sábado, 23 de outubro de 2010

Parnasianismo

Meu estilo literário predileto é um dos que sofre mais preconceitos, se não for o maior. Afirmam que os poetas parnasianos preocupavam-se somente com a forma e não com o conteúdo. Eu discordo. Vejo no parnasianismo a mais perfeita combinação destas duas coisas, vejo a beleza plena, pois há beleza nos versos e também na essência por trás delas.

Gosto de sonetos, gosto de simetria, técnica e português perfeito, não vou negar. Mas dizer que não há sentimento em poemas de Olavo Bilac é, no mínimo, desrespeitar a obra de um verdadeiro gênio. Termino a postagem com um soneto dele entitulado "A montanha":


Calma, entre os ventos, em lufadas cheias
De um vago sussurrar de ladainha,
Sacerdotisa em prece, o vulto alteias
Do vale, quando a noite se avizinha:



Rezas sobre os desertos e as areias,
Sobre as florestas e a amplidão marinha;
E, ajoelhadas, rodeiam-te as aldeias,
Mudas servas aos pés de uma rainha.



Ardes, num holocausto de ternura…
E abres, piedosa, a solidão bravia
Para as águias e as nuvens, a acolhê-las;



E invades, como um sonho, a imensa altura,
- Última a receber o adeus do dia,
Primeira a ter a bênção das estrelas!

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