A maioria das pessoas vive como discípula de Gabriela: "Eu nasci assim, eu cresci assim, eu sou mesmo assim, vou ser sempre assim". Acham bonito dizer que "sou assim e não vou mudar". E ainda exigem: "quem quiser gostar de mim, tem que gostar do jeito que eu sou".
Certamente crêem que estes chavões são indicativos de personalidade forte. Com todo o respeito, a mim mais parece teimosia e ignorância.
Só mesmo uma pessoa muito teimosa pode querer estar presa às próprias raízes, sem considerar qualquer possibilidade de corrigir os próprios erros.
Só sendo muito orgulhoso para não dar o braço a torcer, não reconhecer os próprios defeitos e não estar disposto a mudar, mudar para melhor.
Só sendo muito "cabeça dura" para preferir "morrer assim", só porque "nasceu assim" e "cresceu assim".
Com todo o respeito pela composição de Caymmi e por todos que achem bonito repetir esses bordões, digo apenas: mostrar-se inclinado a mudar, a rever posturas, a reconsiderar decisões e repensar o seu próprio jeito de ser, não é sinal de fraqueza; é sinal de grandeza. Os teimosos é que são fracos, crianças birrentas sem coragem de dar a cara a tapa e assumir os próprios erros, preferindo justificá-los com o argumento de que fazem parte de sua própria natureza.
Juscelino Kubitschek uma vez disse: "Volto atrás, sim. Não tenho compromisso com o erro". São palavras de muita sabedoria, a meu ver. Não são, Gabriela?
"Segundo a idéia falsíssima de que lhe não é possível reformar a sua própria natureza, o homem se julga dispensado de empregar esforços para se corrigir dos defeitos em que de boa-vontade se compraz, ou que exigiriam muita perseverança para serem extirpados. E assim, por exemplo, que o indivíduo, propenso a encolerizar-se, quase sempre se desculpa com o seu temperamento. Em vez de se confessar culpado, lança a culpa ao seu organismo, acusando a Deus, dessa forma, de suas próprias faltas. E ainda uma conseqüência do orgulho que se encontra de permeio a todas as suas imperfeições.
(...)
Compenetrai-vos, pois, de que o homem não se conserva vicioso, senão porque quer permanecer vicioso; de que aquele que queira corrigir-se sempre o pode. De outro modo, não existiria para o homem a lei do progresso. - Hahnemann. (Paris, 1863.)."
(O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo IX, "A cólera")
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