"What have I done?
You seem to move on easy...
And everytime I try to fly, I fall
Without my wings, I feel so small..."
('Everytime', Britney Spears)
"O que eu fiz?
Você parece seguir em frente facilmente...
E toda vez que eu tento voar, eu caio
Sem minhas asas me sinto tão pequena..."
Dói mais ver que não dói tanto no outro quanto em você. O ser humano inseguro sente-se a mais anormal das criaturas quando sente dificuldade naquilo que aos outros parece tão fácil.
“If equal affection cannot be,
Let the more loving one be me”
Let the more loving one be me”
(“Se a afeição não puder ser igual,
Deixe-me ser aquele que ama mais”)
Como nesse belíssimo trecho do ainda mais belo poema de W. H. Auden, "The more loving one", nem sempre o sentimento fica equilibrado. Há vezes em que uma das partes ama mais, e há vezes em que o rompimento de um laço é mais doloroso para uma das partes. Dói ser a parte que sofre mais. Dói além da própria dor do fim, porque machuca pensar que a outra pessoa sofre menos porque sentirá menos falta de tudo que acabou.
Parece ridículo e até pleonasmo, mas o fato é: sofrer dói. É doloroso sentir dor. Ademais do próprio motivo que gera o sofrimento, machuca saber que somos tão fracos a ponto de gastar nossas energias sofrendo, em vez de superar, seguir em frente ou simplesmente não deixar-se abalar.
Chora. Uma grande dor te punja e corte
E de prantos te inunde a face austera,
Já que uma dor pequena prantos gera
Na alma de um fraco, só, por que a suporte.
Certo, não torce um coração que é forte,
A dor que um frágil coração torcera;
Peitos de bronze, não; peitos de cera
É que a dor amolece desta sorte.
Prantos, bálsamo e alívio de quem chora,
Sejam frutos do amor, ou sejam frutos
Do ódio, bem haja a dor que os faz chorar!
Bem haja a dor que pôde, enfim, agora,
Na aridez desses olhos sempre enxutos,
Duas fontes de lágrimas rasgar.
("Bálsamos prantos", de Raimundo Correia)
Tendemos a encarar cada momento de sofrimento como um momento que deve ser “desfrutado” ao máximo para depois passar. Choramos tudo que podemos, e damos o problema por encerrado. Faltam forças e sabedoria para perceber que é momento de reavaliar as coisas, pensar nos porquês dos fatos, e não apenas lamentá-los.
Que importa se estamos sofrendo mais que os outros? Sentir-se o pior dos seres não nos coloca em uma posição melhor, de mais coitadinho, de mais merecedor da misericórdia e compreensão alheia. Quanto maior o fardo, maior o compromisso. E quanto maior o compromisso, maior deve ser a luta e o empenho para cumpri-lo.
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