sábado, 16 de julho de 2011

Fracassados perante a sociedade, e vitoriosos perante Deus e a própria consciência



5:15: "O cara é um semi analfabeto... Eu posso ser como ele, rico e burro... Melhor que você, mãe. Estudou pra caramba e não se deu bem na vida." (João Victor, personagem de "Uólace e João Victor", episódio da série "Cidade dos homens", baseado em livro de Rosa Amanda Strausz)


É uma pena que a sociedade insista em valorizar quantidade em vez de qualidade, poder em vez de conhecimento, dinheiro e reconhecimento em vez de competência e honestidade. 

Nossa sociedade é frívola e preguiçosa, gosta de lucro fácil, não valoriza o esforço. Lamentavelmente, pessoas que prezam pela virtuosidade muitas vezes ocupam posições mais ingratas que as ocupadas por outros que buscam subir na vida por meio de artifícios fraudulentos e desonestos. E como se aplaude a desonestidade hoje! Fala-se tanto em corrupção, em políticos mau-caráter, mas no dia a dia, quem é que não usa de pequenos truques de esperteza para se dar bem?

É triste que estes valores estejam tão enraizados na cultura brasileira. Como consequência disto, temos esta sociedade que preza pelas aparências e pelos títulos, enquanto que valores como a educação e a cultura seguem sendo menosprezados.

Prova disso é o péssimo tratamento dado, tanto pelo Poder Público quanto pela própria comunidade, aos professores. Que mundo é este que não valoriza o profissional que dedica sua vida a transmitir conhecimentos e formar personalidades? 

Por conseguinte, os cursos de Pedagogia e Letras são vistos pela sociedade como "cursos de fracassados". Direito, Medicina, Engenharia, estes sim são bons. Dão dinheiro. Dão ao profissional o estigma de "doutor". É só isso que importa, hoje em dia. Ah, que sociedade mais mesquinha!

A sociedade tem preguiça de pensar, de refletir, de formar opinião. Prefere tudo que vem mastigado, pronto, fácil. 

E pensar que, na época da ditadura militar, o governo proibia que se ensinasse filosofia e sociologia nas escolas, por medo de libertar as mentes, por medo de que o povo pensasse por si próprio e deixasse de ser alienado; e hoje, pelo contrário, o ensino destas disciplinas é obrigatório, e ninguém dá valor! As ciências humanas são tratadas como desnecessárias, as aulas ministradas são empurradas com a barriga. Dizem que filosofia, sociologia, antropologia, não levam a lugar algum. Que não dão dinheiro. Que quem estuda estas ciências é louca.

Será que não pensam que a filosofia é a mãe de todas as ciências? Que quem não filosofa não é capaz de se autodeterminar, de formar suas próprias ideias? Será que não entendem que é preciso compreender o mundo em que se vive, em vez de simplesmente levar a vida sem razões, planos ou princípios?

Tudo é uma questão de valores. As pessoas não dão o devido valor às artes, à cultura, à leitura, à educação, à gentileza, à honestidade, aos bons modos... As crianças crescem, assimilam estes conceitos, engravidam irresponsavelmente de alguém que mal conhecem, e aí nasce mais um rebento para assimilar estes conceitos e perpetuar esse ciclo vicioso de futilidade. É uma bola de neve! 

O que me consola, e deve também servir de consolo a todos que insistem em "nadar contra a maré", é que as virtudes têm valor aos olhos de Deus, e que colheremos os frutos das sementes que plantamos - ainda que não nesta vida. Boa parte da sociedade não está preparada para compreender isto, mas chegará o dia em que os homens bons serão recompensados por persistirem na virtude, por defenderem a educação, por lutarem por seus ideais. 

Que importam os aplausos fúteis? De que valem os elogios de quem não é capaz de pensar por si só, quanto menos admirar um bom trabalho? Mais vale ser um fracassado perante a sociedade, mas estar em paz com a própria consciência e ser homem de valor perante Deus, que o contrário.

Mede-se a imaturidade de uma sociedade pela futilidade de seus ídolos. Devemos, então, refletir, se é este tipo de reconhecimento que almejamos.

"Que o sincero trabalhador do Cristo, portanto, saiba operar sem a preocupação com os juízos errôneos das criaturas. Jesus o conhece e isto basta." (Emmanuel, na lição "O problema de agradar", do livro "Pão nosso", psicografado por Francisco Cândido Xavier)

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