sábado, 23 de julho de 2011

O doce sabor do lar

Depois de tantos anos repetindo os mesmos horários e programas, pude agora, enfim, tirar um tempo para apreciar a simples passagem do tempo. Mal sabia que estava com saudade de passar o tempo assim. Que delícia é poder simplesmente ser, simplesmente estar, viver as coisas como elas sempre foram!

Ah, a vida era tão boa. E eu sabia. Aproveitei, vivi cada minuto. A diferença é que, hoje, o contraste é tão grande que as lembranças tornam-se ainda mais doces.

Eu tinha pouco ou quase nada com que me preocupar. Mentira, eu tinha. Doces preocupações! Mas não me preocupava tanto com viver: eu simplesmente vivia. Estava aqui, daqui a alguns minutos acontecia algo e eu poderia estar ali. E amanhã, tudo de novo. Porque eu havia quem se preocupasse com tudo. A mim, restava viver.

São coisas simples que fizeram parte da vida, e que até mesmo fizeram-me formar meu próprio conceito de estilo de vida, e que, com o advento do tempo e da maturidade, vão se perdendo, vão deixando de ser prioridade, vão deixando de ser prazer e tornando-se mera parte do dia. 

Eu fico grata por ter essa oportunidade. Estava precisando disto. Não é que não estivesse gostando da minha nova vida. Mas que mal tem em, nem que seja apenas uma vez por ano, poder sentir de novo os sabores da antiga? Daquela vida que eu vivia antes de ter verdadeira noção do que é viver. Ternos tempos que não voltam...

Pão com frutas ao acordar. Um CD tocando no quarto. Um perfume de mãe no ar. Uma poesia apreciada ao frescor da manhã. Arroz com feijão quentinhos, um bife suculento e uma salada com cores vibrantes. Um bom romance em preto e branco depois do almoço. Deitar-se no sofá ao cair da tarde. Um café, ao pôr do sol. Um papo com a mãe. Uma piada do pai. Um capítulo da novela, à noite. Um travesseiro fofo e um lençol  com cheiro de amaciante, no fim do dia. A simples satisfação de ter um lar, no fim de tudo.

Foi tudo perfeito. É, agora, a oportunidade perfeita para estreitar laços, passar por cima das desavenças e reviver os momentos felizes. Não, reviver não é a palavra correta: os momentos agradáveis devem ser recriados. Todos os dias.

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