam, e nem sempre podemos ganhar presentes.

Tudo isto é apenas uma metáfora que diz respeito a outras coisas que acreditamos e aos poucos vamos descobrindo que não são reais, ou ao menos não são tão fantásticas quanto imaginamos. A passagem da infância para a vida adulta é muito complicada, requer deixar de ser ingênuo e constatar que a vida é dura, é difícil. Tudo que é lindo e fácil deixa de fazer parte das nossas crenças e passa a constituir apenas uma lembrança do passado. A magia aos poucos vai se perdendo...


Mesmo sabendo que inevitavelmente cresceremos e descobriremos “a grande verdade” sobre a vida, ainda assim as novas gerações de pais e adultos optam por conservar este costume de envolver as crianças em um clima de fantasia. Ao menos uma vez na vida temos direito a essa ilusão, não? Ao menos em uma época da vida podemos desfrutar dessa sensação deliciosa de que os sonhos podem se realizar com facilidade, de que coisas incríveis e mirabolantes existem na vida real exatamente como em nossa imaginação... Por que não? Destruir os sonhos de uma criança pode ser uma maldade enorme. Dizem, inclusive, que fazem-nas crescer como adultos amargos.

Não sei a origem desta ideia de considerar a infância como “a fase da magia”, e também não sei se isto é saudável ou não. Não saberia dizer se é mais correto permitir que as crianças cresçam iludidas ou se o mais adequado é fazê-las entender desde pequenas o real significado das coisas.



De qualquer forma creio que, tanto para as famílias que preservam o hábito de criar a magia do Natal em suas casas, quanto para as famílias que preferem não fazê-lo, seria interessante que tentassem passar a seus filhos uma mensagem sobre a verdadeira essência desta data, que não se trata de presentes materiais e comilança, mas sim de gratidão a Deus – para os que n’Ele acreditam, é claro. 

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