sábado, 23 de abril de 2011

Até que o sexo esfrie: o que importa hoje em dia, em termos de relacionamentos

Amor, sexo e relacionamentos são temas frequentes aqui no blog, e nas ocasiões em que comento a respeito, costumo fazer críticas ferrenhas à atual geração de jovens e adultos. Bem, aqui estou eu novamente para criticar mais um pouco.

O que realmente importa, atualmente, nos relacionamentos amorosos, independente de serem entre homossexuais ou heterossexuais? O que as pessoas buscam ao relacionarem-se? Qual o verdadeiro desejo delas?

Eu ainda acredito em amor verdadeiro, companheirismo, lealdade e aperfeiçoamento mútuo; inclusive, estou muito certa de que este último é o principal objetivo da união entre duas pessoas que se amam, e todos os demais são, ou deveriam ser, os mais importantes componentes de um relacionamento de sucesso. Todavia, nada disso vem com rapidez, tampouco com facilidade. A solidificação de um relacionamento requer muito tempo e paciência... Coisas que ultimamente quase ninguém tem.

Em virtude da correria do dia a dia, os relacionamentos têm sido vistos única e exclusivamente como forma de diversão e prazer. Em consequência disso, personalidade, inteligência, bom humor, honestidade e todas estas características que em tese deveriam ser procuradas estão sendo preteridas em detrimento de... orgasmos. Sexo gostoso, isso é tudo que se busca hoje. Virtudes? Companheirismo? Quem ainda se importa com isso?“Ao fim de um longo dia de trabalho, de que serve uma pessoa incrível se ela não me fizer gozar?” O prazer físico vem muito mais rápido, e por este motivo, tem sido priorizado.

"Not everybody knows how to work my body,
Knows how to make me want it,
But boy, you stay up on it"
(Rihanna & Drake - What's my name)

"Nem todo mundo sabe como mexer com meu corpo,
Sabe como me fazer desejar,
Mas garoto, você nunca perde o pique"

Em “Sexed up”, canção que cabe perfeitamente para esta discussão, Robbie Williams canta sobre um relacionamento que esfriou, e dispensa sua parceira sem o menor pudor, deixando bem claro que a escolheu somente porque ela lhe proporcionava prazer, e da mesma forma, pode encontrar outra que o faça também, porque “nós não ficamos mais excitados um com o outro, e é isso que faz a diferença hoje”. A repulsa ao sentimento de pertencer a um relacionamento verdadeiro é notória (“Você diz que estamos fatalmente errados, mas eu estou entediado, tudo bem?”), e óbvio é também o fato de que pouco importa a personalidade da mulher: “É sábado, eu vou sair e encontrar outra você”, ou seja, todas são iguais, e se podem proporcioná-lo bom sexo, então isso é tudo que interessa (“Eu escolhi você, mas já está tudo gasto”). Em que pese o meu lamento pela situação em que se encontra nossa sociedade, mal posso condenar Robbie Williams por falar do tema com tanta honestidade – ele "é apenas o cantor", tal qual Belchior diz em "Eu sou apenas um rapaz latino americano".



Ressalvada a importância e os benefícios de uma vida sexual saudável e satisfatória, é realmente lamentável atestar o quanto o sexo tem servido de parâmetro para medir o sucesso de uma relação, sendo que, em vários casos, o sexo acaba sendo a única razão de ser de um relacionamento inteiro!

Outrossim, há algo sobre o que devemos refletir: o mesmo ritmo atribulado de vida que gera esta urgência em sentir prazer imediato, gera também a solidão e o vazio. Após tantas noites, tantos gozos e tantas conquistas, o que resta? Orgasmos são muito intensos, e como quase tudo que é intenso, acabam rápido. Quando eles passam, o que fica? Se nada fica, talvez seja hora de repensar esse estilo de vida.

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