terça-feira, 12 de julho de 2011

"Não me subornaram, será que é o meu fim?"

De repente, não me sinto mais tentada. Não tem sido muito difícil resistir a tudo que antigamente me oferecia perigo. Se antes minha luta era para controlar impulsos, hoje mal encontro esses impulsos em mim. 

Não... Estou enganada; não foi de repente. Tudo isso é fruto de meses e meses ensinando a mim mesma que não devo cair em tentações. Foram dias e dias me policiando, educando meu cérebro, dizendo a mim mesma que posso, mas não devo. Foi difícil, no início. Hoje, todavia, tem sido tão fácil que começo a me estranhar.

Se por anos eu pude me definir como alguém que depende de certas coisas para viver, quão surpresa não estou estou em saber que, ademais de não mais ser dependente, ainda por cima consigo passar por elas sem precisar conter qualquer ímpeto de me entregar a elas!

Quem é esta nova eu? Como é possível que eu não mais sucumba? 

No idioma espanhol, há uma palavra que considero muito interessante: botín; que quer dizer: aquilo que o vencedor da guerra leva do perdedor. Pois bem; na vida, muitas vezes o botín que fica, após uma árdua conquista, também nos obriga a nos reposicionar perante as situações às quais estamos acostumados. É necessário adotar uma nova postura; afinal, somos agora novas pessoas - e, é bom frisar, pessoas melhores. 

É curioso, quase engraçado, não mais me afirmar perante a sociedade como aquela pessoa outrora por ela conhecida, com aqueles hábitos tão típicos e todas as peculiaridades que sempre foram meu cartão postal. As coisas, porém, agora são diferentes - melhores! E talvez seja complicado apresentar essa nova pessoa para toda a sociedade... Mas se ela é tão melhor que a outra, por que devo ter vergonha?


"Já sei olhar o rio por onde a vida passa

Sem me precipitar, e nem perder a hora
Escuto no silêncio que há em mim e basta
Outro tempo começou pra mim agora"
("Pra rua me levar",  Ana Carolina)



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