domingo, 31 de outubro de 2010

Livros que li no primeiro ano da faculdade – Parte I – “A paixão no banco dos réus”

Título: A paixão no banco dos réus – Casos passionais célebres: de Pontes Visgueiro a Pimenta Neves

Autora: Luiza Nagib Eluf

Edição: 3ª

Editora: Saraiva

Ano: 2007

Página do livro no Skoob: http://www.skoob.com.br/livro/15950


Li este livro por curiosidade, já que ainda estávamos longe de ter a disciplina Direito Penal (mais tarde, descobri que a área penal não me agrada muito).

A autora é procuradora de Justiça do Ministério Público do Estado de São Paulo, e grande estudiosa da área de direito penal, em especial no que se refere aos casos de crimes passionais e violência contra a mulher.

O livro é interessante, traz relatos de casos conhecidos e outros nem tanto, desde a época do Império até os dias atuais; foca-se na tese da “legítima defesa da honra” (hoje já não aceita pela doutrina e jurisprudência), defendendo sua inconstitucionalidade, em virtude da igualdade de direitos de homens e mulheres, garantida pela Constituição Federal de 1988. Fala bastante também das mudanças que ocorreram na sociedade em relação à figura da mulher, já que é ela a grande vítima na maioria dos casos de crimes passionais – e é sobre isto que quero falar neste texto.

Ao fim do livro, há uma entrevista interessantíssima com o criminalista Valdir Troncoso Peres, sobre a qual eu gostaria de destacar aquilo que ele aponta como uma espécie de antídoto contra a violência que uma mulher pode sofrer por parte de seu companheiro. Luiza e Valdir chegam à conclusão de que a independência financeira feminina diminui, em grande parte, os riscos que uma mulher tem de ser machucada ou assassinada pelo marido ou namorado. “O trabalho da mulher é uma proteção à violência”, diz o Dr. Valdir à pág. 252.

Impressionante ver o quanto damos valor ao dinheiro, até mesmo na seara dos relacionamentos!

O homem que sustenta a mulher nutre por ela um sentimento de posse (e aqui eu estou falando por mim mesma, influenciada pelo livro mas sem citar palavras dele), vendo-a como mais um de seus objetos. Sente-se dono dela. Por isso, quando ela o desaponta, o desobedece ou o trai, ele se sente no direito de eliminá-la. Faz sentido. Não é certo, mas faz sentido.

Este é um assunto que não pôde ser esgotado nesta obra e muito menos poderia sê-lo em um mero texto de blog, mas queria enfatizar que acho interessante ver como o aspecto econômico influencia as relações humanas. A traição, em todos os tipos de relacionamento, dói muito mais quando há dinheiro envolvido. “Gastei tanto por nada”, é o que a pessoa pensa. Só depois é que se lembra do tempo que gastou, do afeto, do apoio moral... Primeiro lembra-se do dinheiro. É como se fosse um investimento frustrado.

É como dizem: Quando mexem no seu bolso, a coisa é diferente. E é mesmo! Nesta hora vemos como somos mesquinhos, fúteis, imperfeitos. 

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