Dias atrás estive conversando com um amiga sobre os fatos que levaram o nosso Estado a ser destaque nacional nos noticiários: o excesso de queimadas, os escândalos eleitorais e o recorde de consumo de bebida alcóolica. Um Estado tão jovem, e já com suas peripécias, chamando a atenção.
Este é o mundo em que eu estou vivendo. Em alguns aspectos, melhor que o mundo da época dos meus pais; em outros, pior. Como será o mundo em que meus filhos vão viver? Como estarão as coisas? Creio que não é possível prever. Às vezes temo por eles.
Ser pai/mãe requer uma responsabilidade tremenda. O mundo está tão complicado! Como agir para criar bem as nossas crianças? Como saber qual é a melhor maneira de prepará-los para lidar com tantos problemas, tantas loucuras?
Sinto como se estivéssemos em guerra, e fôssemos os responsáveis por treinar os soldados que lutarão nessa guerra completamente misteriosa, que ninguém sabe como será, ninguém sabe se será mais ou menos agressiva do que o esperado.
Acho minha geração tão perdida, tão imatura, tão confusa. São tantos valores que tentam incultir em nossas cabeças, tantas ideias vindas de todos os lados: da família, dos amigos, da mídia. Ninguém sabe ao certo o que fazer. Ninguém sabe se é melhor ser você mesmo, ser o que os outros esperam de você, ou simplesmente ser diferente.
Entretanto, uma pessoa muito querida estava contando para mim recentemente de um musical que assistiu e que retratava a vida dos jovens dos anos 60. “Que loucura, que povo desregrado”, ela dizia. “Então, a minha preocupação não é novidade”, eu concluí.
Então, há 40 anos, os jovens já eram assim. Seria uma característica típica da juventude ou será que apenas não evoluímos? Tem que ser sempre assim? Ou a tendência é melhorar, e simplesmente não conseguimos isso ainda?
Eu, particularmente, acho que o caminho certo a ser seguido é o da mudança, da mudança para melhor. Não é plausível acreditar que tenhamos que carregar esse estigma da imaturidade, da ignorância, da vida sem freios. Há pessoas que são assim por natureza e insistem nesse erro a vida inteira, mas enfim, creio que trata-se de algo que vem de cada um, e não de uma fase da vida. Porém... “Assim caminha a humanidade: com passos de formiga e sem vontade”, canta Lulu Santos.
E já que falei em música, a letra de “Como nossos pais”, de Belchior, sempre me pareceu perfeita, e vem a calhar exatamente com o que estou escrevendo agora. Por que insistimos em errar? Por que não conseguimos aprender com os erros de nossos antepassados? “Ainda somos os mesmos, e vivemos como nossos pais”. Mesmo sabendo “que o novo sempre vem”, “nossos ídolos ainda são os mesmos”. E por ‘ídolos’, entendo como sendo o estilo de vida, os próprios ideais, os chavões que repetimos.
Tento imaginar como será a geração do futuro. Hoje tudo está tão ilimitado, os jovens têm acesso a tudo, podem tudo, fazem de tudo, quando querem. Não há mais idade-limite para nada, está tudo liberado. Se a tendência for “ir pra frente”, é possível que teremos uma futura geração de crianças adultas, de jovens que desfrutam os prazeres da idade adulta ainda na flor da idade e que se tornarão adultos frustrados, a postos para desistir da vida, por não terem mais nada a ser explorado, por tudo ter pedido a graça.
Mas há outra possibilidade. Há a possibilidade de as coisas se inverterem, de os valores do passado voltarem a ser atuais, de “começar tudo de novo”. Há a possibilidade de esta geração, cansada de tanto uso e abuso ilimitado, voltar a querer fazer tudo no tempo certo.
Como eu disse antes, não é possível prever o futuro. Mas é preciso estar preparado para o que viver. Não sabemos qual o futuro que nos espera, mas quando esse futuro chegar, ele não vai esperar que a gente se adapte.
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