terça-feira, 2 de novembro de 2010

Comparações e rótulos

Há muitos anos li uma reportagem na revista Capricho cujo tema era: vergonha de mostrar o corpo. Nunca me esqueço de um dos subtítulos: "Sabe por que tanta gente tem vergonha de mostrar o corpo? Porque tem gente que mostra demais". Isto faz muito tempo, e nunca me esqueci porque concordo absolutamente. A comparação excessiva é um veneno para o ego das pessoas, sejam eles pequenos demais ou grandes demais.

E já que falei na revista Capricho, lembro-me também de uma reportagem que falava sobre rótulos. Um entrevistado (não tenho certeza mas acho que era um psicólogo) dizia que o que incomoda as pessoas não é o fato de serem rotuladas, mas sim, o fato de possuírem um rótulo apenas. Isto me impressionou muito na época, eu era muito novinha quando li.
 
Não poderia ser mais verdade! Ninguém é uma coisa só. É realmente chato que todos associem você a apenas um defeito ou uma qualidade, quando na verdade todos temos tantos...

Julgar os outros é um hábito e por um lado é até proveitoso, afinal, é a partir das observações que fazemos que vamos moldando nossas opiniões. Este é um ponto positivo da vida em sociedade: temos tantos exemplos de todos os tipos de comportamento à nossa volta, podemos ver o que parece bom ou não, e adotarmos postura semelhante, ou anotarmos mentalmente que não queremos ser assim. Aprendemos muito com os outros.

O errado é julgar por maldade, é apontar o dedo cruelmente, esquecendo-se de que nós também temos defeitos. 

A panicat Dani Bolina certa vez disse: "Meu corpo é meu trabalho, QI não interessa". Não deixa de ser verdade. Não que QI não interesse de uma maneira geral, mas não interessa para o trabalho dela. Ela vive da sua beleza, da sua imagem. Da mesma forma, ninguém exige que cientistas sejam sarados (na última postagem, sobre a presidente Dilma, eu falei sobre o fato de a sociedade sempre exigir que as mulheres sejam bonitas). Claro que a Dani poderia ler e estudar mais, e os cientistas poderiam cuidar mais da própria aparência, mas enfim, a vida é deles, não minha. 

Eu posso pensar e até comentar com a devida moderação, mas usar minhas opiniões e ideias para atacar alguém é desrespeitoso. Pessoas famosas ou que de alguma forma expõem-se sabem que estão sujeitas ao julgamento público, ou se não sabem, deveriam saber; mas o público também deve agir com respeito.

Nossa Constituição Federal garante a liberdade de expressão (art. 5, IV), mas de outra banda, garante que "são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação" (art. 5, IX), sem mencionar os direitos da personalidade assegurados nos arts. 11 a 21 do Código Civil.

Aqui mesmo, no meu próprio blog, faço algumas críticas a alguns tipos de comportamentos, mas até onde me lembre, tomo cuidado para não beirar a agressividade e o desrespeito.

Em suma, cada um é o que é, e a verdade é que todos poderíamos ser melhores, mas cabe a cada um cuidar da própria vida e ver o que deve ser mudado ou não. Sim, isto é clichê, é moralista, mas é verdade - e, no fim das contas, eu também sou clichê e moralista. 

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