Não estou a fim de ter tanta coisa pra fazer... Geralmente adoro ter agenda cheia, adoro rotinas produtivas, adoro chegar ao fim de um dia e reconhecer quanta coisa fiz. Mas hoje não...
Hoje eu quero ter tempo para alimentar as minhas outras paixões. As mais supérfluas, mas que nem por isso são inúteis. As que alimentam o outro lado da minha alma: o lado que precisa de beleza para viver, a despeito daquele que reconhece a necessidade do trabalho maçante.
Quase sempre esse sentimento vem quando estou ocupadíssima - pois quando estou livre, sinto falta de trabalho, sinto falta de ter coisas para fazer. Sou um ser humano, e nesta condição, quase nunca estou satisfeita. Quero ruído quando tenho silêncio, e vice versa. Não. Pensando bem, quero sempre ruído, mas ruídos diferentes. Alternadamente. Sempre. Preenchendo meu tempo.
A verdade é que, imatura que sou, quero o luxo de poder jogar tudo pro ar quando bem entender. Quero permissão para parar tudo, na hora que eu quiser, e servir apenas ao meu próprio interesse, seja ele qual for no momento em que me der vontade de fazer isso. Mas sei que a vida não é assim. O mundo não espera por mim, e destarte, não posso colocar na sala de espera tudo e todos que dependem das minhas atitudes.
Costumo pensar que o problema do fastio e da falta de brilho da vida seria facilmente resolvido caso todos pudéssemos dispor, todos os dias, de alguns momentos dedicados ao prazer e à auto satisfação, da maneira que melhor nos aprazasse. Mas pensando bem... Não sei se isso daria certo comigo. Minhas paixões não têm hora marcada para aparecer. Não consigo, pura e simplesmente, ser tomada por um grande sentimento e pedi-lo que fique quieto até chegar o momento em que posso vivenciá-lo com maior liberdade.
Então, o que fazer? Qual é a solução?
A solução, creio eu, é aprender a ser disciplinado e a organizar suas prioridades - ou, antes de tudo, saber reconhecer o que são prioridades! Afinal, por maior ou mais prazerosa que seja uma vontade ou uma paixão, não pode se sobrepor a um interesse maior, a uma prioridade propriamente dita. Certos interesses precisam ser colocados em segundo plano, às vezes, em detrimento de coisas mais úteis e/ou urgentes.
Outra coisa que ajuda é saber organizar o tempo, otimizar o tempo, aproveitar o tempo. Perdemos tanto tempo com coisas que não servem para nada, ou gastando mais tempo que o necessário com coisinhas que poderiam ser executadas com mais rapidez caso fossem melhor planejadas!
E a mim, resta começar a colocar tudo isso em ação e não deixar que permaneça apenas no campo das palavras bonitas, pois que a mera recitação de poesia, em um momento de tantas tarefas e compromissos a serem cumpridos, também é uma renegação de prioridades.
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