A portuguesa Florbela Espanca já foi uma de minhas poetisas preferidas, e ainda hoje adoro ler seus sonetos. Há uma carga dramática em seus versos que acho muito interessante e comovente; o drama me agrada, sempre me agradou.
No entanto, hoje tenho muito mais auto-estima e gosto muito mais de mim mesma do que na época em que conheci e me apaixonei por Florbela Espanca. Hoje vejo como Florbela tinha um complexo de inferioridade. Apaixonava-se tão desesperadamente, encontrando no ser amado sua verdadeira razão de viver. Talvez não visse sentido na própria vida, precisava estar sempre agarrada a um sentimento para sentir-se viva. Dependia do companheiro emocionalmente. A meu ver, ela se sentia tão desprezável que precisava sentir o amor de alguém para atestar que valia alguma coisa; não posso interpretar de outra forma. Dependência emocional está sempre atrelada a falta de amor próprio.
Florbela não dava a si mesma o valor que tinha. Era uma mulher muito talentosa e certamente tinha virtudes, mas acho que não se via assim. Seu mais festejado poema, "Eu" é a maior prova disto. Há outro poema menos famoso, "Minha culpa", que também dá uma idéia perfeita do conceito que Florbela tinha de si mesma.
Suicidou-se. Pobre Florbela.
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