Como o nome do blog diz respeito a filhos, decidi iniciar falando sobre Glee porque recentemente adquiri os DVDs da primeira temporada e o motivo que me fez querer comprá-los (além do meu consumismo, é claro) é: definitivamente, este é o tipo de coisa que vou querer assistir com meus filhos. Este é certamente o legado que quero deixar: boa música, boas histórias, sentimentos, lições. Cultura pop, superação, amor, amizade, luta. Porque Glee é tudo isso.
Eu costumava acompanhar seriados há uns anos atrás e parei por falta de tempo, mas para Glee eu tive que arranjar um espaço na minha rotina. Havia lido em vários lugares sobre uma certa série com temática musical que estava fazendo muito sucesso e, como 90% das pessoas, logo achei que seria uma espécie de High School Musical – que aliás, eu também gosto, hehehe... E, sem ofensas a HSM, mas Glee é mais. É mais real, mais humano, mais completo, e tem muito mais enredo. É mais comédia, é mais drama, mais música.
E a música é provavelmente o grande motivo de eu ter me tornado fã de Glee, pois tenho noção de que certamente há outros seriados por aí com grandes roteiros, grandes histórias e grandes atuações. Mas acontece que música me emociona, e em Glee, emociona muito mais.
Eu poderia escrever milhares de linhas sobre as qualidades do seriado, sobre os meus números musicais prediletos, sobre como os episódios 13 e 22 são emocionantes e totalmente dignos de lágrimas (são mesmo! Mas só para quem acompanha desde o início, não adianta assisti-los logo de cara, é preciso ver desde o primeiro), sobre como as atuações são todas incríveis, sobre como adoro os gritos da Rachel (Lea Michele) e da Mercedes (Amber Riley) – porque eu amo cantoras que gritam... Mas, para não me estender tanto, decidi falar sobre um personagem em especial: o protagonista William Schuester, brilhantemente interpretado por Matthew Morrison, cujo trabalho rendeu uma indicação ao Emmy deste ano.
Escolhi uma foto triste porque o que tenho para falar do personagem Will é triste. O Will é o típico professor que dá aulas porque gosta, mesmo sabendo que se ganha mal; que acredita nas pessoas e nas coisas, mesmo quando tudo conspira contra; que luta para conseguir o que quer, mesmo quando sabe que praticamente não há chances de vencer... Enfim, o Will é um cara que prefere o caminho mais limpo ao caminho mais fácil.
Eu vejo no Will um reflexo de várias pessoas que conheci na vida, em especial alguns professores que tive; e certamente há muitas outras pessoas assim espalhadas pelo Brasil e pelo mundo. Mas no Brasil, especialmente no Brasil, pessoas como o Will merecem ainda mais mérito. Nosso país, não obstante todas as qualidades que tem, não valoriza a educação, a cultura – e nem estou falando de governo, estou falando do povo mesmo. Professores são mal pagos e, pior que isso, mal tratados diariamente pelos alunos, pelos chefes, pelos pais de alunos, enfim, pela comunidade como um todo. Como filha de uma professora e aluna sempre muito próxima da realidade interna de uma escola, sei muito bem do que estou falando. Não é fácil ser professor.
E, apesar de todos estes problemas e empecilhos, ainda há professores que amam fazer o que fazem e fazem bem feito; ainda há pessoas que de fato entram numa sala de aula para tentar passar algo bom para seus alunos, que estão verdadeiramente preocupados em construir uma sociedade melhor, em formar cidadãos, em serem especiais na vida daqueles que permitem isso. Nas escolas em que estudei praticamente todos os professores e demais educadores e profissionais eram assim, e devo a estas pessoas boa parte do que sou e do que aprendi; contudo, estou ciente de que hoje talvez este tipo de gente seja minoria.
E por estes motivos eu acho o Will Schuester um grande personagem. Ele é um ser humano, como outro qualquer, que comete erros e toma decisões erradas (como ele fez bastante ao longo da primeira temporada e agora, mal iniciada a segunda, já fez também), mas ele tem coração e tem ideais. Está sempre esbarrando em obstáculos, estes malditos e até necessários obstáculos que surgem na vida de quem quer fazer as coisas do jeito certo, mas no fim, não se deixa vencer e segue em frente com as coisas que acredita, tentando passá-las para as pessoas à sua volta.
A atuação de Matthew é perfeita, e mesmo quando ele não diz nada, eu vejo no olhar e no rosto dele as mesmas expressões que vi tantas vezes nos rostos dos meus professores quando eles tentavam trabalhar direito e eram impedidos por aqueles que não reconheciam (e até hoje provavelmente não reconhecem) o valor de uma vida levada à sério, o valor do aprendizado, não só o aprendizado científico mas também aquele que se adquire com a vida e a experiência – experiência que eles tantas vezes tentavam passar, mas não eram ouvidos.
Enfim, a todos os Williams Schuesters da vida real fica o meu agradecimento e os meus sinceros votos de que não se deixem abater pelas dificuldades... Que continuem fazendo o seu trabalho porque certamente serão reconhecidos, e porque o mundo precisa de pessoas assim. Ah, e quem assistiu Glee vai entender o porquê da foto abaixo; com certeza é uma das cenas mais lindas e emocionantes deste seriado (e, por que não?, de todos os seriados) e vem a calhar perfeitamente com tudo que escrevi.
Um comentário:
Há muito anos eu não assistia a series, mas como 90% das pessoas que achavam que era só mais um "HSC" eu fui assistir glee. Gostei muito do realismo da série mas também do tom idealista, e outra, acho que uma das grandes sacadas da série é o Will, como você mesma citou.
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