sábado, 16 de julho de 2011

"Songs in A minor": 10 anos depois, a mesma classe e frescor

Em 2011 são completados 10 anos do lançamento do álbum de estréia da cantora, compositora e pianista Alicia Keys, "Songs in A minor".

Lembro-me de quando minha irmã ganhou esse CD. Eu não o queria, mas ela queria muito, e então pediu para que minha mãe comprasse. Com 11 anos de idade, eu já sabia que era um álbum cheio de composições maduras e de bom gosto, mas ainda não me julgava preparada para gostar desse tipo de música. Fiquei admirada com o fato de minha irmã, mais nova que eu, querê-lo. 

E, de fato, alguns anos foram necessários para que eu soubesse apreciar a sofisticação e a beleza das canções de "Songs in A minor". Dez anos depois, ainda é um álbum deleitoso. Suas canções nunca perderão o brilho, pois quem as fez bebeu diretamente da fonte, buscou inspiração nas origens e nos clássicos da black music, e tudo que vem da raiz não fica velho, pois a raiz é a essência.

Esta inspiração fica muito clara em canções como "Lovin' you", a última faixa, a qual vem escondida dentro da faixa "Caged bird" (que, diga-se de passagem, também é lindíssima). A influência de Aretha Franklin é mais que notável, afinal, a faixa até mesmo lembra o grande sucesso "You make me feel like a natural woman", embora seja menos aberta, mais introspectiva, mas igualmente apaixonada e bela.


A canção que fez o mundo voltar seus olhos para Alicia é a pungida e bem feita "Fallin'", o primeiro single. O site "Miolão" conceituou esta canção como "um clássico moderno" (fonte: http://www.miolao.com/blog/nosom/3-momentos-alicia-keys/), termos com os quais concordo, sem fazer qualquer ressalva. Gerações futuras ouvirão "Fallin'" e pensarão que, em 2001, a black music ainda estava em sua melhor forma.

Nas conjugadas "Never felt this way" (composta por Brian McKnight, que dá seu ímpar toque de romantismo à balada) e "Butterflyz", Alicia mostra porque merece destaque em meio a tantos artistas atuais que tentam vender uma imagem dissociada de suas personalidades: Alicia se entrega ao que está cantando, é verdadeira, sincera, não tem medo de se expor. Fala sobre suas fragilidades, abre sua alma, canta com dor e sentimento.

Outra coisa que merece ser evidenciada é o talento de Alicia Keys como pianista. Há canções cujo instrumental baseia-se unicamente no piano, e talvez por isso, a emoção e a singularidade da canção fica ainda mais enfatizada. 

Nas outras, o que se vê é o delicioso suíngue do rhythm and blues, o qual Alicia defende piamente neste seu álbum de estréia, sem muitas infusões de outros gêneros musicais: "Songs in A minor" é a black music pura. "How come you don't call me", composta por Prince, é exemplar desta característica, e nos remete aos grandes mestres do passado, como Etta James e Stevie Wonder.


Destaco ainda as profundas "The life" e "Why do I feel so sad", que assim como "Troubles", são uma delícia de se escutar.


Por fim, seria um pecado não citar o segundo single do álbum, "A woman's worth", cuja letra é tão forte e bonita que nem precisava ser acompanhada por uma pegada de rhythm and blues tão típica e gostosa.

Em suma, não é de se estranhar que "Songs in A minor" tenha rendido a Alicia Keys 5 prêmios Grammy, em 2002, e esteja hoje merecendo homenagens que incluem um relançamento. Ah, e sem mencionar que o álbum vendeu mais de 12 milhões de cópias no mundo todo - e uma delas está no CD player do meu carro.

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