quinta-feira, 28 de outubro de 2010

A "precocidade" de Miley Cyrus

Esta história a gente já conhece: garota jovem, com rostinho bonito e boa voz inicia a carreira fazendo o estilo “bem comportada”, e algum tempo depois resolve se revelar, assumindo ser menos certinha do que parece. Foi assim com Britney e Christina (Hilary Duff tentou, mas acho que não deu muito certo), e tem sido com Miley Cyrus, a filha do cantor country Billy Ray Cyrus que estourou no mundo inteiro interpretando a Hannah Montana da série homônima da Disney.
Como toda contratada da Disney, Miley precisava posar de boa moça. Passada a sua fase de Hannah Montana, ela está livre para ser quem realmente é. De fotos picantes que caíram na Internet a videoclipes e performances nos quais ela tem aparecido cada vez mais ousada, Miley tem surpreendido.

Screencaps do videoclipe "Who owns my heart"; imagem retirada do site EGO 
O primeiro ponto a ser destacado é: o comportamento de Miley não difere nem um pouco do comportamento da maioria das outras garotas de sua idade. Há algum tempo atrás mocinhas de 15 anos mal sonhavam em dar o primeiro beijo, mas hoje em dia as coisas estão muito diferentes. Miley tem 17, e uma garota de 17 anos, na sociedade de hoje, já é uma perfeita mulher.

Mas, em que pesem todas estas observações, o problema é: para Miley, tudo aconteceu rápido demais. Em apenas 3 anos ela passou pela fase de fazer-se de santinha e já está na fase de auto afirmar-se como adulta e sensual. O que restará para ela fazer no futuro? O que mais ela terá para mostrar?

Não estou colocando em xeque o talento de Miley, eu gosto de sua voz e a acho carismática e estilosa; mas o problema é: será que tudo não está acontecendo rápido demais? Chegará um dia em que a ousadia de Miley não chocará mais (até porque, o que era ousado há 5 anos atrás hoje é absolutamente normal , ninguém se choca mais com cenas de seminudez ou homossexualidade nos videoclipes das cantoras pop, de tão comum que isto se tornou). E então, de que maneira ela atrairá os holofotes para si?

A menos que produza música realmente boa, creio que Miley terá dificuldades de manter-se em alta por muito tempo. Não que as suas canções atuais sejam ruins, agradam a mim, mas será que agradariam a tanta gente se estivessem desvinculadas de uma imagem detalhadamente projetada para chamar tanta atenção?

A indústria pop atual consiste nisso: não basta conquistar pelos ouvidos, é preciso ativar os outros sentidos também. Videoclipes bem produzidas, aparições baladas em festas e premiações, roupas legais, fofocas e polêmicas, marketing, marketing, marketing... Tudo isto é que nos leva a se interessar por uma celebridade e por seu trabalho. A arte pela arte quase não existe mais.

Não estou querendo dizer que hoje em dia não existam artistas talentosos, há muitos, e certamente há muita música do presente que está fazendo história e deixará grandes legados para o futuro. Só gostaria de enfatizar este novo aspecto da cultura pop, que transformou-se em uma cultura de celebridades, de estilos, de posturas cool; enfim, um pacote completo cuidadosamente montado para impressionar, atrair seguidores e vender, vender muito. E Miley Cyrus entrou neste meio muito cedo... Espero que ela tenha “cabeça” para conseguir lidar com isto. 

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