O ator Stênio Garcia, aos 78 anos, decide aprender a dançar
Recentemente estive conversando com uma mulher de meu convívio, já com mais de 40 anos, casada, mãe de filhos adultos, e portadora de algumas doenças que a impedem de manter algumas vaidades. Ela proferia um discurso de derrotada, como se em razão de todas estas circunstâncias sua vida já estivesse acabada, pois não havia mais nada que ela pudesse realizar. Ousei dizer que ela estava errada, e que sua mentalidade não condizia com as ideias propagadas pela nossa geração, ou melhor, propagadas no nosso tempo, nos dias de hoje.
Constantemente aqui no blog critico a atual geração, da qual inclusive faço parte, condenando-a pela futilidade e ausência de princípios; mas preciso reconhecer uma coisa: se tem algo que conta a nosso favor é o fato de termos abandonado alguns velhos estigmas e preconceitos. Apesar de esta conquista não ser necessariamente nossa, e sim fruto da luta e coragem de gerações passadas, temos este mérito de não enxergar certas limitações que nossos pais e avós enxergavam.
Em que pesem as restrições impostas por questões biológicas, creio que hoje em dia as pessoas sentem-se muito mais à vontade para buscar a felicidade, independente de idade, posição social, estado civil e outras características. São cada vez mais comuns os casos de pessoas que apesar de terem uma certa idade, decidem fazer uma faculdade, mudar o visual, iniciar um novo relacionamento, viajar para conhecer o mundo... Em suma: experimentar coisas novas, coisas que sempre quiseram fazer mas achavam que não podiam. E por que não? O que as impede?
Há aquele antigo ditame social segundo o qual a vida é simplesmente isso: estudamos, conseguimos uma profissão, trabalhamos, nos casamos, temos filhos, os criamos, e pronto; a partir daí tem início a vida de quem já “encerrou sua vida”: vêm a aposentadoria, os longos dias dentro de casa sem fazer nada, a visita dos netos... Enfim, a espera da morte! Sim, soa trágico, mas é a realidade. O que mais faz uma pessoa que não faz nada, a não ser esperar o dia de morrer?
Felizmente estamos abandonando esta ideia terrível e conformista. A vida não acaba aos 40, 50, 60 ou o que for. Sempre é tempo de buscar a felicidade!
Chegado o tempo em que a juventude constitui apenas uma saudosa lembrança, não é hora de “jogar a toalha”. O fim da mocidade não é motivo para decretar também o fim da vaidade, dos cuidados com a saúde e auto-estima, com o seu próprio bem estar. Aliás, essa sim seria a melhor hora para cuidar de tudo isso, de renovar-se, de buscar fazer aquelas coisas que sempre foram tão sonhadas mas nunca realizadas, por falta de tempo.
Ler bons livros, ver bons filmes, fazer boas viagens, sair para conhecer bons lugares, estudar um novo idioma ou um novo assunto, arrumar-se com mais capricho, praticar uma atividade física, adquirir novos hábitos... Por que não? Tanta gente pensa que não é mais possível, porém é claro que sim. E eu percebo que essa postura é mais adotada pelas mulheres que pelos homens. Justo elas, que passam a vida inteira cuidando dos outros (filhos, marido etc), não se dão o direito de cuidar de si mesmas também! Quão lamentável.
Eu realmente admiro as pessoas que têm essa coragem de recomeçar, ou de ousar correr atrás da própria felicidade, sem dar ouvidos aos que dizem que é tarde demais. Claro que, para algumas coisas, realmente pode ser tarde. Não adianta, por exemplo, tentar praticar ginástica artística aos 30 anos, ou engravidar aos 80. Existem casos em que a própria natureza nos impõe restrições. Todavia, fora estes casos, quem coloca restrições é a própria sociedade, ou até nós mesmos!
Por que fazemos isso? Por que não reconhecemos que temos o direito de buscarmos o que é melhor, o que nos faz bem?
Ninguém está fadado a ser infeliz. Portanto, como canta Lulu Santos,“vamos viver tudo que há pra viver... Vamos nos permitir!”.
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