sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Inocentes: uma espécie em extinção



Who's gonna fight for innocence when we're always denying the proof?”
(“Innocence”, Deborah Blando)


                Ouvir essas canções de quando Michael Jackson era criança dá vontade de chorar. Sua voz sensível e inocente faz-me lembrar de quanto ele sofreu nesta passagem por este mundo.
                Inocente, essa é a palavra perfeita para descrevê-lo. Pelo que conheço de sua história, e acrescentando a esses conhecimentos o meu próprio sentimento e intuição, o que concluo é que Michael era um ser humano muito inocente.
                Tinha o coração puro. Muita gente julgava seu comportamento com maldade, mas para mim é cristalino que ele era desprovido de malícia. Por isso, vibrei quando vi na televisão que ele havia sido absolvido das cruéis acusações de pedofilia. Sua inocência precisou ser legitimada pelo Estado para que as pessoas acreditassem, e ainda assim há quem duvide e, pior que isso, há quem faça piadinhas de mau gosto em relação a Michael.
               
                É tão complicado falar sobre isso... No mundo de hoje, ser inocente é praticamente perigoso. É preciso ter uma certa sagacidade para sobreviver, para não ser enganado, para não ser vítima de todos os tipos de violência. Porém, adotar este tipo de pensamento traz consequências preocupantes.
                Na época do ginásio e colegial, eu tinha o costume de presentear os professores e professoras no dia 15 de outubro com presentinhos e cartas. Passado um tempo, foi ficando difícil manter este costume. Os comentários maldosos eram inevitáveis. Por que uma aluna daria presentes a um professor? Suborno? Segundas intenções?
Sou filha de uma professora e sei o quanto estes profissionais sofrem e se esforçam para entrar em sala de aula todos os dias; portanto, sempre os valorizei, sempre gostei de agradá-los, principalmente aqueles que desempenharam um papel um pouco mais importante em minha vida (houveram muitos e sou grata por isso). Mas, neste mundo cheio de malícia, quem acredita nisso?

Hoje em dia, nem as crianças são mais puras. Desde o berço, o ser humano vem aprendendo a agir segundo suas próprias conveniências, a ser interesseiro, a ver maldade em tudo. Será possível que a inocência é uma virtude prestes a desaparecer? Será possível que não existem mais sentimentos puros? Será que estamos todos contaminados pela desconfiança e pela descrença?  
                

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