segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Uma visão racional do amor – Parte II

“Por que a simplicidade daquelas palavras tinham o poder de embalar o seu mundo? Nunca mais ela perderia de vista o que realmente importava, nem por um dia, uma hora ou mesmo um minuto. Ela sabia de uma coisa agora, uma verdade profunda que se escondera dela durante toda a vida: o amor não era uma grande fogueira que penetrava na alma e ardia até impedir qualquer reconhecimento. Eram momentos cotidianos simples que se acumulavam sobre os outros feito tijolos, até formarem uma fundação tão sólida que nada podia derrubar. Nem o vento, nem a chuva. Nada.”
Obra "Casal de namorados", da pintora Vera Russi Mattar
(Trecho do livro “Para sempre”, de Kristin Hannah)



Imagine a seguinte situação: em um belo dia, ao checar sua conta bancária, você descobre que depositaram uma significativa quantia de dinheiro. Não sabe quem fez isto, mas de qualquer forma, é um bom dinheiro. Alguns dias depois, o feito se repete. Outros dias depois, você recebe mais dinheiro. E então você pensa: já tenho dinheiro suficiente para começar a criar meu próprio negócio. E assim você faz: dá o primeiro passo para a formação de seu próprio empreendimento. Quão inteligente você é?

Eu compararia o dinheiro, desta situação hipotética, com a paixão ou a atração, na vida real. É sensato apostar todas as suas fichas em algo que você não sabe direito o que é?, de onde vem?, por que existe? Eu, sinceramente, acredito que só faz sentido construir algo se for sob uma base sólida. E se esse dinheiro parar de aparecer na sua conta? Como você conseguirá capital para manter seu negócio? E se o coração parar de acelerar quando você vê o seu amor? E se você não sentir mais as pernas fracas quando o beija? Quais as chances de esse romance se tornar um relacionamento de sucesso?

Deixe-me ser muito honesta a respeito disso tudo: eu não conseguiria viver assim. É difícil ser feliz quando sua felicidade depende de algo que você não compreende, não sabe explicar. Se você não encontra lógica em uma coisa, é burrice desejá-la para o resto de sua vida. É burrice decidir dormir e acordar todos os dias com uma pessoa que você não sabe porque ama. Porque um dia você vai acordar e se pergunta: por que o amo? E, pior ainda: não saberá responder. Pior ainda: algum dia você vai se sentir estúpido porque colocou sua vida nas mãos de uma pessoa, simplesmente porque há anos atrás você não conseguia ficar ao lado dela sem tremer ou corar.

O verdadeiro amor tem razão de ser. O verdadeiro amor existe porque nasceu, cresceu, se desenvolveu e se consolidou. Ele é o produto de uma gama de atitudes, gestos, palavras e momentos que contribuem para a melhora de cada um dos lados de uma relação, cada um dos dois, e consequentemente, para a felicidade dos dois.

Sei que pareço recalcada ao escrever tudo isto; provavelmente deixei a impressão de que nunca passei por estas situações todas envolvendo a paixão e a magia, toda essa história de coração batendo rápido, borboletas no estômago e noites sem sono pensando no ser amado... Já passei por isso, sim. Foi legal. Mas sabem o que é legal de verdade? Hoje, vários anos após eu ter sentido todas essas coisas, poder olhar no rosto do meu namorado e saber exatamente porque o amo, porque estou com ele, porque somos felizes, e porque tenho a certeza de que a cada ano que passar seremos ainda mais felizes juntos. Isso sim é gratificante. 

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